Brasil carece de política esportiva estruturada, analisa pesquisador SVG: calendario Publicada em
SVG: atualizacao Atualizada em 15/08/16 18h15m
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Docente da UFSM diz que cobertura midiática sobre Olimpíadas é ‘rasa’

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A abertura dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro causou emoção não apenas em que estava lá, mas também em quem assistiu pelos meios de comunicação, seja no Brasil, ou no exterior, onde o país foi bastante elogiado. Entretanto, em meio às competições, até o momento, não se pode destacar o nosso país como uma potência olímpica no que se refere ao acúmulo de medalhas. Basicamente tem sido uma repetição de edições anteriores desse tipo de competição. Afora isso, existe toda a celeuma envolvendo as obras feitas para abrigar o megavento esportivo, que além de caras, foram criticadas pela baixa qualidade. Há ainda, a exemplo da Copa do Mundo, os fatores antecedentes, que se referem à expulsão de famílias em regiões nas quais seriam construídas as novas arenas de futebol ou a cidade olímpica, no caso do Rio de Janeiro.

Na análise do professor Antonio Guilherme Schmitz Filho, graduado em Educação Física e mestre e doutor em Mídia e Esporte, tanto a Copa como as Olimpíadas, refletem os tropeços políticos e econômicos do Brasil. Schmitz, que é docente do departamento de Desportos Coletivos do Centro de Educação Física da UFSM, entende que a realização dos dois megaeventos não passou por uma discussão com a sociedade, que não foi consultada, mas acabou por atender a objetivos particulares de quem os promoviam. Para o professor, o baixo êxito da equipe brasileira nas Olimpíadas se deve à falta de uma política esportiva estruturada no país. Schmitz, que atua na linha de pesquisa “análise dos cenários esportivos na mídia”, também critica de uma forma geral a postura dos meios de comunicação nas coberturas que realizam dos Jogos Olímpicos. Para ele, o tratamento dado é “raso”. Acompanhe a seguir a íntegra da entrevista concedida à assessoria de imprensa da Sedufsm.

Pergunta- Um dos aspectos que chamaram a atenção no início das Olimpíadas é um número expressivo de competidores vinculados às Forças Armadas ou incentivados por projetos, alguns de cunho estatal, outros de organização não governamentais. O que se pode dizer sobre a participação do Estado brasileiro na valorização do Esporte?

Resposta- A participação das forças armadas e do estado brasileiro na manutenção de atletas olímpicos, no meu entendimento, caracteriza a falta de uma política esportiva mais organizada. Ou seja, uma política esportiva voltada e estruturada com vistas a um desenvolvimento esportivo regular, que garanta acesso ao esporte para todas as gerações. Mas isso é algo que deve ser pensando e estudado profundamente, não de forma precipitada, baseada em ideologias políticas simplesmente. Também se deve garantir que os atletas tenham voz e participação decisória neste processo.

Pergunta- É possível perceber, especialmente por parte da Rede Globo em canal aberto, mais que uma transmissão das competições, uma espécie de torcida eufórica durante as narrações. Como avalias a questão da cobertura midiática aos Jogos Olímpicos?

Resposta- No caso das transmissões em canal aberto, dos jogos olímpicos, se percebe um tratamento muito raso dos esportes envolvidos. O sensacionalismo e a idealização de que o Brasil possui um time olímpico é a base que sustenta um sonho desfocado de medalhas e conquistas. O esporte olímpico se constrói a partir de uma atuação longitudinal, de longo prazo. E não de um 'aqui e agora', como se tudo fosse um passe de mágica. O esporte para além do espetáculo que se midiatiza é fruto de muito trabalho. Isso significa empenho, sofrimento e muito pouco brilho. Outro ponto que a midiatização do espetáculo esportivo influi é na compreensão própria do esporte. O despreparo de quem narra ou ancora a transmissão interfere em uma compreensão razoável daquilo que acontece realmente nas quadras, nas piscinas, nos campos, etc. Mesmo com a existência de comentaristas, às vezes, com boa formação, o espaço de participação é muito reduzido e direcionado. O que não permite uma apreciação adequada das coisas que envolvem o esporte na realidade

Pergunta- A realização das Olimpíadas no Brasil, especialmente em relação ao Rio de Janeiro, foi alvo de diversas críticas no que tange à abertura de brechas para obras superfaturadas, dribles na legislação existente, buscando resolver problemas de última hora. Assim como na Copa do Mundo, houve muita polêmica envolvendo a realização desse megaevento. Qual a sua avaliação sobre os impactos políticos e econômicos desse evento no Brasil?

Resposta- Entendo que a crise política e econômica brasileira reflete os tropeços das duas grandes competições. Como não houve a oportunidade de escolha por parte da sociedade (um plebiscito ou consulta pública), a coisa toda foi encaminhada conforme interesses específicos desde o começo. Na realidade, os verdadeiros prejuízos sociais ficaram encobertos e talvez ao longo do tempo, apareçam com mais detalhamento. Mas isso fica no plano do talvez...

Pergunta- Os jogos acontecem em meio a um processo bastante grave do ponto de vista político, que é o julgamento pelo Senado do afastamento de uma Presidente da República. Na sua avaliação, é possível que a questão da euforia dos torcedores, superdimensionada pelos meios de comunicação, pode prejudicar a atenção sobre essa importante decisão para o país?

Resposta- Com certeza, o envolvimento com os jogos desvia a atenção para o problema do 'impedimento', que deveria ser discutido à exaustão. Até porque, o debate com profundidade seria um excelente exercício democrático. Outro ponto que se deve considerar é o tratamento midiático da coisa, que vai desde as grandes empresas de comunicação até as redes sociais. A banalização do debate é assustadora e parece ficar em um 'balcão' de mercadorias. Todos passam, olham e voltam pra casa sem adquirir nada.

Texto: Fritz R. Nunes

Foto: Bruna Homrich

Assessoria de imprensa da Sedufsm

 

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