Sindicatos opinam sobre greve em 11 de julho
Publicada em
02/07/13 16h43m
Atualizada em
02/07/13 16h46m
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Sedufsm ouviu algumas entidades sobre possível greve geral
O dia 11 de julho marcará a inserção organizada dos trabalhadores no cenário atual de mobilizações pelo país. A data deve abarcar paralisações, atos, panfletagens e toda forma de manifestação que unifique as mais diversas categorias de trabalhadores em um movimento de enfrentamento e solidariedade. Enfrentamento com as investidas do governo federal contra os direitos e condições de trabalho. Solidariedade entre a classe que protagonizou dias de luta importantes na história do país e seguirá encabeçando movimentos reais que buscam arrancar do Estado aqueles direitos que já deveriam ser garantidos.
Convocado por oito centrais sindicais – CSP-Conlutas, União Geral dos Trabalhadores (UGT), Força Sindical, Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB), Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB), Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Nova Central Sindical de Trabalhadores (NCST) -, o Dia Nacional de Lutas com Greves e Mobilizações recebe o total apoio do ANDES-SN, que é filiado à CSP-Conlutas.
“Como parte deste processo de valorização da luta coletiva como instrumento de conquista e transformação social, o ANDES-SN, através das suas Seções Sindicais e em unidade com os demais setores, orienta a participação nas manifestações que estão ocorrendo, bem como a realização de paralisações no dia 11 de julho que foi definido como Dia Nacional de Lutas. Essa estratégia é importante para fortalecer a presença da classe trabalhadora organizada nas ruas”, afirma a presidente do ANDES-SN, Marinalva Oliveira.
Wanderley Vasconcellos, diretor da Assufsm, avalia que é necessária a construção de um movimento organizado, que levante as pautas específicas de cada categoria. Para ele, também existem pautas que unificam as categorias em um só coro, tais como a luta contra a corrupção, contra o fator previdenciário, pela aplicação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) na educação e saúde, pela redução da jornada para todos os trabalhadores.
Segundo o dirigente sindical, “temos o Funpresp [Fundo de Previdência Complementar do Servidor Público Federal], que é uma aposentadoria paralela; temos a Ebserh [Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares], que combateremos muito. E estamos brigando pelo cumprimento total do acordo que firmamos [técnico-administrativos em educação e governo federal] na greve de 2012”, diz Vasconcellos, explicando que um dos principais embates entre categoria e governo reside na questão dos aposentados.
Educadores
Outra categoria que pretende incorporar demandas específicas ao bojo de reivindicações gerais é a dos professores municipais. Martha Najar, coordenadora do Sindicato dos Professores Municipais de Santa Maria (Sinprosm), diz que a entidade pretende mobilizar os educadores para o dia 11, que, além das pautas nacionais, irá incorporar o pagamento do Piso Nacional do Magistério e a destinação de um terço da carga horária para o planejamento das atividades.
"Em consonância com as reivindicações vindas das ruas com pedidos de melhores condições de vida, principalmente na área da saúde e da educação, bem como pelo fim da corrupção no país, os trabalhadores também se organizaram e marcam uma greve geral em defesa de seus direitos”, avalia a dirigente.
Para Luiz Mario Coelho, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Santa Maria, a manifestação do povo brasileiro nesse momento expressa a indignação e o desconforto com a falta de atenção a vários setores básicos de atendimento à população, como educação e saúde.
Segundo o metalúrgico, “a paralisação convocada pelas centrais sindicais chama a atenção para aquilo que não está correto e deve ser consertado. Que aquela classe que é responsável pelas mudanças acorde e faça aquilo que o povo quer, que ele necessita. Chegou a hora das pessoas quererem mudanças de fato, não ficar só no discurso. Ainda falta muito naquilo que é básico, principalmente na área da saúde”, diz Coelho.
CUT
Já Marcelo Carrion, diretor do Sindicato dos Bancários de Santa Maria e Região, acredita que o momento atual é importante principalmente para tentarmos resgatar a democracia participativa. “É importante que tenhamos um maior peso na participação das pessoas. Agora é hora de o movimento sindical avançar e sair da estagnação que a maioria da direção da CUT vem tomando”, opina.
Os professores estaduais também devem engrossar o movimento nacional convocado pelas entidades. Na opinião de Sandra Regio, diretora do Cpers em Santa Maria, há pautas que unem todas as categorias, como saúde, educação, segurança e fim da corrupção. “Acho importante que movimentos sociais, partidos políticos de esquerda e sindicatos possam mostrar as suas bandeiras, porque há muito tempo as centrais sindicais estão nas ruas. E é importante que cada um faça sua parte levando para as ruas suas pautas de reivindicações”, conclui.
Greves gerais na história
Em 21 de julho de 1983, os trabalhadores brasileiros já paralisavam, em todo país, contra o arrocho salarial. Duramente reprimida pelo regime militar, a greve geral reuniu, naquele dia, cerca de três milhões de trabalhadores, localizados nas mais diversas categorias. Pouco mais de três anos mais tarde, no dia 12 de dezembro de 1986, durante o governo de José Sarney, a classe trabalhadora ia novamente às ruas, dessa vez em defesa dos salários, das estatais e do congelamento geral dos preços. A contrariedade ao Plano Cruzado e ao pagamento da dívida externa também balizou o movimento, que ganhou a adesão de 25 mil trabalhadores.
Esses exemplos ilustram a característica combativa e organizada que acompanha a história dos trabalhadores brasileiros. A convocação de dias nacionais de lutas unificadas e de greves gerais é um instrumento há muito usado pelas mais diversas categorias que se colocam ativas no cenário político nacional, num movimento que soma forças e delimita o real problema a ser combatido. Os anos de 1987, 1989, 1990 e 1991 foram marcados por greves gerais. Em 1996, quando quem governava era Fernando Henrique Cardoso, houve a Greve Nacional pela Manutenção dos Direitos, reivindicando emprego, salário, aposentadoria digna, reforma agrária e manutenção dos direitos sociais dos trabalhadores. Já os dias nacionais de luta e mobilização não deixaram passar um ano sequer sem serem convocados.
Para o próximo dia 11, as centrais sindicais organizadas no ‘Espaço de Unidade de Ação’ já indicaram os eixos que compõem o pleito unificado das mais diversas categorias da classe trabalhadora:
- a redução das tarifas e melhoria da qualidade dos transportes públicos;
- o aumento nos investimentos da saúde pública; posição contrária ao Projeto de Lei 4330/2004, que trata sobre terceirização de mão de obra;
- pelo fim dos leilões de petróleo;
- pelo fim do fator previdenciário e valorização das aposentadorias;
- pela redução da jornada de trabalho;
- pela Reforma Agrária.
Texto: Bruna Homrich (estagiária), com informações de ANDES-SN e CUT
Foto: Agência Folhas
Edição: Fritz Nunes (Jornalista)
Assessoria de Imprensa da Sedufsm