Grevistas fazem velório simbólico na reitoria
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Atualizada em
03/08/12 11h35m
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Luto é pela educação e pela democracia na universidade
Após a decisão da reitoria da UFSM de cancelar a reunião do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE), marcada para esta sexta-feira, 3, e de adiar o início do segundo semestre letivo em apenas uma semana, o Comando Local de Greve dos técnico-administrativos em educação (TAEs), com a participação dos estudantes, realizou ato simbólico no hall de entrada do prédio da administração. No local foi simulado um velório em que a educação e a democracia na universidade eram representadas por caixões. Velas, bandeiras a meio mastro e marcha fúnebre ilustraram a desocupação do prédio. As medidas da reitoria foram divulgadas através da resolução 017/2012.
O ato sinalizou o repúdio dos manifestantes à atitude da reitoria, que cancelou o CEPE unilateralmente e negligenciou a proposta do Fórum Unificado de Greve para o calendário acadêmico. Além disso, em nível nacional, o governo cancelou as reuniões previstas para acontecer na terça-feira, 31, com as categorias do funcionalismo público, o que também gerou grande descontentamento entre os grevistas.
Os técnico-administrativos em educação (TAEs) e estudantes que ocuparam a reitoria desde a última quarta-feira, 1, saíram em cortejo fúnebre pela universidade por volta das 10h. Os segmentos elaboraram, conjuntamente, uma nota de resposta à resolução 017/2012, em que repudiam a postura da administração central e esclarecem que todas as pessoas envolvidas nas atividades que possuíam relação com a reunião do CEPE, tiveram sua entrada permitida. O acesso ao prédio foi liberado na manhã dessa sexta-feira.
Veja, na íntegra, nota de resposta dos grevistas:
“Resposta à Resolução 017/2012
A Reitoria da Universidade Federal de Santa Maria lançou resolução na quinta-feira, 2, cancelando a reunião do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE), que ocorreria na sexta-feira, 03. Além disso, o documento também adia o início do segundo semestre letivo em uma semana. Os técnico-administrativos em educação (TAEs) e os estudantes que ocuparam a reitoria da instituição desde a quarta-feira, 01, em repúdio ao cancelamento das reuniões de negociação por parte do governo federal e a fim de dar visibilidade à problemática do calendário acadêmico, manifestam-se contrariamente à tal resolução.
Entendemos que o comunicado explicita uma postura autoritária por parte da administração central da universidade, que não referendou a decisão acerca do calendário no CEPE, instância com poder deliberativo superior às decisões do reitor Felipe Müller para este tema.
Frente ao parecer da Comissão de Legislação e Normas (CLN), que contrariou a proposta da Administração Central, e frente à possibilidade do posicionamento da reitoria ser derrotado no CEPE, o reitor Müller age como representante legítimo do governo federal e passa por cima da instância do Conselho (“ad referendum”). A resolução fere o direito de greve, pois não condiciona o início do segundo semestre letivo ao término do movimento paredista.
Culpabilizando os grevistas pelo adiamento da reunião, a reitoria argumenta que as atividades relativas ao Conselho foram impossibilitadas de ocorrer. Negamos tal acusação, visto que foi permitido o acesso a todos os conselheiros e técnico-administrativos envolvidos no CEPE, do encontro das comissões internas na quarta-feira ao funcionamento da secretaria dos Conselhos nesta quinta.
Os grevistas ponderam que a decisão da reitoria não contempla a proposta do Fórum Unificado de Greve para o calendário acadêmico, uma vez que pressupõe a reposição das aulas do primeiro semestre concomitantemente ao andamento do segundo. Além disso, o adiamento em apenas uma semana, prevendo a possibilidade de reuniões do CEPE permanentes todas as semanas para nova votação, gera insegurança e dificuldades para a comunidade acadêmica, em especial aos estudantes que não residem na cidade de Santa Maria. Os três segmentos em greve na UFSM defendem que o segundo semestre letivo de 2012 somente inicie após término do primeiro, fato que só se concretizará após o período de greve.
A postura da reitoria frente à ocupação e aos demais atos radicalizados da greve aponta para um reitor que, apesar de ter um passado de militância no sindical, hoje se coloca contra a luta daqueles que defendem a educação pública, gratuita e de qualidade. Enquanto enfrentamos uma administração local truculenta e antidemocrática, nacionalmente os TAEs e as demais categorias do funcionalismo público se deparam com um governo que negligencia, diariamente, as reivindicações grevistas. Repressão, cancelamento de reuniões, propostas rebaixadas ou ausência destas e tentativas de fragmentação da classe trabalhadora são práticas constantes do governo Dilma.
Entretanto, apesar de todas as tentativas do governo e seus representantes locais, de sufocar o movimento, a greve, que hoje atinge quase a totalidade das universidades federais brasileiras, permanece forte. A luta por melhores condições de trabalho e estudo vem acompanhada da defesa de um novo projeto de educação, que não submeta o conhecimento às lógicas do mercado e que seja socialmente referenciado para a classe trabalhadora!
A GREVE É FORTE, A LUTA É AGORA!”
Texto: Bruna Homrich (estagiária)
Foto: Assufsm
Edição: Rafael Balbueno (Jornalista)
Assessoria de Imprensa da SEDUFSM