Clara Nunes ocupa a praça nesta quinta-feira
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27/11/12 15h33m
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Tributo à “guerreira” marca os 23 anos da Sedufsm
“Fez uma carreira breve, mas muito intensa”. A declaração de Pedro Brum Santos, professor do curso de Letras da UFSM e diretor do Centro de Artes e Letras (CAL), refere-se à intérprete Clara Nunes, homenageada pela Sedufsm no mês de aniversário da entidade (23 anos completados dia 7) e que marca também a luta em favor da Consciência Negra (20 de novembro). O show em tributo à cantora, que terá Daiane Diniz, Marilia Reck, Gisele Guimarães, juntamente com as participações especiais de Paola Matos e Tiane Tambara, acontece às 19h desta quinta, 29, na Praça Saldanha Marinho. A produção é de Janu Uberti.
Se fosse viva, ela teria completado, em 12 de agosto deste ano, 70 anos. Mineira nascida no distrito de Cedro (posteriormente elevado à cidade com o nome de Caetanópolis) faleceu em dois de abril de 1983 em decorrência de complicações após uma cirurgia de varizes. Sua morte gerou comoção tão grande quanto a de Elis Regina, falecida um ano antes.
Inicialmente cantora de boleros e sambas-canções, sempre cultivou apreço pelo samba e, tanto persistiu na tentativa de interpretar esse estilo musical que, em 1971, tornou-se conhecida em todo país através da música ‘Ê Baiana’, firmando-se como a maior sambista do Brasil durante o restante da década de 70. Discos como “Claridade” (1975), “Canto das Três Raças” (1976), “Guerreira” (1978) e “Brasil Mestiço” (1980) tiveram mais de um milhão de cópias vendidas. Mas, para além de marcas que demonstram o sucesso de vendas que suas interpretações alcançaram, o legado de Clara Nunes encontra-se no cultivo aos gêneros genuinamente brasileiros, bem como à memória e tradição afro-brasileira.
Pedro Brum Santos avalia que a cantora foi da maior importância para a música popular brasileira, uma vez que resgatou raízes e recuperou ritmos e temas. “O show é uma excelente oportunidade de recuperar esse nome, que nem sempre tem sido tratado com tanta atenção, não na devida proporção que, de fato, ela teve. É importante que tenhamos isso muito presente e resgatemos para as novas gerações a importância que ela teve e o legado que deixou”, opina o docente.
Símbolo de um país
As marcas da “guerreira” Clara Nunes estarão presente nesta quinta à noite, na praça Saldanha Marinho. Conforme o produtor, Janu Uberti, Clara é uma “ícone da MPB, uma cantora que faz o entrelaçamento entre a cultura branca, negra e do índio. Uma mulher que rompeu preconceitos em relação à cor da pele, e em relação à religião.”
Para o presidente da Sedufsm, Rondon de Castro, a voz e a dança de Clara Nunes simbolizaram, em um período em que ainda vivíamos sob a ditadura militar, os gritos dos antigos escravizados, o ranger de dentes advindo do Quilombo dos Palmares. “Clara Nunes representa a alma deste país que até hoje ainda busca resgatar suas raízes, mestiças, e que durante muito tempo foi ignorado pela história oficial, branca e preconceituosa. Será um privilégio para o nosso sindicato colocar na rua esta mensagem”, destaca Rondon.
Memória
Em sua memória, no dia 11 de agosto desse ano foi inaugurado o Memorial Clara Nunes, em sua cidade natal, Caetanópolis. O acervo inclui mais de seis mil peças preservadas pela família da cantora. Ela ainda inspirou a criação da Associação Clara Nunes, uma Associação Não-Governamental (ONG) criada em 12 de agosto de 1999 com o intuito de promover a inclusão social na comunidade da Vila São Miguel, Morro da Polícia, no Bairro Partenon.
Texto: Bruna Homrich (estagiária) e Fritz Nunes (Jornalista)
Foto:folha.uol.com.br
Assessoria de Imprensa da SEDUFSM