Comando de Greve dialoga com estudantes do CCNE
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Atualizada em
05/06/12 16h26m
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Reunião nesta segunda abordou precarização do ensino
No fim da tarde desta segunda, 4, os estudantes do Centro de Ciências Naturais e Exatas (CCNE) da UFSM realizaram assembleia. Os assuntos discutidos foram os movimentos de greve dos docentes e dos estudantes e, para esclarecer o segmento discente acerca das reivindicações dos professores, esteve presente o membro do Comando Local de Greve (CLG), professor Adriano Figueiró.
Inicialmente, os Diretórios Acadêmicos dos cursos do CCNE deram informes da mobilização em seus cursos e, após, foram lidas as reivindicações estudantis elencadas pelo Comando de Greve.
O representante do CLG, Adriano Figueiró, frisou que, com a valorização docente precarizada pelo poder público, a universidade abarca docentes que adquirem o perfil de empreendedores. "Estamos lutando pela qualidade do ensino, porque professor com salário baixo e carreira defasada fica vulnerável ao mercado e isso afeta os estudantes”. Figueiró lembrou, também, das pesquisas de caráter privado realizadas em patrimônio público e de como elas afetam a natureza e a qualidade do ensino.
“Quando lutamos por condições de trabalho, é porque queremos expansão, mas expansão com qualidade. Não queremos ser um colegião. Não podemos permitir que existam cursos com professores substitutos pra cobrir vagas não repostas”, diz o professor sobre o Reuni, que ampliou o acesso ao ensino superior sem destinar o orçamento necessário para que isso se concretizasse com qualidade.
Ao fim, ponderou que os professores têm de respeitar a decisão da categoria, pois greve é deflagrada a partir de uma decisão coletiva. Os estudantes do CCNE foram chamados a participar do ato na reitoria da UFSM, nesta quarta-feira, 6.
Neste dia, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) da UFSM se reúne, às 14h, para discutir o quadro de greve nas federais e a possível suspensão do calendário acadêmico.
Denunciando a negligência do governo federal no que tange às negociações dos docentes, o professor do departamento de Física, Orimar Antonio Battistel, salientou que, desde janeiro, quando da morte de Duvanier Paiva Ferreira, o governo federal não nomeou um interlocutor para dialogar sobre o plano de carreira. "Isso é descaso, má fé ou incompetência mesmo. O governo podia ter aberto um canal de negociação", disse o professor.
Ele lembrou que o prazo para envio da previsão orçamentária de 2013 é o mês de agosto e que, caso os docentes não deflagrassem a greve, o governo poderia adiar a negociação ainda mais e forçá-los a aceitar propostas não benéficas para a categoria pouco antes de o prazo terminar.
Acompanhe a seguir as pautas local e nacional dos estudantes:
LOCAL
Assistência estudantil:
- Teto para acesso ao benefício socioeconômico de um salário mínimo e meio, como determinação do Programa Nacional de Assistência Estudantil;
- Internet de qualidade na Casa do Estudante Universitário II e internet e todas as outras CEUs;
- Direito a recurso na solicitação de Benefício Sócio Econômico;
- Ampliação do quadro de servidores do Núcleo de Apoio Pedagógico no CESNORS; criação de uma secretaria da PRAE em todos os campi;
- Ampliação das CEUs no CESNORS;
- Mesmos critérios para acesso à assistência estudantil em todos os campi;
- Maior tempo para a utilização pública e gratuita da estrutura do Centro de Educação Física e Desportos;
Democracia na universidade:
- Paridade entre estudantes, professores e técnicos administrativos em todos os Conselhos e Colegiados nas universidades;
- Definição de data para a realização de um Congresso Estatuinte paritário na UFSM;
Expansão com qualidade:
- Sala de estudos 24h com laboratório na Biblioteca Central;
- Garantia de acessibilidade em todos os espaços da universidade
- Agilidade nas obras da universidade;
- Mais laboratórios e melhoria dos laboratórios atuais;
- Prédios que abriguem toda a estrutura da Arquitetura, Comunicação Social e outros cursos em situação semelhante;
- Prestação de contas da implantação do REUNI na UFSM até o fim da greve;
- Contratação de mais professores efetivos, em especial para os cursos do REUNI, do CESNORS e da UDESSM;
- Transporte inter-campi gratuito;
Formação humana e profissional:
- Avaliação dos professores pelos estudantes; criação de um programa de formação didática para os professores da universidade;
- Discussão dos critérios de avaliação da produção científica; crítica à meritocracia baseada no produtivismo acadêmico;
- Curricularização da Extensão, com 25% da carga horária da graduação contemple a extensão;
- Contratação de professores de Libras e criação de DCGs de Libras para todas as áreas de conhecimento;
- Criação de DCG's interdisciplinares;
- Criação de uma DCG interdisciplinar de Trabalho em Saúde;
- Construção de novas bibliotecas e ampliação dos acervos já existentes
NACIONAL
- 10 % do PIB para a educação pública;
- Contra a Medida Provisória 568, que mutila Plano de Carreira dos servidores, reduz a insalubridade dos trabalhadores das Universidades e ainda corta ao meio o salário dos médicos;
- Ampliação dos recursos do Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) e democracia na gestão da Assistência Estudantil;
- Contra o atual projeto de Plano Nacional de Educação, porque ele tem como meta somente 7,5% do PIB até 2020 e deve ter mais investimentos em educação pública;
- Pela mudança do Artigo 56 da Lei de Diretrizes e Bases da Educação; por paridade nos espaços de decisão das Universidades;
- Contratação de técnico-administrativos por Regime Jurídico Único; pelo fim das terceirizações.
Texto e foto: Bruna Homrich (estagiária)
Edição: Fritz R. Nunes (SEDUFSM)