Professor denuncia que alterações na carreira servem à retirada de direitos
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18/09/14 14h16m
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Ricardo Rondinel analisa desmonte da carreira promovido pelo governo federal
As alterações na carreira docente sempre vieram para que os sucessivos governos gastassem menos com os trabalhadores e, dessa forma, retirassem direitos. Foi assim que o presidente da Comissão Permanente de Pessoal Docente (CPPD) e membro do Conselho de Representantes da Sedufsm, Ricardo Rondinel, sintetizou o desmonte observado na carreira. Para isso, analisou desde a implementação do Plano Único de Classificação e Retribuição de Cargos e Empregos (PUCRCE) , em 1987, até a instituição do Plano de Carreira e Cargos do Magistério Federal (PCCMF), em 2012. Na última terça-feira, 16, Rondinel realizou palestra sobre carreira aos novos docentes do campus da UFSM em Cachoeira do Sul.
Resultado de uma ampla mobilização nas instituições de ensino superior – que na época dividiam-se em autarquias e fundações -, a aprovação do PUCRCE inseriu-se no contexto de redemocratização do país, onde, ao lado de outras categorias, os docentes também encabeçaram um movimento grevista. Através da greve, conseguiu-se unificar autarquias e fundações e aprovar um plano de carreira que apresentava uma clara matriz salarial, norteadora das remunerações nos três regimes de trabalho então existentes: 20 horas, 40 horas e Dedicação Exclusiva. Existiam então as classes de professor Auxiliar, Assistente e Adjunto, cada uma apresentando quatro níveis. Progredir de classe implicava reajuste de 10% e, chegando a professor titular, tal porcentagem passava para 25%. Contudo, como era necessário realizar concurso público para se alcançar o posto de docente titular, poucos chegavam a esse estrato, visto que as vagas em concursos eram escassas.
Com a lei 12.772, de 2012, foi implementado o PCCMF, que posteriormente sofreu algumas alterações na lei 12.863, de 2013. Rondinel explica que, no novo plano, o governo federal conseguiu impor políticas nocivas à carreira do professor federal, tais como achatamento da curva salarial, redução dos vencimentos básicos, extinção dos anuênios e achatamento dos 'steps'. Outras ações previstas pelo novo plano são a criação de gratificações e a instituição de uma nova classe de professor associado. Segundo o PCCMF, há cinco classes: A = professor adjunto A; B = professor assistente; C = professor adjunto; D = professor associado; E = professor titular. Um aspecto ressaltado pelo presidente da CPPD é o de que o novo plano não especifica quais atribuições são específicas de cada classe.
A palestra promovida por Rondinel foi marcada por várias perguntas dos novos docentes, mostrando que o tema ‘carreira’ desperta grande interesse e capacidade de mobilização na categoria. Isso também explica a centralidade que o ANDES-SN vem conferindo à defesa da carreira docente, tema dos debates e ações a serem promovidos no mês de outubro pelo Sindicato Nacional. Já no mês de setembro, o mote da agenda nacional docente tem sido a defesa dos direitos dos aposentados.
Texto e fotos: Bruna Homrich
Edição: Fritz R. Nunes
Assessoria de Imprensa da Sedufsm