OCDE: desigualdade deve aumentar nos próximos anos
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Atualizada em
07/07/14 14h24m
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Causas estão na financeirização e na globalização da economia, diz professor da Ufsm
A desigualdade econômica observada nos últimos anos só tende a piorar nas próximas décadas e isso aconteceria a partir do momento em que trabalhadores altamente qualificados obtenham ganhos maiores com os avanços tecnológicos. A constatação é da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Apesar de concordar com a tese de que a desigualdade tende a aumentar, Sérgio Prieb, professor do departamento de Ciências Econômicas da UFSM, discorda do diagnóstico dessa causa. Para o economista, a origem está na própria essência do capitalismo, que tende não apenas a perpetuar essas desigualdades, mas a ampliá-las em um contexto de globalização e financeirização da economia.
Na análise de Prieb, o estudo da OCDE é correto no momento em que prevê a ampliação dos desníveis sociais, contudo, falha ao atribuir a causa às diferenças salariais e não às disparidades de ganhos entre capital e salários. Para a Organização, a solução apontada é que os governos invistam mais em educação e construam sistemas fiscais progressivos. Já no entendimento do economista, a saída apontada pela OCDE é uma solução ao estilo da chamada “Teoria do capital humano”, na qual se conclui que o problema se origina na falta de qualificação dos trabalhadores, ou seja, eles mesmos são culpados pela situação em que se encontram.
Conforme a análise divulgada pela OCDE, a desigualdade vai continuar crescendo ao longo dos próximos 50 anos, embora se espere que os ganhos reais subam em todas as camadas de renda. Nesse ritmo, a desigualdade média entre os rendimentos brutos os países da OCDE chegará em 2060, ao nível dos Estados Unidos, país cuja diferença de renda é uma das maiores do grupo.
Para o professor de Economia, a distância cadê vez maior entre ricos e pobres não é novidade, pois faria parte da essência do capitalismo. O economista cita Karl Marx, autor de “O Capital”, que em meados do século XIX afirmava que a construção da riqueza de alguns poucos é resultado da miséria de milhões. “Ao contrário do que muitos defensores da desigualdade gostam de afirmar, esta não é ‘natural’ ao ser humano. Não é porque ‘alguns na loteria da vida tiraram um bilhete em branco’, como afirmava (Thomas) Malthus. A desigualdade não resulta de uma mera fatalidade ou porque alguns são mais ‘capazes’ que outros, mas sim porque no capitalismo, se alguns ganham é porque outros tantos perdem. É impossível todos ganharem ao mesmo tempo, por isso a sociedade capitalista está dividida em classes sociais”, finaliza Prieb.
Fonte: UOL
Foto:Divulgação
Edição: Fritz R. Nunes (Sedufsm)