Expansão do ensino superior a distância e seus efeitos SVG: calendario Publicada em 10/09/14 17h07m
SVG: atualizacao Atualizada em 10/09/14 17h46m
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EaD aumenta 24 vezes num período de 11 anos e afeta realidade docente

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EaD está na pauta de debates para o ANDES-SN aprovada no 59º Conad

Os cursos de graduação a distância registraram crescimento de 15,7% entre 2012 e 2013, segundo dados do Censo da Educação Superior, divulgados na última terça, 9, pelo MEC (Ministério da Educação). Nos últimos 11 anos, a oferta de cursos na modalidade cresceu 24 vezes.

Em 2013, 1.258 cursos de ensino a distância foram registrados contra 52 em 2012. Do total de cursos oferecidos no ano passado, 240 eram bacharelados, 592 licenciaturas e 426 tecnológicos. O levantamento mostra também que os cursos a distância oferecidos em instituições privadas de ensino superior representaram 87% do número de inscritos, com 999.019 matrículas. De acordo com o Censo, os cursos de licenciatura registraram o maior número de matrículas. Em 2013, foram contabilizadas 451.193 inscrições, representando 39%. Cursos de bacharelado e tecnológicos somaram 361.202 (31%) e  341.177 (30%), respectivamente. 

Para Adriano Figueiró, presidente da Sedufsm e professor do departamento de Geociências da UFSM, os dados divulgados pelo MEC apresentam uma triste realidade da educação brasileira: a maior parte dos cursos a distância continua sendo os cursos de licenciatura, como se a formação de professores para atender a já desvalida Educação Básica no Brasil, pudesse ser feita a partir de uma formação com um patamar rebaixado de qualidade, enquanto que os cursos que têm por obrigação a formação de profissionais para atender as demandas de crescimento da indústria e da economia em geral, não abrem mão de uma formação presencial e de maior qualidade.

Mesmo quando são analisados os 1.097 cursos de bacharelado oferecidos pelas universidades públicas e cadastrados na base de dados do MEC, observa-se, segundo Figueiró, que eles abrangem tão somente oito áreas diferentes, sendo a amplíssima maioria constituída de cursos de Administração, que são cursos já conhecidos por serem oferecidos por faculdades particulares, devido ao seu baixo custo de implantação, acarretando em duvidosa qualidade de formação dos seus egressos.

O tema do ensino a distância (EaD), aliás é um dos pontos de pauta dos debates que o ANDES-SN se dispõe a fazer no próximo período. No recente 59º Conad, ocorrido de 21 a 24 de agosto, em Aracaju (SE), ficou definido que haverá um seminário sobre estrutura organizativa entre os dias 31 de outubro, 1º e 2 de novembro. Durante esse encontro, os temas da organização multicampi, a precarização do trabalho e o EaD estarão contemplados.

Envolvimento sindical

No entendimento de Adriano Figueiró, é fundamental que o sindicato discuta esses temas, inclusive o EaD, pois a expansão dessa modalidade implica no padrão de qualidade da formação das universidades brasileiras, especialmente no que se refere à qualificação dos profissionais que promovem a formação dos alunos. Considera Figueiró que embora a maior parte dos professores responsáveis pelas disciplinas de EAD seja de professores efetivos dos quadros das universidades, quase todo o processo de mediação do processo formativo é feito com tutores contratados de forma precarizada e com uma qualificação muito abaixo do que seria o desejável para garantir uma formação adequada para os alunos matriculados nos cursos a distância.

Na análise do presidente da Sedufsm, de nada adianta termos à frente de uma disciplina um professor com alta qualificação para o desenvolvimento de determinada disciplina, se o papel dele não for o de interagir diretamente no processo de formação dos alunos matriculados naquela disciplina. Além disso, ressalta Figueiró, em muitos casos, há exemplos de que até mesmo o professor da disciplina é contratado de forma precarizada, rebaixando de forma significativa as condições de trabalho que deveriam garantir a indissociabilidade  que marca o fazer universitário entre ensino, pesquisa e extensão.

Bolsas e precarização

A expansão acelerada do EaD acaba cumprindo um outro papel assinalado por Adriano Figueiró. Ele destaca que mais do que uma formação de nível superior para atender às necessidades de qualificação demandadas pela sociedade, o ensino a distância vem cumprindo, na maior parte dos casos, um papel de alimentação de uma bolsa de diplomados de baixa qualidade e sem colocação imediata no mercado, cuja existência só se justifica pela busca dos professores universitários por complementação salarial via bolsas e verbas administradas pelas Fundações.

Para Figueiró, não há dúvida de que esse cenário representa um passo a mais no processo de precarização do trabalho docente, já que dá início a uma terceirização da atividade fim das universidades, por meio da contratação e proliferação de profissionais temporários dentro das universidades públicas brasileiras e cujo envolvimento com as questões mais amplas da vida universitária é quase ausente.

Clique aqui para ver mais dados sobre a expansão do EaD em matéria do Portal Uol.

Texto e foto: Fritz R. Nunes com informações do UOL

Assessoria de imprensa da Sedufsm

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