Congresso do ANDES-SN reforça luta docente contra opressões SVG: calendario Publicada em 28/01/17 22h38m
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Sindicato Nacional deve criar espaços para fortalecer participação das mulheres

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Em seu 36º Congresso, o ANDES-SN aprovou novas políticas para as questões de classe, etnia, gênero e diversidade sexual, todas no sentido de dirimir, ao máximo, discriminações tanto nas universidades e no interior da entidade, quanto nos demais espaços sociais. Um dos grandes debates ocorridos na plenária do tema II – Políticas Sociais e Plano Geral de Lutas -, na sexta-feira, 27, apontou os obstáculos ainda enfrentados pelas mulheres trabalhadoras no espaço sindical, especialmente porque têm dificuldades de se descolar da esfera doméstica e das tarefas historicamente reservadas ao gênero feminino, como o cuidado com os filhos ou dependentes.

Por isso, uma das resoluções aprovadas prevê que as seções sindicais debatam formas de viabilizar a participação prioritária, nas atividades das seções e do Sindicato Nacional, das professoras e/ou responsáveis por dependentes que exijam acompanhamento direto. Outra iniciativa dá conta da criação de espaços de acolhimento e convivência no âmbito das seções para que docentes com dependentes não encontrem tantas dificuldades em se integrarem às ações sindicais.

Já para denunciar e combater as diversas formas de opressão no ambiente acadêmico, os delegados aprovaram que o GTPCEGDS (Grupo de Trabalho para as questões de Classe, Etnia, Gênero e Diversidade Sexual) fomente, junto às bases, a criação de observatórios de práticas de racismo, lgbtfobia e violência contra a mulher nas universidades.

Seminários

No curso de 2017, um evento do GTPCEGDS, com duração de três dias, deve se aprofundar no debate das diversas formas de opressão, tendo a seguinte estrutura: 1º dia, III Seminário das Mulheres, focalizando no feminismo classista e nas especificidades das mulheres negras, trans, lésbicas e bissexuais; 2º dia, III Seminário de Diversidade Sexual; 3º dia, Seminário sobre Reparação e Ações Afirmativas.

Para levar a mobilização às ruas, os delegados apontaram, também, a necessidade de articular, junto à CSP-Conlutas, aos movimentos de mulheres, ao movimento estudantil e às demais entidades e movimentos interessados, dias de luta pelo direito das mulheres, com ênfase para o 8 de março, Dia Internacional da Mulher Trabalhadora, devido a seu caráter histórico.

Na avaliação da professora Laura Fonseca, docente do departamento de Serviço Social da UFSM e delegada pela Sedufsm no Congresso, as resoluções aprovadas representaram um avanço no que diz respeito ao reconhecimento das condições necessárias às mulheres trabalhadoras ampliarem sua participação. “É importante aprovarmos resoluções que prevejam a garantia de uma participação mais efetiva das mulheres, considerando suas particularidades, como a dupla jornada de trabalho. Contudo, há elementos importantes que ainda não foram suficientemente debatidos, a exemplo da paridade de gênero na formação das chapas, direções e representações docentes nas instâncias sindicais”, disse a docente.

Combate ao racismo

Outra das próximas ações do ANDES-SN deve ser integrar-se à Comissão Nacional da Verdade da Escravidão Negra no Brasil, criada pelo Movimento Negro e pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), e atuar junto ao GTPCEGDS, à Comissão da Verdade do Sindicato Nacional e ao GT de História do Movimento Docente para dar visibilidade, registrar e mobilizar a categoria no combate ao racismo.

Também na perspectiva de registro, visibilidade e mobilização foi aprovada a elaboração de materiais audiovisuais contendo narrativas de docentes LGBT negras e negros das universidades.

Comissão da Verdade

Por fim, a plenária do Tema II deliberou questões específicas sobre a Comissão da Verdade do ANDES-SN, propondo que a instância realize pesquisa das resoluções, decretos e documentos internos que, durante a ditadura empresarial-militar, foram utilizados contra as comunidades acadêmicas, limitando a liberdade e autonomia universitárias.

Outra ação diz respeito ao Sindicato Nacional estabelecer uma troca de informações com organizações de professores da América Latina sobre a repressão no ambiente universitário, além de um levantamento de ferramentas resquício da ditadura que seguem, ainda hoje, regulando a vida acadêmica.

O presidente da Sedufsm e delegado no Congresso, Júlio Quevedo, diz que as ações aprovadas no quesito etnia fizeram o Sindicato Nacional dar um salto de qualidade nos trabalhos já em andamento. Para ele, a elaboração de vídeos com relatos de docentes negros e negras nas universidades deve ter um grande alcance, visto que o conteúdo audiovisual, disponibilizado em nível nacional, tende a capilarizar nas bases a preocupação e o cuidado com o combate ao racismo nas instituições de ensino.

Já quanto às deliberações referentes à Comissão da Verdade do ANDES-SN, Quevedo diz que é de grande importância o mapeamento dos instrumentos repressivos nas universidades, a fim de que “possamos ter ainda mais noção da perversidade instaurada pela ditadura empresarial-militar no Brasil, e dos resquícios e ações concretas ainda vigentes, porém oriundas daquele período”. Ele cita como exemplo dessa ‘herança’ autoritária o recente processo de ocupações na UFSM, em que os estudantes, ao receberem a ordem de reintegração de posse dos prédios ocupados, foram ameaçados de punições previstas no estatuto da universidade, como, por exemplo, a perda das vagas conquistadas.

“O trabalho da Comissão da Verdade tem de ser feito nas bases, realizando o levantamento das ações ainda vigentes para que possamos combater os estatutos, os regimentos e as práticas que permanecem do período ditatorial”, diz o presidente da Sedufsm.

O 36º Congresso do ANDES-SN teve início na segunda-feira, 23, e seguiu até o sábado, 28, na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), em Cuiabá.

 

Texto e fotos: Bruna Homrich

Assessoria de Imprensa da Sedufsm

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