Memória e educação foram temas de debates no FST SVG: calendario Publicada em
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Privatização e desigualdade são obstáculos à educação

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A idéia de que a memória é um conhecimento que se produz e se resgata coletivamente permeou a fala do doutor em Ciências da Educação e diretor da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais - FLACSO Brasil, Pablo Gentili, durante mesa que compôs o ciclo de debates denominado “Direitos Humanos, Justiça e Memória”, ocorrido no Fórum Social Temático, na última sexta, 27.

“A luta contra todo monopólio do conhecimento é a luta pela memória”, completou Gentili, que defendeu não haver direito à educação em condições de desigualdade social e que tal direito não se resume, unicamente, ao acesso à escola, mas também à participação, intervenção pública e luta.

Os diversos movimentos sociais da sociedade civil organizada devem ter seu papel pedagógico reconhecido, diz Gentili, já que se configuram como espaços de saberes e produção de conhecimento.

O estudioso crê na memória não apenas como reconstituição do passado, mas como norteadora do futuro: “Educação libertadora baseia-se na memória histórica para construção de um futuro mais justo”, afirmou.

Criminalização e democracia

Representando a Campanha Latino-Americana pelo Direito à Educação - CLADE, a coordenadora do projeto, Camilla Crosso, definiu-a como uma articulação plural de organizações da sociedade civil, que possui incidência política em países e dialoga com um conjunto amplo de sujeitos que atuam no campo dos direitos humanos. A coordenadora salienta que é de suma importância a percepção de que o direito humano à educação figura como pilar para a garantia dos demais direitos.

Duas agendas permeiam o horizonte da CLADE: agenda política de luta do direito à educação e agenda de luta pela democracia. Camilla, em sua fala, defendeu a radicalização da democracia e a aceitação do dissenso como legítimo. Também explicitou preocupações quanto à criminalização dos movimentos sociais, em especial da educação e a criminalização e restrição da participação pública. Segundo ela, os processos de privatização da educação viriam acompanhando tais preocupações.

Finalizando sua contribuição no debate, a coordenadora da CLADE afirma: “Nem toda educação é igual a direito à educação” e fala da importância de se valorizar a memória de lutas.

Controle social do conhecimento

Dando sequência à mesa de debates, o vice-presidente da Federação dos Estudantes Chilenos, Francisco Figueroa, que substituiu a Camila Vallejo, fala da tendência general na educação chilena e ressalta a idéia de que a educação é um direito social. Trazendo um pouco de seu acúmulo, pontuou a ressonância que o movimento estudantil chileno exerceu em outros movimentos sociais do país.

O estudante defendeu, no decorrer de todo seu tempo de contribuição no debate, o controle social do conhecimento, sendo sua produção a serviço da sociedade e da igualdade social.

Precariedade de investimentos e evasão

“A educação no Brasil, historicamente, é um privilégio, mesmo para as escolas públicas”. A fala é do secretário de Educação do Rio Grande do Sul, José Clóvis de Azevedo, que afirma o quão tardio é o Brasil no sentido de oferecer educação como direito a todos os cidadãos. O secretário criticou o pensamento positivista predominante nas práticas pedagógicas hoje e diz que escolas não conseguem satisfazer as necessidades da juventude.

Lógica esquizofrênica

Vindo da Costa Rica, o ex-Relator Especial pelo Direito à Educação da ONU, Vernor Muñoz, avalia negativamente a banalização da construção de universidades privadas e ironiza: “Basta ter uma garagem e luz elétrica para abrir uma universidade”. Trazendo a ideia de que as práticas neoliberais incentivaram a privatização da educação, dá o exemplo da Guatemala, onde 80% da educação secundária estão em mãos privadas.

Muñoz foi outro a destacar a racionalidade instrumental e utilitarista como prejudicial à formação pessoal do estudante. Caracterizando a educação atual como possuidora de uma lógica esquizofrênica e de uma estrutura autoritária, alicerçada na obediência, Muñoz finaliza: “Só uma coisa tem que caminhar (avançar) na educação: tudo”.

E assim finalizou-se a última intervenção da mesa. O evento integrou o Fórum Mundial de Educação, mas também estava inserido na programação do Fórum Social Temático, ocorrido de 24 a 29 de janeiro, em Porto Alegre.
 

Texto: Bruna Homrich (estagiária)

Foto: fstematico2012.org.br

Edição: Fritz Nunes

 

 

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