Governo francês aumenta impostos de bancos e ricos
Publicada em
09/07/12 11h49m
Atualizada em
09/07/12 11h51m
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Professores da UFSM avaliam medidas tomadas pela França
O novo governo socialista da França, liderado por François Hollande, anunciou na última quarta (4), uma série de aumentos de impostos no valor de 7,2 bilhões de euros, incluindo um imposto pesado sobre a renda das famílias e grandes corporações, para cobrir um déficit de receita este ano diante do fraco crescimento econômico.
A avaliação sobre essas medidas são vistas de forma diferente por professores da UFSM. Sérgio Prieb, do departamento de Ciências Econômicas, acredita que taxar as grandes fortunas e os bancos é uma forma de dividir a conta da crise, normalmente assumida apenas pelos trabalhadores. Diorge Konrad, do departamento de História, considera positivo que as grandes fortunas e os mais ricos sejam taxados, mas considera que isso não resolve os problemas relacionados à crise do capitalismo. Já o professor Ricardo Rondinel, também do curso de Economia, é favorável a que os ricos paguem mais impostos, mas analisa que, no Brasil, o momento para se taxar as grandes fortunas seria em um processo de crescimento econômico, e não agora, em que se vive uma retração.
Na França, foi criado um tributo único de 2,3 bilhões de euros sobre aqueles com renda líquida superior a 1,3 milhão de euros e 1,1 bilhão de euros em impostos extraordinários sobre grandes bancos e empresas de energia detentoras de ações de petróleo. Essas foram as partes centrais do orçamento alterado para 2012 apresentado ao Parlamento antes da votação no final de julho.
François Hollande, no poder desde meados de maio, diz que os ricos devem pagar sua parcela, na medida em que a França luta para cortar seu déficit público de 5,2% do Produto Interno Bruto (PIB) no ano passado para 4,5% este ano e 3% em 2013, apesar da estagnação da economia e do aumento da dívida.
Ousadia
Para o professor de Economia, Sérgio Prieb, ao contrário do governo de direita (Sarkozy) derrotado nas últimas eleições, o atual (Hollande) não está jogando a conta somente para a classe trabalhadora. Prieb diz que “a taxação sobre o capital e sobre as grandes fortunas é uma medida ousada” e isso deve levar a que sofra pressões internas externas. O comportamento do governo em relação a essas pressões será decisivo para a manutenção de sua popularidade junto aos trabalhadores franceses que o elegeram, analisa o professor. Ele destaca ainda que, no Brasil, medidas como essa tem uma reação imediata. Recentemente, o lobby organizado pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) conseguiu barrar a Contribuição Social das Grandes Fortunas (CSGF) na Comissão de Seguridade Social da Câmara dos Deputados.
Democratização
Na compreensão do professor de História, Diorge Konrad, “a taxação maior para as grandes fortunas, em qualquer reforma tributária, são importantes para democratizar economicamente uma sociedade burguesa.” Contudo, ressalta ele, “a taxação do capital apenas diminui as taxas de exploração da mais-valia, não impedindo a exploração do capital e a acumulação do mesmo, nem sua reprodução”. Para Konrad, “é necessário, cada vez mais, uma sociedade para além do capital".
Recuperação econômica
Ricardo Rondinel, professor de Economia, analisa que “não é impondo mais impostos aos ricos que haverá recuperação da economia”. Segundo ele, “a recuperação do crescimento econômico depende mais de medias internas do que de externas”. Explica Rondinel que “a situação externa é de crise, de retração do consumo e de investimentos.”
Portanto, diz ele, no momento cabe incentivar o investimento, o consumo e proteger o mercado interno. Acrescenta que “medidas protecionistas são necessárias no curto prazo e, numa situação de crescimento econômico, a imposição de impostos aos ricos faria sentido”. Mas, isso só poderá ser feito, destaca ele, a partir de um consenso da base de apoio ao governo federal.
Rondinel não acredita que, em uma conjuntura eleitoral, uma medida como a taxação dos mais ricos possa ser aprovada no Brasil. Segundo ele, “os problemas do Brasil são diferentes dos vividos pelos países mais desenvolvidos, hoje em crise”.
Texto: Fritz R. Nunes com informações da Agência Estado
Foto: fnesi.org
Assessoria de Imprensa da SEDUFSM