Lideranças da Bolívia e Peru falam sobre lutas na América Latina SVG: calendario Publicada em
SVG: atualizacao Atualizada em 14/10/14 15h54m
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Oscar Oliveira (Bolívia) e Hugo Blanco (Peru) participaram de evento em Santa Maria

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“Que sejamos todos como a água, que é transparente, está sempre em movimento e é alegria para todos e todas”. A frase que Oscar Oliveira, líder sindical da Bolívia, escolheu para concluir sua fala em um evento ocorrido na última semana, em Santa Maria, é alusiva a uma das principais pautas defendidas pelo militante: a manutenção da água como recurso público e coletivo, em contraposição à sua apropriação pelas grandes empresas. Em conversa com a assessoria de imprensa da Sedufsm, Oliveira contou que fora dirigente sindical estadual e nacional dos metalúrgicos bolivianos ao longo de vinte anos. Há algum tempo, contudo, largou o trabalho na fábrica de sapatos e tomou o rumo do campo, trabalhando, hoje, com crianças de seis a 12 anos em duas escolas rurais.

No ano 2000, a cidade de Cochabamba, na Bolívia, conheceu a ‘Guerra da Água’, mobilização que reuniu diversos movimentos sociais em torno da luta contra a privatização desse recurso natural pela empresa Águas de Tunari – aliança entre empresários bolivianos, estadunidenses e espanhóis. Em certo momento, a água passou a faltar em vários pontos da cidade, uma das mais populosas daquele país. A forma como Oliveira passou de líder sindical a uma das principais figuras de referência nessa insurreição que ultrapassou em muito os limites do sindicalismo foi relatada brevemente por ele. “Entendi, como operário metalúrgico que trabalhava em uma fábrica de sapatos, que para fabricar um par de sapatos necessitava de oito mil litros de água. Não podia seguir trabalhando em uma atividade produtiva que está matando a natureza. A água é um bem comum. As lutas são comuns, pois os inimigos são os mesmos e somos todos um povo só. Isso foi o que nos moveu a sair às ruas e lutar contra a apropriação da água pelas multinacionais”, diz Oliveira, explicando que a frente em defesa da água reunia, além de sindicalistas, trabalhadores urbanos, rurais, indígenas, dentre outros setores sociais.

Nesse contexto social de ataques aos direitos e privatização de recursos básicos à manutenção da vida, o boliviano acredita que o movimento sindical cumpre um papel central e organizativo na articulação de manifestações políticas em esferas mais amplas. “Na luta pela água entendi que o sindicato hoje tem que assumir uma nova tarefa, tarefa de articular, de estabelecer contatos, construindo pontes entre diferentes organizações. Nós somos herdeiros de uma cultura operária de agregação, organização, mobilização e luta”, diz lembrando que na atualidade, mais de 15% das pessoas não estão sindicalizadas. “É preciso entender o sindicalismo nesse mundo novo. Temos que cumprir papel de articular essa grande massa de trabalhadores que não estão sindicalizados e que são a maioria hoje”, pondera Oliveira.

O movimento do boliviano de sair do espaço urbano e seguir o rumo do campo encontrou sustentação em um projeto de vida que resgatasse valores de outra forma de organização social da vida, que não o capitalismo. “Retornei a terra como um espaço de reencontro, como um muro ao individualismo, à indiferença, à apatia. Precisamos agir coletivamente”, diz o velho sindicalista.

Oscar Oliveira participou da mesa ‘Saberes e Diversidade Camponesa’ na última quarta-feira, oito de outubro, em Santa Maria. O Debate integrou o II Seminário Internacional de Educação do Campo e Fórum Regional do Centro e Sul do RS: educação, memória e resistência popular na formação social da América Latina.

Retorno à ética indígena

Oscar Oliveira dividiu espaço na mesa com outro líder latino-americano, Hugo Blanco. Indígena e peruano, ele também é diretor do periódico ‘Lucha Indigena’. Para Blanco, a responsabilidade que os educadores rurais e sociais têm é maior que a dos professores urbanos, uma que vez, ao lecionar para povos originários ou camponeses, o educador precisa, muitas vezes, resgatar uma sabedoria que é milenar.

“Somos o que restou da forma original de organização da humanidade”, diz o peruano, fazendo referência aos povos indígenas, portadores de uma ética em que se invertem os valores perpetuados pelo capital: ao invés do individualismo, a coletividade; no lugar do dinheiro, a solidariedade, o amor, o respeito à natureza. Um caminho apontado pelo indígena para avançarmos rumo a uma nova forma de organização da vida seria o retorno à ética indígena, primitiva, calcada em premissas completamente opostas às que hoje sustentam o capitalismo. Esse retorno, contudo, não nega todo o avanço tecnológico obtido no desenvolvimento da sociedade burguesa. Ao contrário, incorpora-o, porém com outra finalidade. “Hoje as tecnologias são usadas para agredir a natureza e para as grandes empresas ganharem mais dinheiro. As tecnologias que agora estão a serviço do grande capital, passarão a ser usadas em nosso benefício”, defendeu Blanco.

Texto e fotos: Bruna Homrich

Edição: Fritz R. Nunes

Assessoria de Imprensa da Sedufsm

 

 

 

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