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Rondon de Castro critica argumentos de professor da UFPel

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Meritocracia e sistemas de avaliação de produtividade fazem bem para a educação brasileira. Com esses argumentos, o professor da UFPel Flávio Sacco dos Anjos iniciou um polêmico artigo, publicado no jornal Folha de São Paulo, no último dia 24 de junho. O pelotense ainda fez severas críticas às posições do ANDES-SN, claramente opostas às dele. O presidente da SEDUFSM, professor Rondon de Castro, considerou o artigo “tosco e frágil”, e rebateu as críticas contidas nele. Veja a seguir:
 

CIENCIOMETRIA
O professor aborda como acerto justamente a parte mais perversa do sistema neoliberal adotado pelo MEC. Diz o professor que "especialistas" em cienciometria apontam um aumento de 56% na produção científica entre 2007 e 2008, colocando o Brasil na 13ª posição no ranking mundial da produção mundial. Seria bom, se não fosse ingenuidade: a cienciometria usa critérios quantitativos e numéricos que, por si só, carregam falaciosas conclusões. Por imposição do MEC, os critérios de avaliação docente tomam a quantidade de artigos publicados, trabalhos apresentados, orientações, etc., como normas de progressão na carreira. Na prática, os trabalhos acadêmicos tornaram-se - em sua maior parte - apenas jogo de cena pseudo-científica: compilações de textos e citações, sem conclusão alguma e/ou avanço para a ciência e/ou a tecnologia nacional. São apenas números que ilustram os relatórios mequianos e mantém a formação de uma mentalidade cruel para o Brasil.

MERITOCRACIA
Quando o professor elogia a meritocracia, ele toma como modelo a questão quantitativa e não a qualitativa, que os órgãos financiadores (CAPES, CNPq, Fapergs, etc.) não levam em conta. Aliás, o número de patentes, se houve aumento depois da adoção neoliberal desse sistema, não deu uma explosão nas universidades públicas. Pelo contrário, aumentaram, sim, o número de revistas ditas científicas (com distinções qualis) no país, estimadas em 60 mil em todo país. Ou seja, tem para tudo e para todos. Menos para a ciência no país.

O que significa a declaração de que é justo que os recursos recaiam sobre aqueles que mais publicam e apresentam? Dentro do padrão da cienciometria, significa que aquele que publica qualquer coisa, com qualquer objetivo (por que nem os órgãos financiadores, muito menos o MEC, avaliam o conteúdo e/ou a qualidade) terá o direito aos recursos. O cientista Miguel Nicolelis é crítico ferrenho desse sistema (logo ele, que tem - notoriamente - avanços científicos reais, que podem ser decisivos para a vida de muitas pessoas), justamente porque o método cienciométrico se destina (por causa dos critérios) para os que citam, citam, citam, compilam (com citação), compilam (com citação) e nada concluem. Dizem que Albert Einstein, Florestan Fernandes e o próprio César Lattes seriam considerados improdutivos pelo sistema de avaliação do MEC, aplaudida pelo professor.

PÓS-GRADUAÇÃO
Pesquisa dentro das universidades públicas não é reduto, ou privilégio, apenas para os titulados ou membros de programas de pós. Os recursos sim, esses estão destinados apenas aqueles que se titulam e/ou fazem parte dos programas. Aliás, essa política ocasiona efeitos colaterais que corroboram com a afirmação do professor: uma geração inteira de docentes está passando das cadeiras discentes, sendo doutrinados pela política produtivista (correm atrás de certificados, apresentações, publicação de artigos com seus orientadores), fazem seus mestrados e doutorados (mediante bolsas que se transformam em salários) e ocupam a docência. Evidentemente, para esses docentes (parte deles no magistério por falta absoluta de vagas de trabalho no mercado), a prática da pesquisa é enquadrada eficientemente pela cienciometria: não há julgamento e o artigo publicado perde-se no mar de publicações ditas científicas. Infelizmente.

ANDES
Não estranho que, através da referência cienciométrica, o professor de Pelotas ataque "o" Andes (não "a" Andes, já que se trata de um sindicato nacional, mas que demonstra o desconhecimento do docente-autor com o que fala com simplicidade), sindicato que nunca se posicionou contra a realização de avaliações, mas sim por avaliações qualitativas e - antes de mais nada - éticas. O professor critica professores pela ótica oficialista e não científica (que diz defender), e acusa seus diretores sem avaliar suas atuações profissionais e, principalmente, reduz o problema à existência de "partidos minúsculos". Ora, o docente levou em conta a atuação de um grande partido político, atuante – e pernicioso para a universidade pública, gratuita e de qualidade - no governo e no MEC? Lembro que o PT é uma agremiação política, tal qual os “minúsculos" partidos que critica. Por que ele merece algum respeito a mais que os de oposição? Por que ele endossa as posições daqueles que se adaptaram à prática produtivista cega, equivocada e ingênua? Em minha opinião, parece que sim.

Texto: Mathias Rodrigues (estagiário)
Edição: Fritz R. Nunes
Ass. de Imprensa da SEDUFSM

 

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