Governo cortará ponto de bancários em greve
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Atualizada em
10/10/11 15h42m
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Medida atinge grevistas dos bancos federais
O governo federal anunciou na última semana que cortará o ponto dos bancários em greve da Caixa Econômica Federal e do Banco Brasil. A mesma medida foi tomada para a greve dos funcionários da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, e havia sido cogitada para a recém-terminada greve dos servidores técnico-administrativos em educação.
Nesta segunda, a greve dos bancários completa 14 dias. A paralisação dos Correios entra no 27º dia. Nos dois casos, os trabalhadores são representados por entidades vinculadas à CUT, historicamente ligada ao Partido dos Trabalhadores, o da presidente Dilma Rousseff. A despeito disso, a chefe do Executivo mandou dizer que os gestores de bancos e empresas do governo devem se portar como administradores públicos, não como sindicalistas.
Para Marcelo Carrion, diretor do Sindicato dos Bancários de Santa Maria e Região, a ameaça do corte de ponto é mais uma medida autoritária do governo federal. “Isso não nos assusta e só vai fortalecer a categoria. Se pensam que vão nos intimidar estão muito errados”, disse o bancário. Marcelo ainda lembrou que a medida não é oficial, pois o sindicato não foi notificado.
Os bancários também reclamam da falta de negociação por parte dos banqueiros. "Os bancos, cujo lucro cresceu 20% apenas no primeiro semestre do ano, com ganhos de R$ 26,5 bilhões entre as sete maiores instituições financeiras têm condições de retomar as negociações, melhorar essa proposta e atender às reivindicações da categoria. Os bancários estão abertos à negociação, está nas mãos dos bancos por fim à greve", disse Juvandia Moreira, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
Representadas pela FENABAN (Federação Nacional dos Bancos), as casas bancárias ofereceram reajuste de 8%. A CONTRAF (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) reivindica 12,85%, mas a negociação foi interrompida. A CONTRAF calcula que esta já seja a maior greve dos últimos 20 anos, com o fechamento de 8.951 agências nos 26 estados e no Distrito Federal.
Em 2007, assediado por greves de servidores públicos, Lula chegou a declarar que greve sem corte do ponto vira férias. Sob Dilma, o governo emite sinais de que está determinado a levar às últimas conseqüências as palavras do ex-sindicalista e fundador da CUT.
Texto: Mathias Rodrigues (estagiário) com Folha de S. Paulo e Rede Brasil Atual
Foto: Sindicato dos Bancários de Santa Maria
Edição: Fritz R. Nunes
Ass. de Imprensa da SEDUFSM