Cerca de 500 docentes participam da Marcha a Brasília SVG: calendario Publicada em 19/07/12 14h09m
SVG: atualizacao Atualizada em 19/07/12 14h09m
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Proposta apresentada pelo governo foi duramente criticada

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Ao todo cerca de 20 mil pessoas estiveram na marcha

A coluna organizada pelo ANDES-SN e pelo Comando Nacional de Greve (CNG) na Marcha a Brasília, realizada nesta quarta-feira, 18, contou com a participação de cerca de 500 professores de todos os cantos do país. A insatisfação dos manifestantes com a proposta apresentada pelo governo era um sentimento comum entre os manifestantes.

“É uma proposta ruim, que desune a categoria ao conceder percentuais diferenciados”, criticou a professora do Instituto de Nutrição da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Maria Auxiliadora Santa Cruz Coelho. Apesar de ser professora titular, o que a coloca na classe mais beneficiada com a proposta, Maria Auxiliadora discorda do que foi apresentado. “Pouco conseguem ser titulares, que representam menos de 5% dos professores na maioria das instituições. Tive mestres brilhantes que nunca conseguiram uma cadeira de titular, que só é aberta quando outro professor morre”, criticou a docente, contabilizando em seguida que “a proposta, como está, não cobre nem a inflação para alguns colegas”.

Irmã de um desaparecido político, a professora da UFRJ lutou contra a ditadura militar ao lado de muitos que hoje estão no atual governo e não se conforma com a direção tomada pelo Palácio do Planalto. “A classe trabalhadora apostou nessas pessoas e hoje está decepcionada. Um exemplo é o que o governo tem feito com a saúde, por meio da Ebserh (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), que privatizou os hospitais públicos universitários. No lugar das pesquisas acadêmicas, a Ebserh vai tratar a saúde como mercadoria, e isso com o dinheiro público”, criticou.

A professora Silma do Carlo Nunes, da Universidade Federal de Uberlândia, está aposentada há dez anos e hoje trabalha na iniciativa privada. “Infelizmente, muitos professores aposentados estão sendo obrigados a dar aulas em universidades particulares para complementar renda. Estamos colocando à disposição da iniciativa privada, todo o conhecimento que acumulamos e as pesquisas que realizamos na universidade pública”, lamentou. Sobre a proposta, a professora Silma não poupou críticas. “Ela é péssima, pois não aproveita nada do que foi proposto pelo ANDES-SN. Além disso, não podemos negociar agora o que será aplicado a nossos salários daqui a três anos”, argumentou.

Para o professor de economia da Universidade Federal Rondônia, Edílson Lobo, a proposta do governo pode ser classificada como indecente. “Foi uma forma sórdida de o governo ludibriar a boa vontade dos professores, pois passa para a sociedade que a proposta é interessante, quando, após descontada a inflação, algumas classes poderão ter perdas salariais”, calculou.

A marcha também contou com a participação dos deputados Chico Alencar (PSOL/RJ), Érica Kokay (PT/DF) e Vicente Silestre (PSB/RS). Todos elogiaram a capacidade de mobilização dos servidores, declararam apoio à greve e cobraram do governo a abertura efetiva das negociações.

Cerca de 20 mil pessoas estiveram na marcha

Além dos docentes, diversas outras categorias do funcionalismo público estiveram presentes em uma mobilização que demonstrou a ampliação e a força do movimento. Além dos servidores, estudantes também participaram da atividade. Ao todo, calcula-se que cerca de 20 mil pessoas ocuparam a Esplanada do Ministério, exigindo do governo negociações efetivas. “Essa belíssima Marcha que realizamos hoje é resultado da indignação dos servidores públicos federais pela falta de compromisso do governo com as políticas sociais, especialmente com a educação e a saúde”, afirmou a presidente do ANDES-SN, Marinalva Oliveira, em discurso durante a Marcha.

Com início às 9h, logo em seguida, às 11h, os manifestantes já ocupavam toda a extensão da Esplanada, da Catedral de Brasília até a Praça dos Três Poderes. Ao meio dia chegaram ao Bloco K, onde fica o Ministério do Planejamento. Neste momento, foram estourados fogos de artifício por mais de cinco minutos. “Esses fogos são para os caravaneiros, que deram uma demonstração de luta e disposição e fizeram de hoje um dia vermelho na luta dos servidores públicos”, disse o representante da CUT, Pedro Armengol.

Negociações com a polícia

Como ocorre comumente nas marchas realizadas em Brasília, o carro de som foi estacionado em frente ao Congresso Nacional enquanto os manifestantes desceram para a Praça dos Três Poderes. Ao chegar em frente ao Palácio do Planalto, contudo, os manifestantes foram impedidos de prosseguir. A coluna do ANDES-SN, presente nas primeiras fileiras, passou então a negociar com o comando da Polícia Militar. “Dissemos que hoje não haveria retenção em frente ao Palácio do Planalto, mas que a Marcha passaria pela Praça dos Três Poderes, contornando-a em direção ao Ministério do Planejamento como fizemos em outras oportunidades. Depois de argumentarmos, eles permitiram a nossa passagem”, informou a 1ª secretária do ANDES-SN, Marina Barbosa, que participou das negociações com a polícia.

Durante todo o trajeto, foi preciso uma negociação constante com os policiais. Quando a Marcha estava chegando em frente ao Bloco K, onde fica a sede do Ministério do Planejamento, quase toda a extensão da via foi demarcada com carros da polícia. A todo o momento, os responsáveis pelo carro de som pediam para os manifestantes não provocarem e nem aceitarem provocações dos policiais.

Dia Nacional de Lutas

Durante a Marcha, os representantes da CSP-Conlutas, CUT e CTB, as três centrais sindicais que apoiaram a atividade, anunciaram para o próximo dia 2 de agosto um Dia Nacional de Luta de todos os trabalhadores e movimentos sociais em apoio ao movimento dos servidores. “A luta dos servidores é de toda a classe trabalhadora e por isso essas três centrais convocam seus filiados a realizarem atos públicos, por todo o país, em defesa da causa do serviço público”, afirmou o representante da CSP-Conlutas, José Maria de Almeida, completando que os servidores não aceitam o “argumento de que não há recursos, pois não falta dinheiro para desonerações financeiras, isenções fiscais e pagamento de juros”.

Dando sequência, o presidente da CUT, Vagner Freitas, afirmou ser inconcebível o fato de o governo, depois de 30 dias de greve, não ter apresentado uma proposta. “A greve é um instrumento legítimo de luta e o governo tem de receber o trabalhador para negociar. Queremos propostas para todos os setores. Companheira Miriam (Belchior – Ministra do Planejamento), você precisa receber o comando de greve e negociar”, afirmou. O sindicalista disse, ainda, que terá uma audiência nesta quinta-feira, 19, com o secretário geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho. Na ocasião, segundo Freitas, a CUT cobrará a intervenção do secretário para que o governo apresente uma proposta e respeite os trabalhadores.

A presidente do ANDES-SN, Marinalva Oliveira, também apontou para a necessidade de que o governo abra a negociação com o conjunto dos servidores. “Devido à nossa greve, que está fortíssima, conseguimos que fosse apresentada uma proposta, porém, ela é desrespeitosa com o conjunto dos professores. Orientamos que a categoria a reprovasse, pois é preciso avançar em negociações efetivas, assim como os demais servidores conseguirão que seja apresentada uma proposta”, afirmou. “Se o objetivo da política do governo é desmontar o serviço público, o nosso objetivo é desmontar essa política, que só contribui para a manutenção de desigualdades em nosso país”, finalizou Marinalva.

Fonte e fotos: ANDES-SN
Edição: Rafael Balbueno
Assessoria de Imprensa da SEDUFSM

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