Aulas seguem suspensas no RS, mas professores denunciam dificuldades SVG: calendario Publicada em
SVG: atualizacao Atualizada em 18/06/20 10h44m
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CSP-Conlutas defende suspensão do semestre letivo e denuncia situação de plantão nas escolas

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Junto aos planos de flexibilização do isolamento social que vêm sendo adotados por cada vez mais governadores e prefeitos no Brasil surge o debate sobre a retomada das aulas nas escolas. João Dória, governador do estado de São Paulo, deve apresentar na próxima semana um novo calendário para retorno das atividades presenciais nas escolas. No Rio de Janeiro, o governador Wilson Witzel e o prefeito Marcelo Crivella anunciaram que as aulas presenciais na rede estadual ficam suspensas até o dia 21 de junho, e que na esfera municipal o retorno à presencialidade poderia ocorrer no início de julho. Frente a isso, o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação-RJ (SEPE) anunciou que a categoria entrará em greve caso o governador mantenha a decisão de retorno às aulas em meio à pandemia.

No Rio Grande do Sul, a situação ainda seria um pouco diferente, conforme relata Rafael Torres, diretor-geral do segundo núcleo do Cpers/Sindicato. Segundo o dirigente, “nem se ventila a possibilidade, principalmente a gente que trabalha com a educação básica, do retorno de aulas presenciais”.

Os protocolos de retorno que vêm sendo construídos, explica Torres, não sinalizam para uma volta presencial em um período tão próximo. “Não há possibilidade de a gente vislumbrar um retorno à normalidade. Os protocolos estão sendo elaborados para o momento da volta, não é para agora, porque uma hora inevitavelmente temos que voltar. Mas, pelo que estamos lendo e escutando das autoridades sanitárias, só lá em setembro [e talvez] para começar um processo gradual. E também não vamos imaginar que lá por setembro ou outubro as escolas vão estar do jeito que estavam”, argumenta, acrescentando que só na educação básica do RS encontram-se um milhão de alunos e que o estado já lida normalmente com comorbidades advindas do inverno, o que inspira ainda mais cuidados neste momento.

Outros ataques

Torres diz que, embora o retorno à presencialidade nas escolas não esteja na ordem do dia, os professores estaduais vêm sofrendo uma série de outros ataques por parte do governo do estado. “Temos muitos outros problemas, como 55 meses de atraso, arrocho salarial, congelamento salarial, redução salarial. Rasgaram nosso plano de carreira, meteram a mão no bolso das aposentadas com o aumento de alíquota, falta estrutura nas escolas e falta estrutura para fazer o atendiemtno remoto. Nós temos uma série de outros problemas, mas essa preocupação de retorno, por enquanto, ainda não é uma realidade para nós e vislumbro que, pelo menos pelos próximos três ou quatro meses, não tem como fazer projeção de retorno, mesmo que gradual”, opina o diretor do Cpers.

CSP-Conlutas defende suspensão do ano letivo

Andréa Ortiz, professora da rede estadual do RS e integrante da Executiva Estadual da CSP-Conlutas, central sindical à qual o ANDES-SN é filiado, diz que a entidade defende a suspensão do ano letivo até o fim da pandemia. Ela denuncia ainda a situação vivida por trabalhadores da educação no estado, obrigados a comparecerem nas escolas para realizar algumas atividades.

“Nós hoje estamos correndo risco de vida no estado do Rio Grande do Sul porque professores, funcionários e equipes diretivas estão fazendo plantão nas escolas para entregar material para os alunos e para fazer e-mails porque existe uma plataforma que o governo colocou agora à disposição dos alunos. E na realidade, 70% ou mais dos nossos alunos da periferia não têm acesso à internet. Às vezes é um telefone para quatro crianças numa mesma casa, e o pai ou a mãe tem de dividir o telefone com a criança. Hoje boa parte das áreas da periferia estão na zona vermelha aqui em Porto Alegre, e as direções e muitos professores e funcionários estão indo às escolas fazer plantão e correndo risco”, relata a professora, que integra a oposição à direção do Cpers.

“Para nós da CSP-Conlutas é imprescíndivel que se tenha a suspensão [do ano letivo] e o fechamento das escolas até o final da pandemia, com garantia de emprego e salário. Isso é fundamental. Estamos dispostos a fazer uma grande luta, somos oposição no Cpers. Já deveria estar na rua uma campanha massiva por todos os meios de comunicação exigindo escolas fechadas em defesa da vida dos trabalhadores em educação”, conclui Andréa, lembrando que o governo de Eduardo Leite, “além de cortar salário, pagar com atraso, retirar o plano de carreira, ainda faz com que os trabalhadores em educação se coloquem em risco”.

Professores mobilizam-se pelo país

Os trabalhadores em educação do Rio de Janeiro já sinalizaram fortemente para a greve. Segundo nota divulgada pelo SEPE, a atitude é necessária “para impedir que os profissionais de educação sejam expostos a um grande risco à saúde”.

A decisão de volta às aulas exporia ao risco não apenas os trabalhadores em Educação, mas os alunos e seus familiares. “A direção do Sepe decidiu, diante do plano de reabertura das escolas sem o devido embasamento científico e sem qualquer discussão com a comunidade escolar, preparar a categoria para a Greve, caso os governos determinem a abertura das escolas”.

Com essa sinalização de retorno, municípios e estados já se mobilizam. Em Búzios (RJ), os professores realizaram uma paralisação remota de 72 horas, após convocação dos conselhos pedagógicos e administrativos para discussão da volta às aulas.

Em Fortaleza (CE), o Sindiute (Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação do Ceará) realizou também uma paralisação no dia 10 de junho. A APLB (sindicato dos professores da Bahia) também informou que pode decidir por greve se os professores tiveram que voltar às escolas.

Em estados como Minas Gerais e Pará existe essa disposição de luta caso os governos sinalizem a volta às aulas.

Em Belém (PA), a prefeitura anunciou a possibilidade do retorno escolar no dia 17 de julho. No estado, a previsão é em agosto. O Sintepp (Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Pará) está em estado de greve e com uma campanha “aula só depois da pandemia”. A entidade acionou o Ministério Publico e Defensoria Pública para reforçar as ações que barrem o retorno às escolas.

“O Sintepp está com um calendário de assembleias que vão votar a possibilidade de greve, caso não haja o recuo nesta política”, alertou a professora que leciona nas redes municipal e estadual Silvia Letícia, que também integra a Secretaria Executiva Nacional da CSP-Conlutas.

Em Minas Gerais, apesar de ainda não existir nenhuma movimento do estado em relação à volta às aulas, existe a disposição de luta caso isso ocorra no estado. “No início da pandemia, os trabalhadores em Educação estavam em greve, que foi suspensa devido ao surto da doença, caso o governo sinalize pela volta às aulas neste momento retomaremos nossa mobilização”, informou o professor das redes municipal e estadual Gustavo Olímpio.

Greve em defesa da vida

Em seu site, a CSP-Conlutas "reafirma sua política pela quarentena geral a todos os trabalhadores e reforça ser uma irresponsabilidade dos governos colocar milhares de estudantes nas ruas, uma vez que o Brasil já é o segundo país no ranking de contaminados e de mortes".

A Central ainda ressalta estar "preparada para acionar sua assessoria jurídica, caso se formalize decisão em algum estado ou município de volta às aulas presenciais, sem que a pandemia esteja sob controle. Não se pode tratar os professores, funcionários de escolas e alunos como “boiada” para serem contaminados. Vamos à luta em defesa da vida". 

 

Texto: Bruna Homrich, com informações de CSP-Conlutas

Imagem: CSP-Conlutas

Assessoria de Imprensa da Sedufsm

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