Revolução Russa impactou mais que a Francesa, diz historiador
Publicada em
28/11/17 18h23m
Atualizada em
28/11/17 18h33m
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Augusto Buonicore, da Fundação Maurício Grabois, encerrou seminário na UFSM
A Revolução Russa de 1917 impactou no século XX mais que a Revolução Francesa, de 1789. A afirmação é de Augusto Buonicore, historiador da Fundação Mauricio Grabois, que fechou a programação do Seminário “100 anos da Revolução Russa: análises e perspectivas”. O tema abordado por ele foi “A Revolução Russa e as lutas de emancipação do século XX”. Buonicore também autografou durante o evento o livro “100 anos da Revolução Russa: legados e lições”.
Para o historiador, ainda que os setores ligados às elites dominantes tentem apagar a memória de luta dos trabalhadores, não há como negar os efeitos positivos da Revolução Russa, assim como inegáveis são os alcançados pela Revolução Francesa. Dentre os impactos, Buonicore destaca a influência nas lutas transformadoras e emancipacionistas dos vários continentes do planeta. Uma forma de perceber esses avanços, explicou ele, é analisar o que era mundo na época da Revolução Russa e o que passou a ser depois.
Os países se enfrentavam em uma guerra mundial, toda a África estava na mão do colonialismo europeu, dividida por régua e compasso, situação similar à da Ásia. Até mesmo a Europa ainda tinha uma estrutura parcialmente colonial, com alguns países tutelados pelos impérios, como era o caso da Irlanda (à Inglaterra) e Polônia e Finlândia (à Rússia). O Império Britânico dominava uma área equivalente a 25% do planeta, frisou o historiador. Foi obra do bolchevismo russo a conclamação aos povos coloniais a lutarem pela independência, sublinhou o palestrante.
Conforme Buonicore, ressaltar a postura dos socialistas russos é importante tendo em vista que até mesmo em alguns setores da chamada “esquerda revisionista” da época havia a defesa da manutenção de alguns países como colônias. O historiador também cita a importância da Revolução Russa para o combate ao antissemitismo. Segundo ele, foi graças à luta soviética contra o nazi-fascismo que se conseguiu evitar o extermínio de judeus na Europa.
Colapso socialista e seus efeitos
Na avaliação do historiador da Fundação Maurício Grabois, Augusto Buonicore, cerca de 20 anos atrás, uma figura política com chances de ganhar a eleição, como é o caso de Jair Bolsonaro, seria inconcebível. Entretanto, diz ele, a ofensiva histórica do conservadorismo, que ganha dimensão não apenas no Brasil, mas em todo o planeta, é fruto do colapso dos regimes socialistas, tanto na antiga URSS, como também no Leste Europeu. “Hoje não estamos lutando por avanços, mas para preservar direitos”, acrescentou.
De qualquer forma, Buonicore não chega a ser pessimista. Para ele, a conjuntura que estamos passando não será permanente. Por quê? No entendimento do historiador, o capitalismo é um sistema destrutivo, decadente, e, portanto, sem soluções para as grandes questões que afligem a humanidade, como por exemplo, o fim da desigualdade social.
Texto e foto: Fritz R. Nunes
Assessoria de imprensa da Sedufsm