Curso indígena no Cesnors gera debate, mas é aprovado no CEPE
Publicada em
29/12/14 16h43m
Atualizada em
29/12/14 16h44m
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Formação de professores abrange os Kaingang, mas docente queria estender aos Guarani
A criação do Curso Interdisciplinar Indígena do Centro de Educação Superior Norte do RS (Cesnors) gerou um intenso debate na reunião extraordinária do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) do último dia 23 de dezembro. Apesar de ter surgido uma polêmica, a partir do parecer de vistas, solicitado no dia 19 de dezembro pela conselheira, professora Ceres Brum, do departamento de Ciências Sociais, a proposição foi aprovada.
Conforme entendimento da docente, o projeto político pedagógico do curso deveria abranger não apenas os indígenas da etnia Kaingang, mas também os Guarani. No parecer apresentado por Ceres, estava como condicionante ao curso a contratação pela universidade de dois etnólogos, e também a necessidade de um parecer do departamento de Ciências Sociais. O parecer de vistas ainda alterava o nome do curso para Licenciatura Intercultural. Na explicação de Ceres, a alteração da proposta não visava atrapalhar a criação do curso, mas ao contrário, aperfeiçoá-la.
A proposta da professora do departamento de Ciências Sociais foi contestada, especialmente pela acadêmica Josi Tais Drea, que além de membro do CEPE, representa o DCE na Comissão de Implementação e Acompanhamento Permanente da Formação de Acadêmicos Indígenas (CIAPFAI). Segundo ela, o curso em debate no CEPE resultou de uma demanda dos kaingang e, portanto, incluir a etnia guarani fugiria ao propósito do que foi planejado. Em 2012, destacou ela, cerca de 200 educadores indígenas participaram de uma audiência pública em Frederico Westphalen e iniciaram a construção da demanda que a universidade agora está implementando, e já para 2015.
A estudante também enfatiza que é preciso fazer avançar e não retroceder nesse processo, pois a procura por esse tipo de formação é crescente. Segundo Josi, apesar de haver 100 pessoas interessadas no curso, o número de vagas inicialmente disponíveis corresponde a somente 50.
Pamela Kenne, integrante do CEPE da diretoria do DCE, ressaltou que a universidade, ao oportunizar o curso da forma como ele foi pensado, estava cumprindo a Resolução nº 169, da Organização Internacional dos Trabalho (OIT), que prevê que a elaboração de políticas públicas para os indígenas necessita da participação dos próprios indígenas durante o processo construtivo.
Texto: Fritz R. Nunes
Foto: UFSM
Assessoria de imprensa da Sedufsm