Coordenador do ENEM milita no ‘Escola Sem Partido’
Publicada em
09/01/19 11h18m
Atualizada em
09/01/19 11h30m
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O goiano Murilo Resende Ferreira já alegou ter sofrido “doutrinação marxista”
Um defensor do projeto ‘Escola Sem Partido’ ocupará o corpo técnico do Ministério da Educação: Murilo Resende Ferreira. O novo integrante ocupará a Diretoria de Avaliação do Ensino Básico (Daeb) do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), subordinado ao Ministério da Educação (MEC). Ele ficará responsável, entre outras atribuições, pela formulação do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e outros exames que aferem indicadores escolares. O novo diretor é um seguidor das teorias do astrólogo e escritor Olavo de Carvalho, tendo sido militante do ‘Escola sem Partido’.
O anúncio foi feito no sábado (5), por Jair Bolsonaro, nas redes sociais. Segundo o Presidente, o novo diretor da Daeb priorizará o ensino e vai ignorar a atual promoção da “lacração”. Bolsonaro se refere ao Enem 2018 em que foram abordadas questões de linguagens com diversidade como tema. De acordo com ‘O Globo’, Resende foi indicado por pessoas ligadas ao projeto ‘Escola sem Partido’ e que fazem uma espécie de "fiscalização informal em livros didáticos".
Murilo Resende Ferreira é goiano, tem 36 anos, é formado em Administração pela Fundação Getúlio Varga (FVG), onde também cursou o doutorado. "Ensaios sobre teoria e história bancária de arranjos financeiros" é o tema da sua tese. Em seu currículo constam artigos como “A praga do cientificismo” e “A Escola de Franfkurt: satanismo, feiúra e revolução”, entre outros títulos. “Tudo o que hoje chamamos de ideologia de gênero tem sua raiz em Marcuse, Fromm, Reich e outros agregados da Escola de Frankfurt”, diz um trecho do texto.
O diretor da Daeb foi aluno do astrólogo e escritor Olavo de Carvalho e integrou o Movimento Brasil Livre (MBL), de caráter conservador de direita. Foi professor de uma faculdade particular de Goiânia (GO) e não tem experiência em gestão.
Além disso, Ferreira tem um histórico de ataque aos docentes. Em uma audiência realizada em 2016, no Ministério Público Federal de Goiás, em 2016, o indicado para o Inep disse que “professores pregam o aborto, incesto e pedofilia”, chamando os docentes de “manipuladores” e “gente que não quer estudar”.
Na ocasião, ele disse ser vítima de doutrinação marxista e que a “ideologia de gênero” seria um expediente usado por “manipuladores” com a intenção de “esconder a própria falta de preparo”.
Em seu blog pessoal - agora desativado após as críticas a sua indicação -, Murilo oferecia o curso "Filosofia Política" por R$190 que incluía um módulo sobre Olavo de Carvalho, responsável pela nomeação de Ricardo Vélez Rodriguez no MEC.
Aparelhamento
O ministro da Educação escolheu ex-alunos seus de programas de filosofia, sem experiência em gestão, para metade das secretarias do MEC. Três dos seis secretários estudaram com o novo ministro. Um deles, Marco Antônio Barroso, foi escolhido para a Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres). Orientado pelo ministro no mestrado e doutorado, Barroso é professor e pesquisador da Universidade do Estado de Minas Gerais (Uemg) desde 2011, onde atua nas áreas de Filosofia e História das Ciências e Ética e Fundamentos Sócio Filosóficos da Educação. Alexandro Ferreira de Souza e Bernardo Goytacazes de Araújo, ex-alunos, assumem a Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica (Setec) e a nova secretaria de Modalidades Especializadas, respectivamente.
Outras nomeações
Outros nomes compõe o MEC. Tiago Tondinelli será o chefe de gabinete do ministro. Ele é advogado, assessor jurídico do Poder Executivo de Cornélio Procópio/PR, aluno do Curso Online de Filosofia (COF) ministrado por Olavo de Carvalho, e atua especialmente em causas de caráter tributário e administrativo que envolvem demandas cíveis e trabalhistas e improbidade administrativa, entre outros.
Já Luiz Antonio Tozi ocupará um dos cargos mais altos dentro do Ministério da Educação. Como um “braço-direito” do ministro, cabe ao secretário executivo auxiliar na coordenação das atividades das secretarias que integram o MEC. Atualmente, é professor sênior da Faculdade de Tecnologia de São José dos Campos (Fatec) nos cursos de Logística e Gestão da Produção Industrial e professor de pós-graduação no curso de MBA da FGV.
Figura conhecida no MEC, Mauro Rabelo retorna a Secretaria de Educação Superior (Sesu), onde atuou como secretário no governo Temer. Já Marcus Vinicius Rodrigues é o novo presidente do Inep. Como executivo, atuou durante 20 anos nos Correios e 15 anos na FGV como Gestor para os Países de Língua Portuguesa.
Fonte: ANDES-SN
Edição: Fritz R. Nunes (Sedufsm)