Dissertação atesta fracasso das metas do Reuni na UFSM SVG: calendario Publicada em 16/03/15 18h07m
SVG: atualizacao Atualizada em 16/03/15 18h15m
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Pesquisa mostra ainda que o programa foi eficiente em precarizar o trabalho docente

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Douglas Rossa fez inventário sobre o impacto do Reuni em docentes do CEFD

A dissertação do mestrando em Educação Física Douglas Rossa, apresentada no último dia 12 de março na UFSM, aponta para duas conclusões básicas: o fracasso do programa de reestruturação e expansão das universidades federais (Reuni) no que se refere às metas previstas e, ao mesmo tempo, a eficiência no que se refere à ampliação da precarização do trabalho docente.

O trabalho acadêmico faz parte do projeto de diagnóstico da expansão do ensino superior na UFSM, coordenado pela professora Maristela da Silva Souza, e analisou dados, documentos e entrevistas com docentes para avaliar os objetivos e repercussões do Reuni na UFSM. O projeto de pesquisa recebeu financiamento do Ministério da Educação através do Observatório de Educação (OBEDUC) em parceria com a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).

Instalado em 2007, os objetivos principais do REUNI são elevar a taxa média de conclusão dos cursos de graduação presenciais para 90% e aumentar para 18 a relação de alunos por professor, nos cursos presenciais, ao final de cinco anos. Rossa compilou dados até o ano de 2012 para acompanhar o desenvolvimento dessas metas na UFSM e, mais especificamente, com entrevistas de docentes do Centro de Educação Física (CEFD).

Segundo a pesquisa, no ano de 2012, apenas 60% do número de alunos ingressantes na UFSM em 2007 haviam sido diplomados nos cursos presenciais de graduação, sendo que o único ano dentre os analisados em que a meta de 90% de diplomação foi alcançada foi em 2011, com 91%. Outra meta, a de 18 alunos por professor, também só foi alcançada em 2011, sendo que em 2012 a média ficou em 15,26 alunos por professor.

Outros dados que chamam a atenção são o aumento do número de matrículas no quinquênio analisado, 41%, em relação ao aumento do número de vagas para graduação, que ficou na casa dos 53% - uma vacância de mais de 10%. Já na pós-graduação houve um acréscimo no número de vagas na ordem de 88%. Enquanto isso, o número de docentes na UFSM aumentou apenas 17% entre os anos de 2007 e 2012. Já o número de técnico-administrativos em educação aumentou em 3,6% no período.

Os dados levantados pela pesquisa apontam que, se a meta do Reuni está longe de ser alcançada, os efeitos desse tipo de expansão ficam muito claros, no momento em que são constatadas a precarização da atividade docente e a perda de qualidade no tripé de ensino, pesquisa e extensão. Nas entrevistas realizadas com professores do CEFD, a grande maioria reclama das condições de trabalho, da infraestrutura e da carga horária desgastante. 25% dos professores entrevistados atribuem à necessidade de participar de projetos de pesquisa e/ou de atuarem em cargos administrativos como um dos principais motivos para o nível de estresse na sua atividade. Além disso, 21% ainda dedicam-se ao programa de mestrado e 17% ao curso de dança, 62% dizem ter uma jornada dupla de trabalho e 67% já tiveram problemas de saúde em decorrência da carga de trabalho. Outro dado preocupante é o de que a remuneração docente sofreu um decréscimo de 50% no período pesquisado.

O cenário é ainda mais preocupante quando analisamos a situação da UFSM após a instalação do Reuni. Com obras inacabadas, equipamentos e infraestrutura sem manutenção e cortes nos orçamentos das IFE´s. Em muitos casos, sobra também para os professores a tarefa de atrair investimentos para a universidade: em 2012, os professores do CEFD, através de editais e programas, foram responsáveis por 42% das verbas destinadas para a aquisição de materiais e para o investimento em infraestrutura do centro.

Para o presidente da SEDUFSM, professor Adriano Figueiró, o panorama apresentado na dissertação não é novidade: “Os dados confirmaram em termos numéricos aquilo que a gente já vinha denunciando de forma qualitativa há muito tempo”. Segundo o professor, “a conclusão que a gente chega é que passados oito anos do início do Reuni, nós estamos muito maiores e muito piores. E esta é a receita muito antiga do capital internacional, do Banco Mundial, de expandir o ensino e desqualificá-lo ao mesmo tempo, formando uma mão-de-obra de baixa qualidade e que portanto entra no mercado de trabalho sem poder de organização, de barganha”.  “Os dados revelam uma situação de um nível superior que se expande e se expande cada vez mais com uma baixa qualidade e a tarefa de compensar esta baixa qualidade recai sobre o docente. |E isso para nós é muito doloroso”, conclui Figueiró.

Maristela da Silva Souza, coordenadora do programa de pesquisa que realiza o diagnóstico do REUNI, e orientadora da Douglas Rossa na dissertação de mestrado, afirma que esta pesquisa é parte de uma grande coleta de dados já catalogados e que serão apresentados em um seminário a realizar-se ainda neste ano. Além da professora Maristela, estiveram presentes na banca as professoras Liliana Soares Ferreira, do Centro de Educação da UFSM, e Laura Souza Fonseca, do Departamento de Estudos Especializados da UFRGS e diretora da seção sindical do ANDES-SN na universidade.

Confira em anexo, os slides apresentados durante a defesa da dissertação.

Texto e fotos: Ivan Lautert

Edição: Fritz R. Nunes

Assessoria de imprensa da Sedufsm

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- Slides apresentados na defesa da dissertação de Douglas Rossa

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