CLG promove aula pública com professor cubano
Publicada em
29/08/12 13h25m
Atualizada em
29/08/12 15h00m
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Movimentos sociais e resistência foi eixo da atividade
O Comando Local de Greve (CLG) dos docentes da UFSM promoveu como atividade de greve uma aula pública com o professor José Manoel Mateo Rodriguez, da Universidade de Havana, Cuba. O evento, que ocorreu na última terça-feira, 28, teve também a presença de técnico-administrativos em educação (TAEs) e estudantes, que se reuniram no auditório Pércio Reis (Centro de Tecnologia - CT) para discutir sobre a realidade econômica e política de alguns países da América Latina.
A palestra, que tinha como tema "Movimentos sociais e resistência ao neoliberalismo na América Latina", trouxe algumas concepções acerca do avanço e recrudescimento do neoliberalismo nessa região. Para Rodriguez, hoje há uma luta entre dois mundos: primeiro mundo (países desenvolvidos) e ‘restante’ do mundo (América Latina, África, Ásia, Oriente Médio, dentre outros), o que, para o professor, parece sinalizar para uma reestruturação do mapa mundial. Após a queda da União Soviética, afirmou Rodriguez, parecia que o mundo inteiro caminharia para a hegemonia dos Estados Unidos da América(EUA), hegemonia essa sustentada na ideologia neoliberal, com alguns historiadores propagandeando que a história havia acabado.
O cubano, entretanto, pontua alguns países da América Latina que apresentaram rupturas com o neoliberalismo, como Venezuela, Bolívia, Nicarágua e Equador. Em sua avaliação, hoje, nessa região, existem dois blocos que se chocam: bloco de esquerda e centro-esquerda e o bloco de direita.
Venezuela
Durante a palestra, o professor cubano deteve-se, em grande parte do tempo, a falar sobre a realidade da Venezuela e as diferenças entre essa e Cuba, sempre demonstrando grande admiração política pelo presidente venezuelano Hugo Chávez. “É um povo que se acostumou a viver do petróleo”, disse Rodriguez sobre a população venezuelana que, para ele, vive de acordo com um padrão de vida burguês, trabalhando e produzindo muito pouco e, muito por isso, importando a maior parte de seus produtos.
Quando questionado sobre o motivo de existirem duas posições bem definidas acerca de Chávez (pró e contra), o professor defendeu o presidente, explicando que ele está “tentando construir uma revolução socialista”. Pontuando algumas diferenças entre as revoluções cubana e venezuelana, Rodriguez explicou que em Cuba o processo que culminou na revolução foi lento e teve o apoio massivo da população. Já na Venezuela, o processo foi mais breve, aglutinando grandes setores do país, em especial a intelectualidade, contra Chávez. “Todas as universidades estão contra Chávez”, disse o professor, além de ressaltar que “grande parte do coração da revolução bolivariana é o exército”.
Cuba
Entre uma e outra questão levantada, Rodriguez contextualizou, brevemente, o cenário que se estabeleceu em Cuba nos primeiros anos após a queda da União Soviética. Segundo o professor, em 1990 o país estabelecia uma relação sistêmica com o mundo socialista, recebendo e trocando comida e outros produtos com países de ordem socialista. “Em dois anos, caiu tudo isso”, afirmou, explicando que Cuba se viu sozinha, tendo a queda de seu Produto Interno Bruto (PIB) em 38% no período de um ano. “Muita gente ficou sem comida”, completou, contextualizando esse cenário de crise geral entre os anos de 1993, 1994 e 1995.
Na atualidade, para Rodriguez, não há capitalismo em Cuba e sim um “socialismo de Estado”.
Brasil
A caracterização do professor cubano sobre os governos do Partido dos Trabalhadores no Brasil (Lula e Dilma Rousseff) foi clara: é um Estado que anda de mãos dadas com o capital, concedendo uma pequena parte aos setores sociais. “Minha percepção é de que os dois últimos governos brasileiros têm se aliado à burguesia nacional”, apontou Rodriguez. Entretanto, pontuou certa diferença entre as posturas interna e externa do Brasil. Externamente, afirmou o professor, o país tem mantido boas relações com Venezuela e Cuba, além de apoiar Fernando Lugo, no Paraguai.
Ainda na percepção do cubano, o maior problema do Brasil reside no fato de que o movimento social é fraco e a esquerda fragmentada.
Texto e foto: Bruna Homrich
Edição: Rafael Balbueno
Assessoria de Imprensa da SEDUFSM