Diretor da Sedufsm debate racismo e ações afirmativas SVG: calendario Publicada em 18/09/14 12h39m
SVG: atualizacao Atualizada em 18/09/14 14h12m
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Getulio Lemos falou aos novos servidores da unidade de Cachoeira/Ufsm

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Mesmo após a abolição da escravatura no Brasil, em 1888, diversas leis surgiram para restringir o povo negro de direitos básicos como o recebimento de salário e o acesso à terra. Posteriormente, tal racismo deixou de ser institucionalizado na forma de leis, porém se fortaleceu, em nosso país, uma cultura opressiva que, embora não reconhecida legalmente, encontra coro em um passado de preconceito. A análise é do professor Getúlio Silva Lemos, tesoureiro-geral da Sedufsm e vice-presidente da Comissão de Ações Afirmativas da Ufsm. O docente participou do Seminário de Recepção e Integração Para os Novos Servidores Docentes e Técnico-Administrativos em Educação, destinado a acolher os novos trabalhadores da unidade da Ufsm em Cachoeira do Sul, na última terça, 16.

Lemos conta que, quando estudante de Educação Física na Ufsm, era o único aluno negro da turma. Posteriormente, durante os 38 anos de atividade docente na instituição, não teve mais de 30 alunos negros e dois alunos portadores de necessidades especiais. Do total de professores da Ufsm, os negros não atingem 1%. Para ele, existe um claro descompasso entre a universidade e a sociedade, já que, fora dos muros da instituição, a maioria do povo é declarado pardo ou negro. “O Brasil tem uma cultura que não permite aos negros, indígenas e portadores de necessidades especiais o acesso ao ensino superior. As ações afirmativas viverão até que se mude essa cultura”, pondera o docente, explicando que a política de cotas é fruto de um fortalecimento do movimento negro, em especial nos últimos 30 anos.

Apoiando-se em situações pessoais de preconceito já sofridas, o professor explicou aos novos servidores a importância do programa de ações afirmativas como forma de reparar a dívida que a universidade tem com setores historicamente oprimidos e restringidos do acesso ao ensino superior. Quando institucionalizadas as cotas nas universidades públicas brasileiras, através da lei federal 12.711, de 2012, foi possível perceber, segundo Lemos, o caráter multifacetário do racismo, que ganha diferentes contornos ao longo do tempo. Exemplo de um racismo maquiado é a posição contrária às cotas que se sustenta no argumento de que, ao aceitar essa política, os próprios negros se segregam. Assim, a vítima é transformada em algoz. Outro argumento falacioso diz que estudantes cotistas possuem desempenho menor ao de estudantes que ingressam pelo sistema universal. Com base em estudos feitos na Comissão, Lemos procura descontruir essa visão, salientando que a média mantém-se e, em determinados cursos, como naqueles da área rural, os cotistas indígenas atingem inclusive médias acima do padrão.

Permanência para os cotistas

O tesoureiro-geral da Sedufsm esclareceu que, após terem sido conquistados avanços no acesso ao ensino superior, chega a hora de lutar pela permanência dos estudantes cotistas. Mais estudantes têm ingressado na universidade, contudo, pela falta de condições financeiras, muitos param no meio do caminho. Por isso, a necessidade de uma política de assistência estudantil que consiga inibir a evasão e a repetência, explica Getúlio Lemos.

Outra problemática que a Comissão vem tentando superar é a das tentativas de fraudes nas vagas destinadas aos cotistas. O docente explica que, com o objetivo de se apoderar de um direito conquistado pelos setores historicamente oprimidos, algumas pessoas se auto-declaram negras, porém não o são. Como forma de resolver esse problema, a Ufsm faz análise do fenótipo do indivíduo que concorre ao programa de cotas, e, assim, já se firma como referência nacional no combate às fraudes nas ações afirmativas.Durante sua exposição, o professor exibiu o vídeo produzido na Comissão de Ações Afirmativas da Ufsm. O documentário é composto por declarações de diversos militantes do movimento negro e estudantes cotistas.

“Que vocês se posicionem e procurem, dentro de vocês, essa consciência. É importante progredir na carreira, mas temos também de perceber nosso compromisso com a sociedade”, diz Lemos aos novos servidores de Cachoeira, e aconselha: “Envolvam-se em movimentos sociais para fortalecer a fraternidade. Pequenos movimentos podem fazer grandes transformações”, enfatizou.

Texto e fotos: Bruna Homrich

Edição: Fritz R. Nunes

Assessoria de Imprensa da Sedufsm

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