Usuários reclamam da superlotação e falta de linhas de ônibus
Publicada em
18/02/14 18h20m
Atualizada em
18/02/14 20h56m
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Opinião de populares se opõe à propaganda positiva da prefeitura de Santa Maria
Teresa Cristina é moradora do bairro Passo das Tropas. Todos os dias, utiliza o transporte coletivo de Santa Maria para chegar ao trabalho, deixar os filhos na escola e levar um deles, portador de necessidades especiais, até o local onde recebe tratamento. No paradão da Avenida Rio Branco, acompanhada de três crianças, ela contou que, em seu bairro, além de os horários de ônibus já serem escassos, muitos não vêm na hora prevista e, quando aparecem, estão superlotados. “É muita lotação, eles tinham que colocar mais ônibus. Por exemplo, onde eu moro, o pior horário de ônibus é bem na hora do pique, que é às 17h30. Ao invés de colocarem dois ônibus, eles colocam um. É superlotação e a gente se sente muito mal. Apesar de pagar passagem, eu acho bem ruim”, diz Teresa.
Para ela, o aumento na passagem votado no Conselho Municipal de Transportes (CMT) desta segunda-feira não condiz com as condições oferecidas pelas empresas da cidade. “Às vezes a gente vem e espera uma hora para vir um ônibus superlotado. Devia de ter ar-condicionado em todos os ônibus, principalmente com esse calorão. Com esse preço os ônibus deviam ser bem melhores”, opina a trabalhadora.
Da mesma forma que Teresa e mais tantas outras mulheres e homens, Luciana Gehrtki também necessita do transporte coletivo diariamente para que consiga chegar ao trabalho. Ela utiliza a linha Salgado Filho, a pior da cidade, em sua avaliação. Quando precisa vir do seu bairro para o centro, Luciana se depara com uma grande escassez de horários. “É a pior empresa, demora demais. Tem problema de superlotação. Horários de meio dia e à tardinha, principalmente, sempre vêm lotados. Agora não tanto porque os colégios estão de férias, mas na época do colégio é um terror, dá vontade de saltar pela janela de tanta gente que tem. Com certeza tem que ter mais linhas”, critica. Ao sair do trabalho, Luciana tem de pegar um ônibus que vem das proximidades do mercado Big até o centro, para que, então, consiga entrar no veículo que vai até seu bairro. “Acho caro demais. Vou pagar quase R$ 3,00 só pra vir do meu bairro até aqui [centro]”, critica.
Justificativas da prefeitura
Os problemas relatados pela população usuária contrastam com o que vem sendo dito pela prefeitura municipal de Santa Maria. Em entrevista à assessoria de Imprensa da Sedufsm, o secretário de Mobilidade Urbana, Miguel Passini, assegurou que as melhorias no transporte público em Santa Maria são visíveis. “Em Santa Maria temos 596 linhas de ônibus e acreditamos que atendemos todos os bairros”, diz.
Os problemas de superlotação e falta de linhas parecem, na declaração oficial do secretário, não constituir um grande problema. Ele admite o problema da superlotação nos veículos que vão até a Universidade Federal de Santa Maria (Ufsm). “A questão da lotação tem um gargalo que é a universidade, em que geralmente lota os ônibus em função de que todo mundo vai no mesmo horário. Pretendemos agora, com a volta das aulas, fazer uma experiência de ter ônibus direto à universidade, para ver se resolvemos esse problema”, enfatiza Passini.
A estudante da Ufsm, Maria Barcelos, entretanto, garante que esse é um problema já de muitos anos na cidade. “A maioria dos ônibus para a universidade vai lotado, e eles sabem todo ano que a maioria dos estudantes pega ônibus e está sempre lotado. Eles não mudam. O preço da passagem que a gente paga é injusto, a gente vai praticamente enlatado daqui”, critica, adicionando que o intervalo de tempo entre um ônibus e outro é muito grande.
Gratuidade e novo cálculo da tarifa
Ao ser questionado sobre a proposta de um novo cálculo para a tarifa do transporte coletivo na cidade, o secretário disse que Santa Maria tem a menor passagem do estado hoje, se comparada com cidades de porte similar. Além disso, quanto ao impacto no bolso da população, ele foi taxativo: “Eu não vou tecer comentários sobre se é justo ou não. Eu só faço o que a lei determina”, diz.
“Eu entendo que para o trabalhador que trabalha com carteira assinada quem paga o transporte é o patrão. O estudante paga 50% e na segunda passagem não paga nada. Acima de 60 anos é gratuito. Então nós chegamos a 30% de gratuidade. Se não tivesse gratuidade a tarifa seria de R$ 1,70”, complementa Passini.
Apesar do aumento, o representante da administração municipal não garantiu que venha alguma melhoria com o novo valor. Segundo o secretário, “isso depende de como o Conselho vai avaliar. O CMT vai avaliar e decidir se é viável ou não. Em função disso pode se tentar melhoria no sistema. Mas eu não posso dizer nada. Cabe a mim fiscalizar o transporte e ver a tabela Geipot”.
Abrigos para rodoviários
Há alguns dias a assessoria da Sedufsm entrevistou o presidente do Sitracover, Rogério Costa, que relatou o problema da falta de abrigos para os trabalhadores rodoviários. Dando o exemplo do terminal da Vale Machado, em que os funcionários das empresas não têm lugar onde fazer suas necessidades físicas, comer ou beber água, ele disse haver um impasse sobre se essa responsabilidade seria das empresas ou da prefeitura.
Passini disse entender que quem deve arcar com os abrigos são as empresas, pois seria uma questão entre a classe patronal e os trabalhadores. Contudo, falou: “Me parece que na Vale Machado, onde larga os ônibus, o trabalhador não fica mais de cinco minutos”.
Na última segunda-feira, 17, a reunião do CMT aprovou, por 11 votos favoráveis e quatro contrários, o aumento no preço da tarifa de ônibus, que iria para R$ 2,63. Esse valor foi arredondado para R$ 2,60 e aprovado pelo prefeito Cezar Shirmer. O novo preço entrará em vigor a partir dessa sexta-feira, 21.
Texto e foto: Bruna Homrich
Edição: Fritz R. Nunes
Assessoria de Imprensa da Sedufsm