Movimento mundial contra produtivismo acadêmico
Publicada em
30/01/12 18h24m
Atualizada em
30/01/12 19h38m
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Manifesto Slow Science defende “ciência lenta”
O produtivismo acadêmico é pauta de um novo movimento que ganha adeptos ao redor do mundo. Idealizado por cientistas alemães, o Slow Science (Ciência Lenta) defende a desaceleração do processo de produção científica na academia, baseando sua crítica na relação entre tempo e qualidade de pesquisa.
No formato em vigor nas universidades, e criticado pelo movimento, o investimento em pesquisas está diretamente relacionado ao quanto se produz e publica. Dessa forma, a busca por incentivos e reconhecimento em sistemas de avaliação ganha ares de corrida para a produção de materiais que venham a ser publicados, afinal é no processo de publicação que se define, hoje, a efetividade da pesquisa.
Para os idealizadores e adeptos do manifesto, é justamente nessa relação que mora o problema, onde os resultados imediatos são mais valorizados que as pesquisas em longo prazo, buscando exclusivamente a possibilidade de aumentar o número de publicações e, consequentemente, o reconhecimento como pesquisador. Segundo defende o manifesto Slow Science, a ciência não pode trabalhar às pressas.
Dessa forma, o preço de uma corrida científica unicamente quantitativa representa o distanciamento de pesquisas que realmente proporcionem mudanças para fora do universo acadêmico, além de ser fator crucial na precarização do trabalho docente. “Sim, nós precisamos de tempo para pensar. Sim, nós precisamos de tempo para digerir. Sim, nós precisamos de tempo para nos desentender, sobretudo quando fomentamos o diálogo perdido entre as humanidades e as ciências naturais. Não, nem sempre conseguimos explicar a vocês o que é a nossa ciência, para o que ela servirá, simplesmente porque nós não sabemos ainda. A ciência precisa de tempo”, defende o texto.
Para apoiar o movimento, basta imprimir o manifesto e divulgá-lo em sua instituição. O manifesto traduzido para o português está anexado ao final desse texto. A assinatura do texto original é da Slow Science Academy (www.slow-science.org), sediada em Berlim, e a tradução para o português é de José Eisenberg com revisão de Antonio Engelke.
Texto: Rafael Balbueno com informações de www.slow-science.org
Foto: Blog do Fernando Nogueira da Costa
Edição: Fritz R. Nunes
Assessoria de imprensa da SEDUFSM