Fala privatista de Cid Gomes recebe crítica sindical
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Atualizada em
05/02/15 17h19m
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Ministro da Educação defendeu cobrança de mensalidade em IFE durante ato na UFRJ
O titular da pasta da Educação (MEC) do governo Dilma Rousseff, estimulado por diretores de institutos em evento na UFRJ, no último dia 30 de janeiro, não usou meias palavras. Os diretores pediam o apoio do ministro para que os cursos lato sensu continuassem a poder cobrar mensalidades. Cid Gomes prontamente respondeu que já articula para que as universidades públicas não precisem deixar de receber pagamentos neste tipo de curso. “Eu acho que o ensino tem que ser público para quem não pode pagar, mas quem pode deve pagar mesmo”, argumentou.
Adriano Figueiró, presidente da Sedufsm, vê com tristeza esse posicionamento do ministro, mas, ao mesmo tempo, não se surpreende. Para o diretor do sindicato, o cenário vem sendo montado, aos poucos, para que o ensino superior vá sendo progressivamente retirado da responsabilidade do Estado. “Eles enfiaram a iniciativa privada na saúde, seja com a Ebserh (empresa gestora dos Hospitais Universitários), seja com a abertura dos hospitais às empresas estrangeiras. Enfiaram a iniciativa privada na previdência, com o Funpresp. Portanto, não há dúvida de que agora a bola da vez é a educação.”
Na análise de Figueiró, esse processo privatista começou há bastante tempo, com as incubadoras empresariais e as Fundações. Depois veio a UAB, podendo contratar temporários sem concurso, os parques tecnológicos, com construção física das empresas dentro dos campi. “Agora surge o boato das contratações via OS (Organizações Sociais), a regulamentação da prestação de serviço por dentro da DE (Dedicação Exclusiva) e o último passo seria mesmo o retorno da cobrança de taxas ‘aos que podem pagar’ para subsidiar os que não podem”, assinala Figueiró.
O presidente da Sedufsm lembra que, em Portugal, quando retornaram com a cobrança de taxas na universidade pública, cerca de 15 anos atrás, a desculpa era de que o dinheiro seria usado na melhoria da infraestrutura usada diretamente pelos estudantes (moradia e restaurantes). Hoje, destaca Figueiró, o pagamento das propinas é o que mantém praticamente todos os custos fixos das universidades portuguesas. Em relação à recente fala do ministro Cid Gomes, representa, conforme Figueiró, “um avanço descarado da privatização. E, o pior, é que logo, logo, vão começar a defender isso com base no argumento de que a expansão das universidades acabou gerando um ingresso de pobres, negros e índios cujas demandam superam a capacidade do Estado arcar com a integralidade dos custos. Nada que fuja aos receituários que o Banco Mundial já vem publicando para a América latina nas duas últimas duas décadas pelo menos”, finaliza o sindicalista.
Texto: Fritz R. Nunes com informações da ADUFRJ
Foto: Divulgação
Assessoria de imprensa da Sedufsm