Estatuinte não será de uma nota só, diz reitor SVG: calendario Publicada em
SVG: atualizacao Atualizada em 10/01/14 19h14m
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Ato solene marcou posse de Burmann na UFSM

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Cerimônia ocorreu na manhã desta sexta (10/01)

A cerimônia de transmissão de cargo realizada na manhã desta sexta-feira, 10 de janeiro, marcou a posse do 11º reitor da Universidade Federal de Santa Maria. Na presença de um grande público composto pela comunidade acadêmica e autoridades, Felipe Müller, em ato simbólico, passou o colar reitoral a Paulo Burmann.

Com uma nova gestão a frente da UFSM, muitas são as dúvidas e expectativas em relação ao futuro da Universidade. Nessa perspectiva, a Sedufsm publica na íntegra a entrevista realizada na quinta-feira, 09 de janeiro, com o novo reitor.

Além da adesão da UFSM a Ebserh, a Estatuinte é umas das grandes bandeiras da gestão e sua discussão deve ter início já no primeiro ano de mandato. Outro desafio, segundo Burmann, é a relação da UFSM com os Cesnors, questão que busca qualificar com a criação da Secretaria de Apoio aos Campi.

Confira a seguir, a continuidade da entrevista que teve sua prévia publicada ontem (09/01) no site da Sedufsm.

Sedufsm - Em momento anterior a adesão da UFSM à Ebserh o senhor se manifestou dizendo que as rédeas do processo devem estar nas mãos da universidade. Como isso irá se estabelecer uma vez que a Ebserh instalada aqui é uma subsidiária da Ebserh criada em Brasília e, por força de lei, deve responder a ela?

Paulo Burmann - Nós não podemos ser ingênuos ao ponto de imaginar que a letra fria da lei não defina alguns parâmetros, mas ao mesmo tempo, nós não podemos imaginar que uma estrutura que está incrustrada dentro na UFSM, que vai servir aos interesses da nossa universidade em um primeiro momento, no ensino, na pesquisa e na extensão, que isso seja feito à revelia da nossa universidade, aos interesses dessa universidade. A função claramente estabelecida do Husm é o ensino, pesquisa, extensão e assistência à população. Por certo há um compromisso nosso de, não apenas como reitor, mas como cidadão, professor e servidor desta universidade, de garantir que esse hospital, como principal hospital público da região, continue atendendo a população 100% SUS e nesse modelo continuar atendendo as nossas demandas de ensino, pesquisa e extensão, porque é um hospital de formação, e como hospital de formação atende também a um dos princípios do SUS, que é a formação de profissionais para atuar na atenção a população, são coisas que se integram. Nós não temos dúvida de que estabeleceremos sim, um papel de relevância nos rumos desta empresa. Já temos pré-ajustada a presença da reitoria no âmbito do hospital universitário nessa fase de implantação da empresa, vai ser uma constante, pela responsabilidade que nós temos sobre esse processo. Nossa responsabilidade diante da implantação da empresa está muito marcada, está clara, a discussão, o debate todo que aconteceu em torno da polêmica que se estabeleceu sobre esse assunto não pode passar em branco. Não é assim, assina o contrato, lavamos as mãos e está tudo resolvido. Nós temos a absoluta convicção de que não está tudo resolvido. Não pouparemos esforços no sentido de garantir que esses princípios básicos que estabelecemos ainda no âmbito do CCS, em relação ao ensino, a pesquisa e a extensão, em relação à assistência 100% SUS, em relação às garantias e as seguranças dos servidores. Essas são diria que, tarefas das quais nós não nos desresponsabilizaremos, pelo contrário, nós estaremos firmes e fortes atuando nesse campo.

Sedufsm - E em relação à estatuinte, como deve se dar essa discussão?

Paulo Burmann - Nós temos que recuperar algumas coisas em relação à estatuinte. O ‘grito’ pela estatuinte é originário do início dos anos 80, final dos anos 70. No processo final do regime militar, da ditadura, havia um clamor de que as estruturas acadêmica, administrativa e política da nossa universidade se adaptassem aos novos tempos de democratização que se instalava no país. As várias tentativas que foram feitas nesse sentido, pelas mais diferentes razões, nós não vamos entrar no mérito do porquê que isso não aconteceu, a realidade é que temos que reconhecer que os esforços na época foram feitos, e parece que, com o passar do tempo, se perdeu um pouco o interesse pelo processo de estatuinte da universidade. Foram sendo feitas reformas, ajustes, adequações, adaptações, mas não chegamos ao momento de discutir com profundidade o que nós queremos em termos de modelo de universidade. Isso pressupõe inclusive a forma, não só de como nós vamos atuar de forma política, acadêmica e administrativamente à frente da universidade, mas também coloca em discussão, e deve colocar em discussão, a forma como a UFSM deve se relacionar com a cidade. Mais do que isso, coloca em discussão um plano institucional de desenvolvimento de longo prazo, não estabelecido para o período de uma gestão de quatro anos, mas para que possamos desenhar onde nós pretendemos estar enquanto universidade daqui há 10, 20 anos, eu diria no mínimo um planejamento para 10 anos.

Sedufsm - Quais seriam os passos para implementá-la?

Paulo Burmann - Não dá pra imaginar que a reitoria vá se apropriar do processo político que é da comunidade e fazer uma estatuinte circunscrita. Esse é um debate amplo, não tem prazo fixo para terminar, mas seria muito razoável que ao final de 2015 nós tivéssemos isso sedimentado, consolidado. Esse é um processo que vai ser deflagrado, já está, a partir do dia em que assumimos os encargos dessa universidade. Fica um convite as entidades para que possamos nos reunir e elaborar um cronograma mínimo, ou dar os primeiros passos em relação a definição da metodologia de como isso vai ser construído. E o método é muito importante. Como ela vai acontecer? Como vai acontecer a discussão? Como ela vai torna-se algo palpável pela comunidade toda? Como a comunidade vai se sentir incluída neste processo e vai efetivamente participar? Quais os mecanismos para que o processo não seja aparelhado por nenhum segmento, por nenhuma instituição ou entidade? Pois se é para ser um processo democrático, tem que ser participativo e amplo, isso é o que nós desejamos. E tem um outro aspecto que não podemos esquecer, por mais compreensão que nós temos, do ponto de vista ideológico, são as questões que envolvem o suporte legal para que essa estatuinte possa ser reconhecida e aprovada institucionalmente, que é um embate que certamente que precisa ser considerado. As visões são as mais diferentes sobre esse tema, e dentro desse aspecto democrático nós temos que entender e compreender a legalidade e respeitar as diferenças. As opiniões não podem ser impostas, não podem ser verticais, nós temos que estar totalmente abertos ao diálogo, e o diálogo pressupõe argumento e contra-argumento. Então nós não podemos imaginar que seja uma estatuinte de uma nota só. Esse é o desafio.

Sedufsm - Até onde a estatuinte pode avançar?

Paulo Burmann - Nós imaginamos que possamos ter um novo modelo político, acadêmico e administrativo para essa universidade, que garanta algumas coisas essenciais que sinalizem muito positivamente para essa inserção social que nós buscamos, que garanta os espaços de decisões democráticos nas decisões que a UFSM precisa tomar frente aos desafios que o dia-a-dia nos impõe e que também possamos ter um modelo acadêmico-pedagógico adequado aos novos tempos do processo educacional. Nós temos uma dificuldade muito grande no processo de ensino e aprendizagem. Vivemos na verdade dentro de um dilema entre o tradicional e o novo. Nós precisamos estar abertos a esse debate, discutir as mudanças que precisam ser conduzidas. O desafio está muito posto, muito bem colocado, tanto que a comunidade está esperando para colocar à mesa todas as suas angústias. Eu não saberia te dizer até onde nós vamos avançar, mas que nós vamos avançar, nós vamos. Qual a dimensão disso, vai ser definido neste debate todo. Por tudo que a gente conhece da nossa comunidade, das entidades, das representações, das lideranças, não há risco de se perder um controle desse processo, de que seja um processo sem fim. A expectativa das pessoas é tão intensa nesse sentido, que ela tem que ser seguida e acompanhada, e está certamente acompanhada pela responsabilidade no encaminhamento dessas discussões. Se o processo é participativo e democrático, essa responsabilidade tem que ser compartilhada. Os resultados serão compartilhados. Nós temos que tomar consciência da forma como isso vai efetivamente acontecer, é um debate, longo, pode ser exaustivo, mas vai ser produtivo.

Sedufsm - A criação da nova Secretaria de Apoio aos Campi é uma das alternativas pensadas pela sua gestão no sentido de minimizar os problemas gerados pela expansão sem o devido planejamento? Como esse trabalho deve se estabelecer?

Paulo Burmann - A grande reclamação dos campi hoje está vinculada a uma certa sensação de distanciamento geográfico das decisões que são tomadas na universidade. Isto está muito ligado com a comunicação, da forma como os campi se relacionam com a sede. Primeiro, eu diria pela forma apressada, com pouco planejamento na implantação desses espaços. Segundo, pela pouca experiência da nossa universidade para se constituir em uma universidade multicampi. Isso não é a nossa cultura, quantos anos nós vivemos no campus da UFSM sede? Lá no início, na criação da nossa universidade, era para ser multicampi e depois nós mantínhamos um campus da UFSM em Roraima até meados dos anos 80, e isso ficou abandonado lá, ou seja, há trinta anos. De lá pra cá, a primeira experiência com um novo campus foi em 2004, com a criação dos CESNORS – Frederico Westphalen e Palmeira das Missões, e nenhum deles tem estrutura de campus, tem estrutura de unidade, que é diferente da estrutura de campus. Estrutura de campus pressupõe autonomia nas decisões no âmbito do campus, que é o que nós pretendemos fazer mesmo antes da estatuinte, por entender as necessidades que existem nestas duas cidades, em Silveira Martins também, e agora na implantação do campus de Cachoeira do Sul, que já vai ser implantado com a estrutura de campus. Então essa cultura é nova, é natural que a gente viva alguns solavancos nisso, especialmente se não houve um planejamento adequado para isso, diferente do campus de Cachoeira do Sul que nós tivemos tempo discutindo, lançando e prevendo uma estrutura que torne o campus de Cachoeira do Sul sustentável, colando cursos que garantam a estrutura e a sustentabilidade do próprio campus. Então isso se trata de planejamento, já tem uma segunda fase planejada, não é pouca coisa. A secretaria vem exatamente para fazer essa ligação direta dos campi com a reitoria, com as pró-reitorias, ser a voz dos campi dentro da administração central. Representa a embaixada, digamos assim, dos campi na administração central, até que esta cultura seja assumida pela universidade toda, cada campi da universidade é a Universidade Federal de Santa Maria, os campi hoje vivem uma certa crise de identidade. A secretaria se faz necessária, eu diria por um período, até que as coisas mudem em termos de visão da universidade em relação as unidades de campi.

Sedufsm - Nessa linha então, o campus que será implementado em Cachoeira do Sul deve seguir um modelo ou planejamento diferente da instalação dos outros três campi já instalados?

Paulo Burmann - Exatamente, paralelamente a isso nós vamos estar trabalhando também na estruturação dos demais, procurando sanar as deficiências encontradas. Se for pensar em problemas relacionados à infraestrutura desses campi, eles estão muito distantes. O dimensionamento do quadro de servidores dentro desse processo de expansão, no qual foram criados os campi, e por consequência de um certo açodamento na sua criação, algumas coisas foram, não diria que negligenciadas, mas não foram valorizadas adequadamente, como o número de servidores adequado ao tamanho dos campi. Dentro do processo de expansão do Reuni, por exemplo, há situações importantíssimas que estão comprometendo o funcionamento de determinada áreas, em termos de qualidade e isso repercute diretamente na formação, e repercute no papel que tem a universidade em formar profissionais comprometidos com as demandas da sociedade. É uma corrente com ligação direta com a comunidade, e por isso nós temos que pensar com muita cautela e cuidado na implantação do novo campus de Cachoeira do Sul e a solução dessa demanda reprimida nos demais campi, que não é pouco. Em função desse crescimento rápido e com pouco planejamento, nós descuidamos também daquilo que já estava implantado. Vamos pensar na defasagem do quadro de servidores em cursos de departamentos mais tradicionais e mais antigos, temos defasagens drásticas, cursos com entrada de 70 alunos atuando com nove ou dez professores, outros com três, quatro professores ligados diretamente a área de formação, essa é uma demanda reprimida. Se for pensar em infraestrutura, está aí a impressa noticiando as dificuldades que passa a nossa universidade no quesito de segurança em prédios, em espaços onde a comunidade frequenta. Foi notícia recente a questão dos PPCI’s (Plano de Prevenção e Proteção Contra Incêndio) particularmente na Casa do Estudante, nós temos dois mil estudantes aqui, é um aglomerado populacional maior que muitos municípios do RS que precisam de uma atenção da universidade, precisam, é questão de segurança, é cumprir a legislação, é uma necessidade, a premência que nós temos é de oferecer segurança para esses estudantes, de oferecer segurança para os usuários da nossa universidade. Esse é um desafio, cumprir a lei é uma consequência disso. Nós temos uma nova legislação nessa área que está sendo regulamentada através de algumas portarias do governo do Estado e nós precisamos nos adequar a isso. É um grande desafio que vamos ter que enfrentar e vamos precisar da ajuda de todos, das entidades, das representações, das lideranças e da comunidade como um todo, de forma com que cada um tenha noção da sua responsabilidade dentro desse processo. A universidade não é da reitoria, é de todos, de cada um de nós que fazemos o dia-a-dia dentro da instituição, a universidade é da comunidade, daqueles que esperam as respostas da universidade. Então nós precisamos ter consciência do nosso papel e assumir a nossa responsabilidade. Os gestores tem uma responsabilidade maior sim, mas isso não exime a comunidade em geral de estar comprometida com o crescimento e com a qualidade da nossa universidade. Queremos ver uma projeção nacional e internacional, num ambiente tranquilo, democrático, participativo, onde as pessoas se sintam bem, isso é o que nós esperamos da nossa universidade.

 

Leia aqui  a primeira parte da entrevista com Paulo Burmann publicada na quinta-feira (09/01).

 

Texto e foto: Ana Paula Nogueira (Jornalista Interina)
Colaboração: Carina Carvalho (Estagiária)
Assessoria de Imprensa da Sedufsm

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