Plano Real, 20 anos depois
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11/07/14 16h04m
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Economistas veem pontos positivos e o que ainda não foi equacionado
Neste mês de julho o Plano Real, instituído em 1994, pelo então presidente Itamar Franco, que tinha no ministério da Fazenda o sociólogo Fernando Henrique Cardoso, completou 20 anos. O plano econômico resultou em uma nova moeda, o Real, que permanece até os dias atuais. Para dois professores da área de Economia- Ricardo Rondinel (UFSM) e Flavio Fligenspan (UFRGS)-, o balanço após duas décadas é positivo. Entretanto, até mesmo porque a economia é dinâmica, há problemas ainda não solucionados que precisam ser atacados, na visão dos professores.
Para Rondinel, o balanço desses 20 anos após o surgimento do Real é muito bom. Segundo ele, a queda da inflação a patamares menores, possibilitou uma política de redistribuição de renda, de recuperação do salário mínimo. A dificuldade que ainda persiste, conforme análise do professor da UFSM, é que os salários estão desindexados, mas o capital não. O trabalho ainda luta para recuperar as perdas inflacionárias, enfatiza Rondinel. Entretanto, ele faz questão de ressaltar, para a maioria das categorias de trabalhadores houve uma recuperação do poder de compra salarial ao longo dos anos.
Flavio Fligenspan, em artigo publicado no jornal eletrônico Sul 21, também ressalta que o melhor resultado do Plano Real foi ter dado condições para que houvesse uma melhora na distribuição de renda no país. Contudo, o professor da UFRGS alerta que, se as taxas de inflação atuais em torno de 6% ao ano representam um resultado espetacular quando comparadas àquelas dos tempos pré-Real, elas ainda são altas para quem pretende trabalhar com uma economia realmente estável e com boas condições de crescimento.
Conforme o economista, se o Real teve como símbolo o combate à indexação, não se deve perder de vista que este fenômeno ainda está presente e representa uma parte não desprezível do índice anual de inflação. Na análise de Flavio Fligenspan, o que o Plano Real ainda não ofereceu, mesmo após duas décadas, é um crescimento econômico efetivo, duradouro. Para o professor, é necessário pensar que a estabilidade não é um fim em si mesmo, mas um meio para as sociedades avançarem em justiça social (redistribuição) e crescimento (geração de emprego e renda).
Redução no poder de compra
A inflação ao longo dessas duas décadas, apesar de não ter atingidos patamares de hiperinflação, como ocorreu entre o final dos anos 80 e início dos 90, existiu e corroeu o poder de compra. Conforme análise do matemático financeiro José Dutra Vieira Sobrinho, publicada no portal da Cobap (Confederação Brasileira de Aposentados, Pensionistas e Idosos), a moeda brasileira lançada em 1º de julho de 1994, avaliada até 1º de fevereiro de 2014, sofreu uma desvalorização de 77,65%. Com isso, afirma o matemático, a nota de R$ 100 vale hoje, na prática, R$ 22,35. No cálculo de Sobrinho, a moeda brasileira teve redução de seu valor em quase um quinto em 20 anos.
Texto: Fritz R. Nunes com informações do Sul 21 e Portal da Cobap
Imagem: Divulgação
Assessoria de imprensa da Sedufsm