Rodoviários de SM e as más condições de trabalho SVG: calendario Publicada em
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Sindicato da categoria pede reajuste e critica isenções de passagens

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Algum tempo atrás, uma das causas para que motoristas e cobradores de ônibus fossem afastados do trabalho era problemas de coluna. Agora, no entanto, são o stress e a depressão que se apresentam como os grandes males para os trabalhadores rodoviários. Grande parte desses problemas pode ter origem nas questionáveis condições de trabalho reservadas à categoria, carente de segurança, de plano de saúde, de abrigos nos terminais. Acoplado a isso, a corrosão dos salários pela inflação nos últimos anos. O presidente do Sindicato dos Trabalhadores e Condutores de Veículos Rodoviários de Santa Maria e Região (Sitracover), Rogério Santos da Costa, foi quem elencou essas demandas em entrevista à Assessoria de Imprensa da Sedufsm.

“Precisamos de abrigos com água potável, sanitário, refeitório. A maior parte das empresas possuem os abrigos, mas eles são privados. Porém, a alegação deles é que em locais públicos a prefeitura tinha que autorizar ou legislar sobre isso. Exemplo: terminal da Vale Machado. O trabalhador chega ali, não tem abrigo. O próprio fiscal fica um tempo num ‘solaço’ desses ou com chuva. Ele não tem onde fazer suas necessidades fisiológicas, não tem água potável e nem refeitório. E aí ele fica pedindo para o comércio, e o comércio não gosta de estar emprestando e nem tem essa obrigação”, conta o dirigente.

Outra questão apontada por Costa é a defasagem no tempo necessário para efetuar o itinerário. Ele explica que, apesar do caminho a ser transcorrido pelos veículos ter sofrido alterações ao longo dos anos, o tempo destinado para que o motorista cumpra o trajeto segue o mesmo. O sindicalista trabalhou há cerca de 30 anos na Expresso Gabardo, empresa que vai até a Universidade Federal de Santa Maria (Ufsm), e lembra algumas particularidades do trajeto atual, inexistentes há três décadas. “Na época que eu trabalhava não tinha controle de velocidade, que hoje tem. Não tinha aquela sinaleira do KM 3. Não tinha esse número excessivo de carros e toda essa confusão do trânsito que você conhece. E aí o itinerário muda, mas o tempo de viagem do motorista continua o mesmo. Temos situação de outras linhas”, explica.

E nessas outras situações citadas por Costa está uma relação de excessiva proximidade entre empresas e alguns vereadores. O dirigente relata a existência de casos em que um vereador ou assessor político solicita a ampliação da linha para que o ônibus passe em frente à casa de uma pessoa, apenas para pegá-la. “E aí começa a esticar a linha, com o mesmo tempo para o motorista fazer a viagem, para pegar uma pessoa. O interessante é que todo esse trajeto vai para a planilha de custo. Essa quilometragem está sendo feita às vezes para buscar um cidadão”, conta.

A falta de segurança para os motoristas e cobradores também foi pontuada, tendo em vista que vêm sendo registradas ocorrências de violência junto aos veículos. Costa ressalta que já foi solicitada à prefeitura a colocação de guardas municipais nos bairros.

Banco de horas e quinquênio

Uma das reivindicações da categoria dos rodoviários em Santa Maria é o fim do banco de horas. O presidente do Sitracover explica que na convenção dos trabalhadores não há compensação de horas, entretanto a Associação dos Transportadores Urbanos (ATU) vem usando essa prática com a alegação de que como não há aumento no preço da tarifa há dois anos, é preciso reduzir os custos das empresas, sendo o banco de horas uma forma de se chegar a isso.

O retorno do quinquênio – adicional de 5% ao salário a cada cinco anos de serviços completados – também é uma pauta constante, visto que atualmente esse direito encontra-se congelado. “Na época os empresários propuseram que se não houvesse o congelamento do quinquênio, os trabalhadores não fechariam cinco anos. Levamos para a assembleia e o trabalhador acabou concordando”, diz o presidente do sindicato, salientando que aquela decisão da categoria – de acatar a proposta patronal – deu-se em uma época em que o emprego era escasso.

Quanto às questões salariais, a categoria já teve duas reuniões com os patrões, nas quais os últimos acenaram com o reajuste de 1,77% que teria ficado pendente desde a última proposta de aumento malsucedida, no ano de 2013. “Pegamos só a inflação do período, 6,67%, e quando tivesse o reajuste da tarifa, viria os 1,77%. Devido a todas as questões, tragédia da Kiss e etc, não houve evolução na questão da tarifa. O nosso pedido é um reajuste de 14%, que é a inflação do período (média de 6%), mais o 1,77% e 6,23 de ganho real. Importante saber que há dez anos um motorista ganhava quatro salários mínimos. Hoje a perda dele, se nós formos ver que a partir de primeiro de janeiro o salário mínimo é R$ 724,00, é de R$ 993 reais”, pontua Costa.

Impostos e gratuidade

O presidente do Sitracover acredita que a tarifa no Brasil é cara, e que para contribuir para o barateamento dos custos, os governos federal, estaduais e municipais deveriam contribuir a partir da desoneração de impostos. Em nível federal, Costa defende a retirada de impostos na produção de carrocerias de ônibus, pneus e etc; em âmbito estadual, a eliminação do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) daquilo que envolve a tarifa; e na esfera municipal, a supressão do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN).

Entretanto, ele aponta as gratuidades como uma das responsáveis pelo alto preço da passagem. “Eu concordo com muita gratuidade, mas quem é que está pagando essa gratuidade? Se vai para a planilha de custo, quem está embarcando e pagando a passagem está pagando a gratuidade para o outro. Então seria muito mais justo que toda sociedade pagasse essa conta das gratuidades. Toda a sociedade através dos nossos impostos. E agora, quem é que está pagando? Quem passa a roleta e paga a tarifa”, finaliza Rogério Costa.

Texto: Bruna Homrich

Foto: Sitracover

Edição: Fritz R. Nunes

Assessoria de Imprensa da Sedufsm

 

 

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