TCU aponta falhas já detectadas na greve federal de 2012
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Atualizada em
08/04/13 15h13m
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Problemas de infraestrutura e déficit de 8 mil docentes nos IF
Segundo aponta um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), os Institutos Federais (IF) de educação profissional têm um déficit de cerca de 8 mil professores, além de problemas relacionados à evasão escolar e à infraestrutura das escolas. Para o presidente da Sedufsm e diretor do ANDES-SN, Rondon de Castro, isso não é novidade, tendo em vista que na greve das universidades federais, em 2012, as condições precárias, tanto em termos infraestruturais, como na falta de docentes, já estava encampada na pauta de universidades e institutos.
A auditoria realizada pelo Tribunal junto aos institutos transcorreu entre agosto de 2011 e abril de 2012 e aponta como uma das principais causas para a falta de docentes a baixa atratividade da carreira, gerada, em muito, pela remuneração considerada insatisfatória por 68% dos professores e 64% dos pró-reitores ouvidos pelos auditores.
Na avaliação de Rondon de Castro, “o governo se resumiu a implementar mudanças que prejudicaram a carreira, tratando apenas de percentuais e se eximindo de debater a qualidade na educação.” Para Rondon, quando se fala em qualidade, tem que se falar em investimento, em contratação de mão-de-obra. “O governo fez uma expansão irresponsável, que tem quantidade e não qualidade, e que, pelo déficit existente, sobrecarrega de forma dramática quem já está em atividade”, critica o dirigente da Sedufsm.
A distância dos grandes centros urbanos e a pouca infraestrutura dificultam, segundo o documento do TCU, a fixação de professores em institutos federais em cidades do interior, situação que contribui para o déficit no quadro de profissionais. Os quatro primeiros locais que apresentam mais carência de professores são Distrito Federal e Acre (ambos com 40% das vagas para professores ociosas), Mato Grosso do Sul (38%), Amapá (35%) e São Paulo (32%).
Bibliotecas e laboratórios
Outros dados importantes do relatório dizem respeito a entrevistas com estudantes e professores, que sinalizaram deficiência de infraestrutura nas bibliotecas, nos laboratórios de informática e nas salas de aula. Menos da metade dos docentes (44%) avaliaram que as bibliotecas têm a bibliografia recomendada aos alunos nas disciplinas em que lecionam. Casos de campi inaugurados em 2011 e que ainda se encontram sem biblioteca e situações em que bibliotecas não possuem quantidade de servidores suficiente para garantir o funcionamento em três turnos também foram registrados no estudo.
Dos docentes ouvidos, 56% analisam que os laboratórios não são devidamente equipados para as aulas. Já 44% dos alunos que cursam graduações em que o uso do laboratório faz-se necessário afirmaram que, em 2011, houve poucas ou mesmo nenhuma aula de laboratório. Entre as causas disso estaria a escassez de técnicos que possibilitem o uso dessas estruturas.
Institutos Federais do Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Pernambuco, Goiás e Rio Grande do Norte foram visitados para que a auditoria, autorizada por despacho do ministro-relator do TCU, José Jorge, fosse realizada.
O relatório não apenas detecta os problemas, mas também faz recomendações ao Ministério da Educação (MEC). O TCU sugere um plano para evitar a evasão, além da adoção de medidas para diminuir o déficit de docentes e técnicos de laboratórios. A promoção de maior integração entre ensino, pesquisa e extensão também foi listada entre as recomendações.
Fonte: UOL
Foto: pop.com.br
Edição: Bruna Homrich (estagiária); Fritz Nunes (Jornalista)