Luta por memória e justiça segue no continente sul-americano SVG: calendario Publicada em
SVG: atualizacao Atualizada em 02/04/15 11h38m
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Pressão política dficultou apuração de crimes da ditadura em vários países

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Na última mesa do seminário nacional da Comissão da Verdade do ANDES-SN, na tarde de quarta, 1, na Faculdade de Educação da UFRGS, o tema foi a “luta por memória e justiça na América Latina”. Desta mesa, coordenada por Enrique Padrós, professor de História da UFRGS, com a participação de uma professora chilena e outra uruguaia, a conclusão de que em todos os países que vivenciaram regimes ditatoriais, em comum existe o fato de que houve pressão política para que se evitasse o aprofundamento das investigações contra os crimes perpetrados contra a humanidade.

Para além das especificidades de cada país, há muito em comum, na Argentina, Chile e Uruguai, no que se refere à luta dos familiares de vítimas das ditaduras. Em ritmos próprios, cada um desses países viu a onda de otimismo quanto à apuração dos crimes de estado, na retomada de regimes democráticos, frustrada por pressão de setores que se mantiveram na estrutura do poder. Muita mobilização, aos poucos, rompeu com o silêncio e negação de responsabilidades. Mas no momento em que as esquerdas (independente da coloração exata de cada uma) chegam ao poder, nova frustração: a luta pela memória, justiça e verdade não dá o salto de qualidade imaginado.

 “Essa luta do passado recente passado recente assume, hoje, uma posição marginal”, analisou Silvia Fabiana Larrobla, professora e pesquisadora da Universidade da República do Uruguai, em Montevidéo. “A esquerda tem um problema com o conceito liberal de Direitos Humanos. Até hoje, o pensamento marxista não gosta de debates como LBGTT, por exemplo,”.

Verónica Valdivia, professora de História Política da Universidade Diego Portales (Chile) concorda: “A esquerda assume valores civis liberais, mas não tem clareza sobre direitos humanos. Todos concordam que não deve haver violações, mas muitos apoiam a repressão à delinquência”. Acrescenta ainda que “mesmo quando não há diretamente uma relação de violência, ela (esquerda) apoia reformas legais típicas de repressão. Não adianta fazer Museu de Direitos Humanos e permitir que crianças sejam feridas e maltratadas nas ruas”, criticou.

Argentina é referência

O caso argentino é considerado o mais avançado, tanto no terreno da reconstituição histórica, quanto das reparações. “Lá sim, oEestado tomou para si a luta das famílias”, avaliou Silvia Larrobla. O país é o único do continente onde os crimes sexuais foram incluídos como tortura: “Foram reconhecidos como práticas sistemáticas com objetivo de quebrar as pessoas”, disse ela.

Substituindo o professor Pablo Pozzi, impossibilitado de comparecer ao evento em função de atividades de greve na Universidade de Buenos Aires, Enrique Padrós , historiador que é de naturalidade uruguaia, destacou que o país Argentina) tem a peculiaridade de que as cifra de vítimas de desaparecimentos forçados oscila de controversos “nove a trinta mil” foi também o último refúgio da esquerda na América do Sul. “Em 1976 (com o golpe militar), os exilados dos países vizinhos perderam a última possibilidade de se manter no Continente”.

Entre as especificidades argentinas, ganhou repercussão internacional os crimes contra crianças. Padrós explica que “diferentemente do que houve no Brasil, na Argentina, a luta por direitos humanos se transformou em movimentos sociais”. O exemplo mais conhecido são As Mães e Avós da Praça de Maio. Em sua visão, contudo, nos últimos anos haveria um processo de “despolitização das vítimas”, apagando a história política dos militantes de esquerda (de origens principalmente peronistas e trotskistas) e fazendo uso da imagem das crianças “para angariar mais simpatia à causa”. Padrós avalia que “o apagamento simbólico” de tudo que aquela geração, extirpada pelo golpe, sonhou e representou “é tão danoso quanto seu apagamento físico”.  E questiona se o avanço neoliberal subsequente aos golpes, no continente, teria podido prescindir do desaparecimento forçado dessa geração contestadora.

Texto: Fritz R. Nunes (Sedufsm) e Elisa Monteiro (Adufrj)

Fotos: Fritz R. Nunes

Assessoria de imprensa da Sedufsm

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