Professores avaliam impacto de usinas na Amazônia SVG: calendario Publicada em 10/10/12 16h39m
SVG: atualizacao Atualizada em 10/10/12 17h22m
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Governo quer construir 23 novas hidrelétricas na região

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O professor aposentado do Centro de Educação da UFSM, Wilton Trapp, e o professor do Instituto de Biologia da Ufpel, Althen Teixeira Filho, assinalam preocupações acerca da expansão de usinas na Amazônia. Eles pontuam limitações de tal modelo de desenvolvimento e apresentam possíveis alternativas. Recentemente, o governo federal anunciou que, além das seis usinas já em construção, a Amazônia deverá receber, pelo menos, 23 novas hidrelétricas, sendo que grande parte dessas construções ocorrerá em áreas até então protegidas de atividades depredatórias. A ideia é que as 29 hidrelétricas produzam 38.292 Megawatts (MW), alcançando 31% da capacidade potencial de geração de energia das duas principais bacias hidrográficas da região, as localizadas nos rios Amazonas e Tocantins.

Trapp explica que as formas pensadas para a produção de energia no país estão envoltas em um modelo de consumo que ‘transforma tudo em mercadoria: natureza e humanos’. Para ele, é falacioso o discurso de que a energia hidrelétrica é limpa e que as novas usinas reduzirão os impactos ambientais, uma vez que inundam grandes reservas florestais, desfazem-se de toda madeira nelas existente, induzem a produção de gás metano – mais nocivo que gás carbônico – através da matéria em decomposição, incitam a migração da fauna que sobreviver para outra região – o que ocasiona maiores disputas por território. Além de tudo isso, ainda retiram as populações ribeirinhas e as comunidades tradicionais de seus territórios originais, entregando-os à própria sorte.

“Um exemplo são os atingidos pela barragem de Sobradinho, no São Francisco, que há 30 anos aguardam realocação. As imensas áreas de preservação contínuas e intocadas deixam de existir e são substituídas por um mosaico de lagos, pastagens, mineração e outros negócios. A energia produzida é destinada aos empreendimentos eletro-intensivos, como siderúrgicas, fábricas de celulose e alumínio, deixando a vida aquática comprometida, como alertaram os cientistas sobre o desaparecimento dos peixes do Rio Madeira com a construção de Santo Antônio e Jirau, o que acabou se confirmando”, problematiza Trapp.

Estima-se que, para a construção das 23 novas usinas – incluindo as recém-inauguradas Santo Antônio e Estreito - será alagada uma área de 9.375,55 quilômetros quadrados, quase oito vezes o tamanho da cidade do Rio de Janeiro.
Um dado importante é que sete das usinas serão feitas em áreas de floresta contínua, até então intocada, no coração da Amazônia. Outras irão para áreas remanescentes importantes de floresta amazônica, como o conjunto de sete hidrelétricas planejadas nos rios Aripuanã e Roosevelt, no Mosaico de Apuí, com impacto direto em 12 unidades de conservação de proteção integral e terras indígenas.

O professor Althen Teixeira Filho pondera que os atores envolvidos na construção das usinas carregam interesses econômicos e políticos bem delimitados. “O financiamento de campanhas mostra que os políticos assumem compromissos com quem lhes repassam dinheiro (algumas somas são vultosas) e este é outro fator nodal para entender as atitudes do Legislativo e Executivo. Não podemos esquecer quem é o Ministro das Minas e Energia, a que grupo ele pertence, quais os interesses que representam, quais as empresas e com que elas trabalham, dentre outros”, explica o professor.

Código Florestal

Althen ainda comenta sobre o que considera um outro atentado contra os recursos naturais no país, que são as alterações na lei do Código Florestal Brasileiro (CFB). “Acredito que as mineradoras precisam chegar à floresta amazônica, mas ficam impossibilitadas de fazer isso sem chamar atenção. Um processo de lavra ocasiona uma destruição expressiva, fato que alarmaria todo o planeta. Então, com esta desculpa esfarrapada de aumentar a produção agrícola, querem alterar o CFB e com uma suposta necessidade energética querem ir bem ao coração da floresta para extrair minério (ouro, metais raros, nióbio, entre outros)”, analisa o docente.

Alternativas

O professor aposentado Wilton Trapp lista algumas formas alternativas que permitiriam o alcance da energia necessária, sem comprometer os recursos naturais do país nem a vida de milhares de pessoas. Eficiência energética desde a geração, transmissão e consumo; investimento em energias renováveis e limpas, como solar, eólica, marés e biomassa; Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) que não comprometam as belezas naturais dos pequenos rios e garantam a piracema e o lazer da população; prioridade voltada às propriedades rurais em sua função social, para produzir alimentos com insumos gerados nela mesma e de grande qualidade nutricional. Essas são algumas medidas sugeridas por Trapp.

“Na verdade, o que se deve buscar é uma nova ética planetária, onde cada um tenha o suficiente para viver com dignidade. Lembrando Albert Tévoédjrè em A Pobreza, Riqueza dos Povos: ‘A sociedade da acumulação acabou acumulando um passivo de custos sociais e ecológicos, em vez de riqueza’. Esta frase é de 1974 e parece que ainda não aprendemos a lição. Haverá tempo para isto?”, questiona.

Texto: Bruna Homrich (estagiária) com informações de O Globo
Foto: Amazônia da Gente
Edição: Fritz Nunes (Jornalista)
Assessoria de Imprensa da Sedufsm


 

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