DCE apresenta plano de recuperação de atividades alternativo ao REDE
Publicada em
08/06/20 15h31m
Atualizada em
08/06/20 16h44m
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Documento traz quatro eixos: atividades acadêmicas; estágios; assistência estudantil e intercambistas
O Diretório Central dos Estudantes (DCE) da UFSM apresentou, na última semana, um plano emergencial com o objetivo de organizar as atividades acadêmicas especialmente no pós-pandemia do novo coronavírus. O plano, que foi postado no facebook da entidade estudantil e apresentado à reitoria, pretende ser uma alternativa ao Regime de Exercícios Domiciliares Especiais (REDE), criticado pelo segmento discente. O documento, que pode ser conferido no anexo ao fim desta página, é dividido em quatro eixos: atividades acadêmicas; estágios; assistência estudantil e situação dos estudantes intercambistas.
O primeiro ponto do documento traz as seguintes propostas para as Atividades Acadêmicas: suspensão imediata do REDE; realização de atividades de caráter complementar, que não contabilizem presença e não sejam avaliativas; máximo de 40% de aulas na modalidade EaD nos cursos presenciais; no máximo 40% das atividades avaliativas contabilizadas remotamente; reestruturação futura do calendário acadêmico com garantia de no mínimo 15 semanas de duração, conforme a necessidade desse período por conta dos estágios; que o calendário do segundo semestre não seja sobreposto; redução da obrigatoriedade da presença mínima para 50% (hoje é 75%); desconsideração do critério de aprovação mínima obrigatória de 50% para os estudantes que possuem benefício sócio-econômico; ampliação do diálogo com turma de formandos pra dialogar sobre a conclusão dos cursos; possibilidade de reversão do trancamento de matrícula para aqueles estudantes que realizaram o trancamento em função da implementação do REDE; manutenção da suspensão das atividades em laboratório que não estejam ligadas ao combate à COVID-19, sem suspensão do vínculo do estudantes com o laboratório ou do pagamento de bolsas. Caso houver necessidade de ir até o laboratório para dar continuidade a pesquisa, sob o risco de comprometer os resultados, o/a professor/a pesquisador/a deverá informar a instituição para que a situação seja resolvida sem colocar em risco a saúde dos estudantes.
O segundo ponto do documento aborda as questões relativas aos Estágios, propondo o seguinte: não substituição das atividades práticas dos estágios por atividades a distância; criação de comitês mistos e paritários por centros/unidades de ensino para avaliarem questões relativas aos estágios; futuro retorno aos estágios espaço para período de adaptação. As comissões seriam formadas pelo coordenador de curso, pelos professores responsáveis pelo estágio e por, no mínimo, dois estudantes de cada turma.
Assistência estudantil e intercâmbio
No ponto de Assistência Estudantil, a entidade sugere, dentre outras questões, a criação de um comitê com representantes da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE), das direções e coordenações das Casas de Estudantes, e do DCE; a garantia de pagamento das bolsas PRAE; e a continuidade dos serviços de atendimento psicossocial.
Para tratar das especificidades relativas aos estudantes intercambistas, o DCE também propõe a criação de um comitê composto por representantes da SAI UFSM (Secretária de Apoio Internacional), do DCE e das coordenações de cursos onde há estudantes que estão em intercâmbio; remarcação das passagens de volta, em caso das já compradas, sem prejuízo financeiro para o bolsista; auxílio psicológico para estudantes que estejam no exterior.
O DCE esclarece que essas medidas iniciais apresentadas foram fruto de discussões com o segmento estudantil, estando abertas ao diálogo e negociação.
Críticas ao REDE
Antes de apresentar suas medidas emergenciais para recuperação das aulas e estágios, bem como manutenção da assistência estudantil e atenção a intercambistas, o DCE pontua algumas críticas ao modelo do REDE, dentre elas: a desigualdade de acesso às ferramentas de comunicação e informação; a saúde mental fragilizada dos estudantes no período de pandemia – segundo pesquisa realizada pela entidade, 70% dos estudantes estariam sofrendo impactos emocionais significativos, e 76% dos estudantes não teriam nenhum tipo de acompanhamento psicológico; o desconforto dos estudantes com o REDE - 46% respondeu não se sentir confortável com o regime e 5 mil assinaturas pediam a suspensão do calendário acadêmico na UFSM; falta de diálogo na implementação do REDE; muitas dúvidas e certa falta de clareza com relação aos objetivos do regime.
Argumentando que as universidades não devem ceder às pressões do Ministério da Educação (MEC), o DCE diz que um pressuposto é o de que “o ensino remoto não pode substituir o ensino presencial; ele deve ser organizado de forma complementar, de acordo com as especificidades de cada área do conhecimento, e vir acompanhado de políticas de inclusão digital”.
A reitoria diz que o REDE tem caráter opcional, não devendo ser utilizado para penalizar os estudantes, mas para manter o vínculo entre alunos e instituição.
CEPE
Na última reunião do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) da UFSM, dia 5 de junho, o DCE tentou adicionar à pauta a discussão sobre o REDE, porém não obteve votos suficientes. Os representantes estudantis sugeriram, então, durante a reunião do Conselho, que se agendasse uma reunião extraordinária para discutir a suspensão imediata do REDE e a elaboração de um plano emergencial. Embora tenham recebido sinalização positiva por parte do reitor, a reunião do CEPE foi encerrada sem que a data da reunião extraordinária fosse agendada. Frente a isso, a entidade estudantil encaminhou um ofício à UFSM solicitando uma data próxima para realização de tal reunião.
Para ler sobre outros temas debatidos na reunião de sexta, a exemplo da proibição de contratações nas universidades públicas, ver aqui. Para acompanhar a última reunião do CEPE na íntegra, clique aqui.
Casa do Estudante
Ainda durante a reunião do CEPE do dia 5, o reitor manifestou-se sobre reportagem publicada pelo jornal Diário de Santa Maria relatando a situação de estudantes que permaneceram residindo nas moradias estudantis da UFSM no período de pandemia. Nós da Sedufsm também já realizamos matéria sobre o caso.
Burmann criticou o “panorama pintado na reportagem” que, segundo ele, dava a entender que se vivia uma tragédia nas moradias. “Esse tipo de crítica completamente sem fundamento não contribui absolutamente em nada, pelo contrário, só nos traz angústia e tensionamento. As especificidades estão sendo tratadas com muito carinho pela equipe da PRAE. Estamos trabalhando com equipes reduzidas. Um pouquinho de bom senso já resolve muitos problemas”, diz Burmann, alegando que existem pessoas de fora da universidade em condições piores e com mais dificuldades econômicas e sociais.
Em nota, contudo, o DCE UFSM e as coordenações das Casas do Estudante I e II posicionaram-se contra a manifestação de Burmann, julgando-a desrespeitosa e com pouca empatia no que se refere às dificuldades enfrentadas pelos estudantes.
Texto: Bruna Homrich
Imagem: Facebook DCE UFSM
Assessoria de Imprensa da Sedufsm
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