Em audiência pública, segmentos da UFSM rejeitam ‘Future-se’ SVG: calendario Publicada em
SVG: atualizacao Atualizada em 08/08/19 18h05m
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Convocado pela reitoria, evento ocorreu na manhã desta quinta, 8

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Segmentos lotaram Centro de Convenções da UFSM

Pode-se dizer que o posicionamento dos segmentos docente, estudantil e de técnico-administrativos em educação da UFSM sobre o ‘Future-se’ foi de rejeição integral e intransigente ao projeto. Embora não tenha sido realizada uma consulta formal à comunidade acadêmica, as dezenas de intervenções feitas durante a Audiência Pública na manhã desta quinta-feira, 8, funcionaram como uma espécie de termômetro que mediu a temperatura da universidade e, ao mesmo tempo, sua capacidade de mobilização. De forma geral, as posições apontaram para a rejeição integral e intransigente ao projeto.

Convocada pela reitoria, a Audiência lotou o Centro de Convenções e teve início com a exposição do reitor, Paulo Burmann, e de seu vice, Luciano Schuch. De início, Burmann já salientou que não houve qualquer diálogo do governo com os representantes das universidades e institutos federais acerca do ‘Future-se’. Caracterizando a gestão Bolsonaro como ‘revanchista’ e ‘autoritária’, o reitor não lembra nenhum governo em que o debate fosse tão rechaçado. “Vocês são um lixo. Nós estamos no poder, mandamos e desmandamos”, disse Burmann, numa tentativa de explicitar a postura do presidente e dos atuais ministros frente às instituições públicas de educação superior.

Orçamento emperrado

Sobre as verbas da universidade, Burmann frisou que, no que tange ao custeio (gastos cotidianos com contas de água, luz, contratos terceirizados, material de consumo, dentre outros), a UFSM necessita de R$ 46 milhões até o mês de novembro. “Nesta semana tivemos a liberação de um limite orçamentário que serviu apenas para pagar contas atrasadas e algumas que estão vencendo agora”, relatou o reitor, acrescentando que, quanto às verbas de investimento (gastos com obras e demais questões infraestruturais), a necessidade da UFSM é de R$ 28 milhões. Tanto as verbas de custeio, quanto as de investimento encontram-se bloqueadas no Ministério da Economia.

“Esses valões precisam ser liberados para a universidade continuar respirando. Não precisamos de um ‘Future-se’ para resolver nossos problemas orçamentários, precisamos de investimento público”, opina Burmann, ressalvando que a UFSM já trabalha com arrecadação de receita própria, embora não na intensidade com que determina o ‘Future-se’. Contudo, essa receita própria não fica com a universidade, esclarece o reitor, sendo destinada aos cofres da União. “Precisamos de liberação orçamentária e de autonomia para gerir os recursos. A universidade não pode ser tratada como uma empresa”.

Burmann ainda alerta para os riscos presentes no ‘Future-se’, já que o projeto prevê a aplicação dos recursos das universidades na bolsa de valores, bem como a contratação de professores e técnico-administrativos em educação via Organizações Sociais (OS), ou seja, sem necessidade de concurso público. “Trata-se do ataque mais sério à autonomia universitária”, alegou o reitor, que concluiu apontando a necessidade de a comunidade acadêmica construir, de forma responsável, uma alternativa substitutiva ao ‘Future-se’.

Negar a totalidade do projeto

Essa, contudo, foi uma divergência encontrada nas falas da reitoria e dos estudantes e servidores presentes à Audiência Pública. Para o vice-presidente da Sedufsm, João Gilli Martins, aderir parcial ou totalmente ao ‘Future-se’ significa aderir ao projeto do capital para o Brasil.

“E esse projeto tem por objetivo nos reconduzir à condição de colônia, tornando-nos dependentes em ciência e tecnologia dos países metrópole. O ‘Future-se’, assim como a Reforma da Previdência, Trabalhista e Emenda Constitucional 95, por exemplo, é parte de um projeto do capital para se recuperar de sua crise estrutural. Para tal, na divisão internacional do trabalho, a tarefa que caberia ao Brasil seria exportar minérios e matérias-primas, tendo de pagar royaltes ao importar produtos de ponta dos países desenvolvidos”, explicou Gilli, lembrando que mais de 90% da ciência brasileira é, hoje, produzida em universidades e fundações públicas. Ainda na avaliação do dirigente, mesmo sem a adesão ao ‘Future-se’, “as mãos do mercado já estão dentro da universidade. O que significa a FATEC [Fundação de Apoio à Tecnologia e Ciência] dentro da UFSM, por exemplo?”, questionou.

Eloiz Cristino, técnico-administrativo em educação, também defendeu a rejeição total ao projeto. “Se fizermos uma colcha de retalhos estaremos aceitando o ‘Future-se’. Não temos de fazer substitutivos, nem levar a decisão sobre a adesão para o Conselho Universitário conservador que temos”, critica o servidor.

O vice-reitor, Luciano Schuch, contudo, argumentou que a cada ano os recursos destinados à universidade têm diminuído e que a não adesão ao projeto pode significar o não pagamento de salários e o não recebimento de verbas para custeio e investimento. Ao mesmo tempo, ele diz que o ‘Future-se’ “traz muitas dúvidas e inconsistências para nós. O governo tira nosso orçamento e nos apresenta o ‘Future-se’ como solução. Temos que discutir muito mais esse projeto. Não nos deram essa oportunidade”, alegou Schuch.

Mateus Lazzaretti, do DCE-UFSM, lembrou que o segmento estudantil foi e segue sendo uma das principais trincheiras na luta em defesa da universidade. Para o estudante, o ‘Future-se’ vem inscrito num cenário neoliberal, em que diversos projetos de universidade e sociedade colocam-se em disputa. “E esse projeto apresentado pelo governo representa as elites”, acrescentou.

Às ruas em 13 de agosto

Em praticamente todas as intervenções realizadas na manhã desta quinta-feira, ressaltou-se a importância do dia 13 de agosto, para quando está marcada nova Greve Geral da Educação no país. Em Santa Maria, a mobilização vem sendo organizada pelo Comando de Mobilização da UFSM e pela Frente Única de Trabalhadoras e Trabalhadores de Santa Maria (FUTT). Em nosso site, é possível ter acesso aos dias e horários das reuniões de organização da Greve.

Agenda de debates

Ao fim da audiência, Burmann anunciou que a reitoria vem organizando uma série de debates sobre o ‘Future-se’, e que o primeiro deles possivelmente seja na Câmara de Vereadores de Santa Maria.

 

Texto: Bruna Homrich

Fotos: Ivan Lautert

Assessoria de Imprensa da Sedufsm

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