Governo corta 20% de bolsas de iniciação científica Publicada em
Atualizada em 10/08/16 17h23m
902 Visualizações

UFSM repôs 31 cotas de um total de 79 bolsas cortadas pelo CNPq

E a tesoura afiada do governo federal, antes com Dilma Rousseff (que seccionou os investimentos este ano em 60% e o custeio em 20%), e agora com Michel Temer, continua atingindo duramente as universidades federais. Na sexta passada, o jornal O Estado de São Paulo divulgou a notícia de que o CNPq, órgão vinculado ao Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações (e Comunicações) fez um corte de 20% das bolsas de iniciação científica. A notícia repercutiu imediatamente em Santa Maria, tendo em vista que a Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa (PRPGP) teve que informar aos professores o tamanho da perda das bolsas.

Conforme os cálculos da Coordenadoria de Iniciação Científica (CIC) da PRPGP, o número total de bolsas do programa PIBIC (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica) deve cair de 296 (ano de 2015) para 234 (ano de 2016), o que significa um percentual de corte igual a 20,95% (62 bolsas). Entretanto, por decisão da Reitoria, haverá uma reposição parcial dessas bolsas com recursos próprios: 27 cotas, o que equivale a 9,12%. As bolsas são anuais com valores mensais equivalentes a 400 reais.

Em relação ao programa PIBIC Ações Afirmativas, em 2015 foram 22 bolsas e, em 2016, 18 bolsas, o que representa 4 bolsas a menos (corte de 18%,8%), sendo que cada uma delas tem valor mensal de 400 reais. O programa PIBITI teve uma redução de 45 bolsas em 2015 para 32 bolsas em 2016 (redução de 28,8%), sendo que cada uma delas também equivale a 400 reais. A reitoria fará a reposição com recursos próprios de 4 cotas (8,8%).

E há ainda as bolsas PIBIC- EM (Ensino Médio), cada uma com valor mensal de 100 reais, e que caíram de 41 em 2015 para 34 em 2016, um corte de 17,07%. No total, conforme Paulo Cesar Piquini, professor do departamento de Física e coordenador da CIC/PRPGP, houve um corte de 79 bolsas, sendo que desse total, a Administração vai repor 31 bolsas, o que, em termos práticos, representa que o corte atingirá 48 bolsas. Quanto aos critérios para a reposição dessas bolsas, ou seja, quem receberá e quem ficará fora, depende do Comitê Institucional, integrado por docentes de diversas áreas da instituição.

Na avaliação de Piquini, os efeitos desse tipo de corte são bastante prejudiciais, pois impactam na “descontinuidade dos trabalhos que já vêm sendo desenvolvidos nos programas de iniciação científica”. Segundo os cálculos da PRPGP, com os cortes das bolsas de iniciação científica que equivalem a 400 reais ao mês, em um ano, a instituição deixará de receber algo em torno de R$ 230.400,00. Esse valor, por sua vez, deve ser somado com mais R$ 8.400,00 das bolsas cujos valores são de 100 reais ao mês, e que também não serão recebidos.

Documento pede revisão dos cortes

O Fórum de Pró-Reitores de Pesquisa e Pós-Graduação (Foprop) enviou ainda na sexta, 5 de agosto (confira a íntegra abaixo, ao fim da página, em anexo) um ofício ao Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, e também ao CNPq, reivindicando que o orçamento seja recomposto, tendo em vista os prejuízos que irá causar. Para alguns docentes e pesquisadores da UFSM, ouvidos pela assessoria de imprensa da Sedufsm, o tom do documento é muito brando e pouco capaz de sensibilizar tanto governo quanto o órgão de fomento.

A presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), Helena Nader, ouvida pelo ‘Estadão’ manifestou descontentamento com os cortes. Além de analisar que o corte foi “violento”, Helena declarou que “cortar bolsas de iniciação científica é cortar o futuro”.

Os números na UFSM

PIBIC: (bolsas anuais com valor mensal de R$ 400,00)

2015 - 296

2016 - 234

redução de 62 cotas (20,95%)

Reitoria repôs 27 cotas (9,12%)

PIBIC-Af (Ações Afirmativas): (bolsas anuais com valor mensal de R$ 400,00)

2015 - 22

2016 - 18

Redução de 4 cotas (18,18%)

PIBITI: (bolsas anuais com valor mensal de R$ 400,00)

2015 - 45