Cimi lança manifesto contra extermínio indígena
Publicada em
07/12/12 16h17m
Atualizada em
07/12/12 16h21m
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Sedufsm faz debate sobre questão indígena na terça, 11
Na última terça, 4, o Conselho Indigenista Missionário (Cimi), apresentou durante audiência pública na Câmara dos Deputados, em Brasília, o manifesto “Povos Indígenas: aqueles que devem viver - Manifesto Contra os Decretos de Extermínio”. O documento foi entregue aos parlamentares por representantes do Cimi e da Associação dos Juízes para a Democracia (AMD), e continha assinatura de 20 mil pessoas que aderiram à campanha “Eu apoio a causa indígena”. O objetivo dessa manifestação é denunciar o genocídio, assassinatos, violência e a política desenvolvimentista que trata as comunidades tradicionais como obstáculos. Alguns dos aspectos, contidos nesse manifesto estarão em debate na próxima terça, 11, às 19h, durante o Cultura na Sedufsm, que tem como tema “O que estão fazendo com os nossos índios?”.
O documento elaborado pelo Cimi destaca que, se de um lado, na década de 1970, o governo militar tratou a resistência dos índios ‘Waimiri Atroari’ à construção da rodovia Transamazônica com balas, bombas e até armas químicas, agora o que se vê é novamente os megaprojetos (estradas, hidrelétricas, projetos de mineração) governamentais expulsando os índios de seus locais de moradia.
Na avaliação do Conselho Indigenista Missionário, o extermínio contra os indígenas continua através do confinamento dos povos e comunidades em terras insuficientes, da morosidade do governo na condução dos processos de demarcação das terras de povos que vivem em acampamentos provisórios, com o descaso na área da saúde e educação. Segue ainda na omissão do poder público diante das agressões cotidianas sofridas pelos povos, além da invasão do território tradicional por madeireiros, fazendeiros, narcotraficantes. A violência sistemática é cometida com um decreto de extermínio que nunca foi revogado pelas forças anti-indígenas.
Alguns exemplos concretos são apresentados no documento, como é o caso do povo Xavante de Marãiwatsédé, no Mato Grosso, em luta pela extrusão do seu território invadido por fazendeiros. Também dos Guarani Kaiowá e Terena do Mato Grosso do Sul, expropriados de suas terras pelo agronegócio, vivendo em situações desumanas. No mesmo estado, os Kadiwéu tiveram suas terras demarcadas há mais de 100 anos e correm o risco de serem novamente expulsos.
Para o Cimi, chamam a atenção as dezenas de acampamentos à beira de rodovias, espalhados na região sul do país, nos quais os povos Guarani e Kaingang enfrentam baixas temperaturas e o perigo dos atropelamentos. No Maranhão, os Awá-Guajá sofrem as mais diversas pressões, com destaque para assassinatos e invasões de terras homologadas.
Buscando aprofundar um pouco mais esses temas, fazendo uma relação direta com as questões indígenas vivenciadas em Santa Maria, onde há um acampamento kaingang próximo à estação rodoviária e um outro, guarani, recentemente instalado na área do Distrito Industrial, o Cultura na Sedufsm da próxima terça terá como convidados pessoas vinculadas a essa problemática.
Participarão do debate, o integrante da equipe de Porto Alegre do Cimi, Roberto Liebgott; também o coordenador do CAPG (Conselho de Articulação do Povo Guarani), Santiago Franco; o coordenador do CAIK (Conselho de Articulação do Povo Kaingang); e Haroldo Hoppe, Procurador da República em Santa Maria. A coordenação do painel será do professor do Direito e diretor da Sedufsm, José Luiz de Moura Filho.
Texto: Fritz R. Nunes com informações do CIMI
Ilustrações: CIMI e J. Adams Propaganda
Assessoria de Imprensa da Sedufsm