Superlotação no Husm expõe realidade da instituição administrada pela Ebserh SVG: calendario Publicada em 15/02/16 17h32m
SVG: atualizacao Atualizada em 16/02/16 14h11m
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Para Conselheiro da Sedufsm o que está em curso é o processo de privatização do Hospital Universitário

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Pouco mais de dois anos após aderir à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), o Hospital Universitário de Santa Maria (Husm) expõe a realidade que enfrenta: a superlotação do Pronto Socorro da instituição. A direção do HUSM convocou a imprensa para uma coletiva na semana passada, onde denunciou o quadro crítico do hospital.

Na ocasião da entrevista (concedida na quinta-feira, 11 de fevereiro), todos os leitos do Pronto Socorro estavam ocupados e haviam mais de 40 pacientes aguardando transferência para leitos de recuperação. Já os pacientes que fazem cirurgia, tem feito a recuperação no próprio bloco cirúrgico.

O cenário no Husm, que é referência na região para atendimento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), foi descrito por um jornal local como o de um ‘hospital de guerra’. Na coletiva, o chefe da Divisão de Gestão de Cuidados, Salvador Penteado, destacou que o hospital sempre esteve lotado, mas que a situação atual chegou ao limite. “Estamos pedindo socorro, não tem mais como receber pacientes. (...). Estamos abrindo as portas para mostrar à população como estamos trabalhando”, disse.

Outro relato inquietante feito durante a coletiva veio da enfermeira chefe do Pronto Socorro, Rosângela Machado, que declarou estar preocupada com o atendimento. "São quatro enfermeiros por turno e oito técnicos em enfermagem. Não estamos conseguindo atender os pacientes da melhor forma". Declaração que foi complementada por Salvador Penteado, deixando a situação ainda mais alarmante: “e se acontecer um acidente com grande número de feridos como vamos fazer para atender a todos", acrescentou ele ao explicar que, mesmo diante do quadro enfrentado, o Husm continua recebendo pacientes regulados.

A causa da superlotação, conforme o chefe da Divisão de Apoio e Diagnóstico Terapêutico do Husm, Sílvio Ribeiro, que também participou da coletiva, decorre do ajuste feito pela 4ª Coordenadoria Regional de Saúde, que está enviando para o Hospital Universitário toda a demanda reprimida da região. “Hoje, por exemplo, estamos recebendo pacientes que recebiam atendimento em hospitais de Faxinal do Soturno, São Pedro do Sul e da própria Casa de Saúde de Santa Maria. Esses hospitais passaram a não realizar mais alguns procedimentos e tudo está estourando no Husm”, explicou.

Porém, para o professor da UFSM e Conselheiro da Sedufsm, Rondon de Castro, a precarização apresentada pela direção do hospital é apenas mais uma página da preparação para a entrada de planos de saúde no Husm. “Vai morrer gente, vai ter gente mal atendida, sob a égide de recursos públicos insuficientes e não repassados a essa empresa de caráter privado. As portas serão escancaradas para a exploração comercial da saúde do povo e fechadas paulatinamente para o SUS, exatamente como em outras unidades de saúde pública administradas pela Ebserh”.

O docente crítica ainda a declaração feita na coletiva sobre a possibilidade de uma emergência com grande número de feridos. “Dizer que ‘caso’ aconteça alguma tragédia o Husm não terá condições de atender emergencialmente é algo cruel e cínico. Na cidade em que ocorreu a morte de 242 jovens (116 estudantes da própria UFSM), dizer que a superlotação chegou ao ponto que chegou sem providências, demonstra a premeditação para essa situação, uma irresponsabilidade dos defensores (bem) gratificados da Ebserh para preparar o caminho para se abrir atendimentos pagos e diferenciados”.

Movimento sindical já denunciava precarização da saúde com adesão à Ebserh

Para Rondon, a coletiva dada pela direção do hospital foi um acinte a tudo que a comunidade combateu, aos abaixo-assinados, atos, palestras e seminários contra a adesão da UFSM à Empresa de Serviços Hospitalares. Nesse sentido, ele destaca que a Ebserh está se encaminhando de modo acelerado em direção ao aprofundamento da privatização, exatamente como o movimento sindical vem denunciando desde 2011.

“Não era preciso ser vidente para prever que a imposição da Ebserh não vinha para resolver os problemas, mas para desincumbir o governo de suas responsabilidades com a saúde. Todas as más intenções estão se concretizando. O Husm não está com superlotação por uma questão fásica ou temporária, seu regimento - aprovado pelas duas últimas gestões da reitoria e do conselho universitário da UFSM - já prevê a captação de recursos na iniciativa privada na abertura do Husm à exploração comercial”, observou.

Por isso, para o professor, o contrato com a Empresa precisa ser revisto. “É hora de se rever esse acordo que, de modo nada sutil, quebrou a autonomia universitária, permitindo a intervenção externa em decisões administrativas e acadêmicas da UFSM. A Ebserh é perniciosa para os interesses do povo e da própria universidade pública, é uma aberração de um governo que transformou direitos em custos a serem cortados", pontuou Rondon, que era Presidente da Sedufsm quando da adesão da UFSM à Ebserh.

Congresso do ANDES-SN deliberou por elaboração de dossiê sobre a Ebserh

O combate à contrarreforma da saúde pública, com a realização de um dossiê com descrições e análises de fatos sobre a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) foi uma das deliberações aprovadas pelos delegados do 35º Congresso do ANDES-SN, realizado de 25 a 30 de janeiro, em Curitiba-PR. O documento a ser elaborado será lançado em um Seminário Nacional sobre o tema.

A truculência e o autoritarismo nos processos de adesão das Universidades Federais à Ebserh foram destaque nas falas dos debatedores durante a discussão sobre políticas sociais e o plano de lutas geral do Sindicato Nacional para 2016, reforçando a importância de tornar público os problemas vivenciados pelas Ifes que já aderiram à Ebserh e os contratos firmados com empresas privadas.

Ainda em defesa do SUS e da garantia de serviços públicos de qualidade, os docentes irão fortalecer a luta em articulação com as demais entidades sindicais e com a Frente Nacional Contra a Privatização da Saúde pela revogação da Ebserh e contra a PEC 451/2014, que prevê autorizar a entrada de capital estrangeiro nos serviços de assistência à saúde.

 

Texto e edição: Ana Paula N. Jardim (Jornalista Interina)

Imagem: Gabriel Haesbaert/A Razão

Assessoria de Imprensa da Sedufsm

*Com informações do jornal A Razão.

 

 

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