Economista da UFSM não vê mudança de rumo no FMI
Publicada em
18/10/12 19h12m
Atualizada em
18/10/12 19h19m
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Instituição mantém custos da crise em cima do trabalhador
Um relatório recente do Fundo Monetário Internacional (FMI) chegou a reconhecer que as políticas que foram recomendadas aos países que enfrentam crises financeiras na Europa não têm sido a melhor solução. Ainda conforme o balanço da entidade, as medidas recomendadas pelo FMI têm gerado recessão e desemprego. Para o professor de Economia da UFSM, Sérgio Alfredo Massen Prieb, apesar de haver esse reconhecimento do FMI, ele não acredita em mudanças de rumo na atuação do Fundo.
“É claro que todos sabiam (e os técnicos do FMI mais do que ninguém) dos efeitos deletérios das medidas anti-crise. Não sei a quem o FMI quer enganar agora Inicialmente, se dizia que as medidas de austeridade (entenda-se retirada de direitos dos trabalhadores, aumento da carga de trabalho, arrocho salarial, diminuição de gastos sociais) eram fundamentais para a retomada do crescimento econômico. Agora, reconhecem que tais medidas criaram problemas gravíssimos na população”, ressalta o professor de Economia.
Prieb contesta, no entanto, que apesar do reconhecimento em relação ao equívoco desse tipo de política, que ela seja mantida, como é o caso das mais recentes adotadas em Portugal por orientação do Fundo, através quais se anuncia o aumento de impostos sobre os trabalhadores e corte de gastos públicos. “A política do FMI não vai mudar, apenas eles estão reconhecendo que alguém tem que pagar pela crise. E, é claro que os escolhidos para isso são exatamente os que menos têm culpa pela deflagração da crise, ou seja, os trabalhadores”, destaca o economista.
O tipo de visão propugnada pelo FMI se inviabiliza na prática. Os dados apresentados recentemente pelo Portal “Esquerda.net” mostrou um dado sombrio dos efeitos desse ripo de política em relação a Portugal, por exemplo. Conforme os números divulgados, “por cada euro de cortes públicos, a economia perdeu quase dois euros, diz o Fundo no seu último relatório”.
Brasil
Em nosso país, ainda que se diga que a crise afeta de forma mais branda, os dados comprovam que a situação não é nada tranquila. Além da baixa taxa de crescimento da economia, se percebe a prioridade governamental através dos dados previstos no orçamento. A economista Maria Lúcia Fatorelli, da Auditoria Cidadã da Dívida, percebe que para 2013, um percentual de 42% de todos os gastos, o que corresponde a R$ 900 bilhões serão destinado ao pagamento de juros e amortização da dívida pública.
Enquanto isso, o que a lei orçamentária destina para a reposição salarial de servidores é ínfimo (R$ 10,289 bilhões) se comparado ao que será destinado à dívida pública. Esse valor corresponde tão somente a 5,5% do total previsto para a folha de pagamento no corrente ano, que ficará em R$ 187,6 bilhões.
Fonte: SCP-Conlutas
Foto:UOL.com.br
Edição: Fritz R. Nunes (SEDUFSM)