José Renato Noronha apresenta seu “Pavão Misterioso” em live nessa sexta, 5
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Atualizada em
15/07/20 12h39m
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Professor da UFSM também trabalha em produção online sobre o papel da arte
O projeto “Contigo em Casa”, da Pró-Reitoria de Extensão da UFSM (PRE), é uma das iniciativas da universidade para se enfrentar o cenário de isolamento social provocado pela pandemia do novo Coronavírus. Com lives que ocorrem sempre no instagram da PRE, o projeto leva ao público propostas de exercícios físicos, atividades infantis e apresentações artísticas. E é na edição do “Contigo em Casa” dessa sexta, 5 de junho, que o professor José Renato Noronha, do curso de Licenciatura em Teatro da UFSM, apresentará uma adaptação da sua peça “Pavão Misterioso”.
Segundo o professor, também conhecido como Zé Renato Mangaio, o “Pavão Misterioso” foi criado em 1997 baseado em um folheto de cordel de domínicio público. “É um folheto de cordel que eu enceno versões dele desde 1997. Ele foi um espetáculo que eu criei em uma companhia que se chamava Vida Cena e de lá para cá eu vim trabalhando esse folheto fundamentado na cultura popular, na cultura nordestina, na ideia de quão ricas são as possibilidades que a cultura popular traz”, explica o professor. Para essa sexta, Mangaio fará uma adaptação do espetáculo, cantando as canções e fazendo a leitura do texto na lógica de uma contação de histórias, na qual interpretará diversos personagens. Aliás, sobre o processo de adaptação de uma peça que foi criada para uma outra dinâmica, Mangaio aproveita para refletir sobre a arte no atual contexto. “Nesse período de pandemia é o que é possível para um artista em casa criar, dentro das limitações. A nossa condição de artista está bastante restrita. A gente tem que pensar outras soluções porque a perspectiva do nosso trabalho está bem instável nesse período e a gente não sabe até quando isso vai”, avalia Mangaio, que, apesar das preocupações, vê a importância dessa tarefa. “Esse espaço é bem importante para fazer a manutenção do espirito humano”, conclui.
A adaptação do “Pavão Misterioso” de Mangaio é nessa sexta, dia 5, às 16h, e será transmitida no perfil da PRE no Instagram.
O Desconcertante Flautista
Se o “Pavão Misterioso” é um trabalho de 1997 que sofre os impactos dos novos tempos, José Renato Noronha também trabalha em um outro texto que dialoga diretamente com questões atuais. Segundo o professor, “O Desconcertante Flautista” é um texto músico teatral de sua autoria, inspirado profundamente na ideia do valor do trabalho artístico, discussão que foi potencializada no atual momento. A obra, segundo Noronha, é baseada em “O Flautista de Hamelin”, lenda medieval alemã dos irmãos Grimm, e “O Flautista de Manto Malhado em Hamelin”, uma releitura de Robert Browning para a própria lenda original. Além disso, “O Desconcertante Flautista” foi pensado a partir do conceito de peças didáticas de Berltolt Brecht. O texto e as composições são resultado da pesquisa de doutoramento “(Auto)formação com musicais: O Descon(s/c)ertante Flautista e a Peça Didática Diz que Sim de Bertolt Brecht”, defendida por Noronha em 2017, na UFSM, e sob orientação da professora Cláudia Ribeiro Bellochio. “‘O Desconcertante Flautista’ trabalha muito sobre a condição do artista. Essa condição marginal, essa condição que a sociedade muitas vezes não reconhece o seu valor. E claro que isso acaba desmerecendo a produção artística e o trabalho que se tem para criar, para se dar forma a uma obra. Então todo mundo tem um valor que é fundamental e tem ajudado muitas pessoas nesse período de quarentena, abrindo a perspectiva do sonho, do pensamento, saindo do cotidiano das quatro paredes para transpor essas barreiras físicas”, explica o docente.
Impactada pelo atual momento, como já dito, “O Desconcertante Flautista” será uma “produção online” e que posteriormente será transmitida, segundo explica Noronha. “Todo mundo em casa, isolado, cerca de 11 artistas envolvidos, cada um trabalhando no seu pedaço”. Dentre os 11 artistas estão quatro músicos (piano, guitarra, baixo, trombone e percussão) e quatro atores cantores, todos de Santa Maria. A produção da peça tem o apoio da PRE e também da Sedufsm. Para a diretora da Sedufsm, professora Maristela Souza, o apoio à iniciativas como essa faz parte do DNA do sindicato. “A SEDUFSM em seus 30 anos de história sempre fez uso da arte como um de seus instrumentos políticos. Não é por acaso que já realizamos 80 edições do ‘Cultura na SEDUFSM’. A arte, juntamente com o conhecimento científico e filosófico, tornam-se determinantes importantíssimos para enxergar a realidade para além do seu aparente, principalmente nos dias de hoje, em que o obscurantismo e o negacionismo, tornam-se evidentes. A arte expressa o que de mais sensível o ser humano apreende da realidade, portanto, não podemos ficar longe dela, muito menos em situação de isolamento social”, avalia a diretora do sindicato.
Texto: Rafael Balbueno
Imagens: Arquivo pessoal e divulgação PRE
Assessoria de Imprensa da Sedufsm