Grilagem ameaça lideranças sem-teto SVG: calendario Publicada em 17/01/12 23h12m
SVG: atualizacao Atualizada em 18/01/12 02h14m
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Dirigente do MTST em Manaus já sofreu sete atentados

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Lideranças sem-teto em acampamento na cidade de Manaus

Um dos dirigentes nacionais do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Júlio Ferraz, que participou da mesa de abertura do 31º Congresso do Andes-SN, no dia 15 de janeiro, em Manaus, denunciou que já sofreu diversos atentados. Ele também destaca que outras lideranças vivem sob constante tensão: “Temos quatro dirigentes nacionais ameaçados de morte só aqui em Manaus. Eu mesmo já sofri sete atentados. São pistoleiros da grilagem”, enfatiza o dirigente.

De acordo com seu depoimento, homens de moto, armados de pistolas com silenciadores, entraram na sua casa, pela madrugada. “Se naquele dia eu estivesse dormindo, hoje estaria morto”, destacou. De acordo com Ferraz, outro dirigente, este de Brasília, Edson Silva, foi atingido de raspão no peito depois que dois homens entraram encapuzados atirando na sua casa. Os casos se repetem, também, em estados da região Sudeste.

Segundo o trabalhador, todos os assassinatos e atentados no Amazonas acontecem para silenciar a voz de quem luta por dignidade: “A grilagem não quer ser denunciada. O poder aqui é imenso! Eles controlam tudo, inclusive a imprensa. Há donos de jornais denunciados por formação de quadrilha. A CPI pediu a prisão preventiva desses empresários, havia provas contundentes, mas nenhum foi preso”, contou.

Sem proteção do estado

Como não têm sequer direito ao Serviço de Proteção a Testemunhas, já que suas denúncias não são levadas a cabo pelo poder público, o jeito é cada um se defender como pode: “No meu caso, eu durmo a cada dia em um lugar. Assim é mais seguro. Já não posso nem mais ter minha filhinha nos meus braços, porque podem fazer alguma coisa com ela também”, relata.

De acordo com Julio César Ferraz, a maioria dos crimes é realizada por homens em motos e munidos de colete à prova de balas: “É a maneira mais fácil de fugirem após os crimes, realizados a mando dos poderosos de Manaus. Estes, inclusive políticos, são os maiores grileiros da região. A perseguição, então, aos movimentos sociais que lutam pela terra e moradia digna é muito grande! E a Justiça daqui está nas mãos deles”, lamenta. De acordo com o MTST, apenas 13 famílias detêm o controle de 30 milhões de hectares apenas em Manaus. Em todo o estado, são 60 milhões de hectares dominados por essas famílias. Isto equivale a 600 mil quilômetros quadrados.

Internacionalização

O sul do Amazonas, conforme o movimento, está devastado pela grilagem e pelo plantio de soja: “Há grilagem paulista e também internacional. De pessoas e grupos que nunca vieram aqui”, denuncia Ferraz. De acordo com dados do MTST, há 309 propriedades nas mãos de estrangeiros. “A internacionalização da Amazônia já é um fato. Estamos privatizando a floresta. A Amazônia está nas mãos de grupos poderosos. A floresta, aqui, ainda dá dinheiro para esses setores, por isso continua de pé. Quando deixar de dar, derrubarão como no Pará”, compara.

Silêncio

O dirigente do MTST reclama que os problemas de Manaus são mascarados. A desigualdade gritante, segundo ele, fica às escondidas. A mídia não repercute as lutas sociais. Os jornais locais não repercutem os dramas e lutas sociais. “Aqui não aparece nada que eles não queiram. A mídia abafa tudo, pois está a favor deles. Não há justiça, não há nenhuma expectativa de mudança. Os grileiros têm muita raiva da gente, porque não abaixamos a cabeça e enfrentamos a luta pela moradia. É nosso direito. Já ocupamos a Secretaria de Fazenda, então conseguimos casas. Sairão mais 200 agora em março. Mas temos pouca estrutura e sabemos que se mais alguém morrer ficará por isso mesmo. Não há nem mesmo investigação. Essa é a realidade de Manaus”, completa Júlio César Ferraz.
 

Texto: Silvana Sá (ADUFRJ)
Fotos: Fritz Nunes e Silvana Sá
Edição: Fritz Nunes (Assessoria de Imprensa da SEDUFSM)


 

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