Pesquisa constata pouca atração pela carreira docente SVG: calendario Publicada em 04/10/12 17h40m
SVG: atualizacao Atualizada em 04/10/12 17h44m
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Professores opinam sobre causas que explicam desinteresse

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A desvalorização salarial e as condições de trabalho ruins foram os principais motivos apontados por estudantes da Universidade de São Paulo (USP) para não seguirem na carreira docente. A pesquisa, realizada pela Faculdade de Educação da USP, aplicou 512 questionários para ingressantes nos cursos das licenciaturas em física, matemática e pedagogia e no curso de bacharelado em medicina. O foco da pesquisa era analisar se os estudantes têm interesse em se tornar professores da educação básica (educação infantil e ensinos fundamental e médio). A SEDUFSM ouviu alguns professores da UFSM e também de fora da instituição com o objetivo de repercutir o resultado da pesquisa.

Ane Carine Meurer, professora do departamento de Fundamentos da Educação, diz que optar pela carreira docente pressupõe formação continuada e dedicação para além das horas passadas em sala de aula. “Não é um trabalho técnico, exige comprometimento. E, hoje, um professor comprometido não recebe o que deveria receber”, problematiza ela, que também é vice-diretora do Centro de Educação.

A diretora do 2º Núcleo do Cpers, Sandra Regio, acredita que a falta de investimento na educação e na formação do professor contribuem para aumentar a rejeição pela carreira de professor. “Quem se torna professor é quem tem ‘vocação’. Além do salário, que fica muito aquém das expectativas de um educador, há um grande desinteresse em se investir na formação continuada da categoria”, disse Sandra, que afirma, com convicção, que o professor deveria ser o profissional mais bem pago do país.

Outra professora que compartilha da crítica à desvalorização do professor da rede pública no país é a coordenadora do Sindicato dos Professores Municipais de Santa Marina (Sinprosm), Martha Najar. “Realmente, o magistério é uma das profissões com os menores salários no país. Em Santa Maria, mesmo depois de dois reajustes do Piso do Magistério (2011 e 2012,) o básico inicial de um professor é de R$ 725,00. Além dos baixos salários, é preciso considerar também as condições de trabalho, que incluem o difícil acesso, a necessidade de trabalhar em mais de uma escola, questões disciplinares que tornam muitas vezes o trabalho em sala de aula muito difícil”, aponta a professora.

Em entrevista ao site UOL, a pedagoga Luciana França disse que a pesquisa foi motivada pela escassez de professores no Brasil, em especial na área de ciências naturais e exatas. “Normalmente, quem queria entrar no magistério sabia exatamente o valor dos salários pagos aos professores, enquanto os que não tinham interesse estimaram valores fora da realidade, ou muito altos ou muito baixos”, diz a pesquisadora.

Culpabilização do professor

A sindicalista Martha Najar também destaca a questão dos pactos firmados entre o governo federal e os municípios. “O município recebe verbas, mas em troca o índice do IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica) deve ser melhorado. O município, por sua vez, deve cobrar de alguém essa melhora no índice, e a responsabilidade recai toda sobre o professor, que já sofre com tudo que foi detalhado (salários, condições de trabalho)”, expõe a professora.

Ensino superior

A carreira docente do ensino superior também já não desperta grande atração em estudantes universitários. O professor do departamento de Metodologia do Ensino, do Centro de Educação da UFSM, Luiz Carlos Nascimento da Rosa, lembrou que, durante a greve, o debate acerca do plano de carreira visava à valorização do profissional. “Estávamos pleiteando um plano de carreira que desse dignidade, no sentido de garantir as condições básicas e uma segurança durante tua progressão e depois, na aposentadoria. Hoje nossos aposentados têm perdas homéricas”, disse Luiz Carlos.

Entretanto, o professor acredita que a opção por trabalhar no serviço público também é ideológica. “Infelizmente, nossa formação acadêmica atual é muito pragmática. O aluno não se envolve socialmente com os outros colegas e com a instituição. Estamos formando um conjunto de pessoas cada vez mais individualistas, que não pensam no coletivo. Então, pela sedução salarial, podem ir para a iniciativa privada”, constata.

O professor argumenta que, apesar de as universidades privadas oferecerem melhores salários, deixam a desejar no que diz respeito às condições de trabalho e ao incentivo à pesquisa e produção de conhecimento. “Aqui (nas universidades públicas) não se ganha maravilha, mas é o conhecimento social e científico que vem sendo produzido”, completa.

Na carreira do magistério, a situação dos professores na rede privada não se altera muito, como explica Martha Najar. “O setor privado também tem suas dificuldades, como a falta de estabilidade e a desvalorização do professor, que acontece quando esse tem desrespeitada sua autoridade”, explica.

Texto: Bruna Homrich (estagiária) com informações do UOL
Foto: kdimagens
Edição: Fritz Nunes (Jornalista)

 

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