Professores estão entre os principais prejudicados com a reforma administrativa
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Atualizada em
14/09/20 09h34m
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Um em cada quatro servidores federais ativos pertence ao magistério, detecta estatística do Ministério da Economia
O projeto de reforma administrativa do serviço público federal, encaminhado na quinta (3) ao Congresso Nacional, afeta em cheio o magistério federal. Isso porque, conforme o Painel Estatístico de Pessoal (PEP), do Ministério da Economia, um em cada quatro servidores federais na ativa é docente. Os dados foram levantados pelo site brasiliense ‘Metrópoles’, que aponta que ao todo são 145,3 mil trabalhando em universidades, institutos federais e escolas, de um total de 603 mil servidores federais em atividade. (Conferir imagem ao final desse texto)
Ao se levar em conta que os professores estão em grande número no serviço público federal, pode-se concluir que estarão sujeitos a todas essas mudanças. Além de destruir direitos trabalhistas, acabar com carreiras, a partir do fim do Regime Jurídico Único (RJU), o Projeto de Emenda à Constituição de Bolsonaro/Guedes (PEC 32/20) deixa servidores, inclusos aí os (as) docentes, sujeitos a pressões políticas de todos os tipos, tendo em vista a quebra da estabilidade.
E os prejuízos não se restringem ao magistério público federal. Em live que reuniu ANDES-SN, Fasubra e Sinasefe, no início da noite desta terça (8), para debater os impactos da reforma destrutiva engendrada pelo governo de Jair Bolsonaro, o professorado de outros níveis (estaduais e municipais) foi lembrado, bem como servidores de áreas como a da saúde. David Lobão, dirigente do Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica), questionou:
“Você acha mesmo que o professor do seu município é privilegiado? Você acha que o agente de saúde que lhe atende é privilegiado? Os trabalhadores do estado e município que vão trabalhar pegando ônibus, ganhando pouco? Porque a reforma administrativa ataca essas pessoas. A média salarial dos servidores públicos que serão atacados com a reforma administrativa é algo em torno de 3 mil reais”, sublinhou Lobão. Para ele, os verdadeiros privilegiados são os juízes, o Ministério Público, as Forças Armadas e os próprios políticos, que foram deixados de fora da PEC.
Docência vira ‘bico’
Durante o mesmo evento, a secretária-geral do ANDES-SN, professora Eblin Farage, destacou que “na educação, não teremos professores de carreira”. Segundo ela, a partir da PEC 32/20, “a docência vai se tornar um bico e nossas chefias imediatas poderão ser quaisquer pessoas que, inclusive, não sejam nossos colegas e servidores de carreira como nós. Não temos outra resposta. Só luta e mobilização”. E acrescentou: “Vivemos um momento excepcional que nos coloca muitos limites, mas nesse momento estamos sendo convocados a lutarmos com todas as nossas possibilidades contra essa reforma, que é uma pá de cal na garantia de direitos que, com tanta luta, conquistamos a partir da Constituição de 88. As redes sociais são importantes, mas não serão suficientes para a luta que precisamos travar contra esse governo”, frisou ela.
Texto: Fritz R. Nunes com a colaboração de Bruna Homrich e informações do ‘Metrópoles’
Imagens: Asduerj; Portal Metrópoles
Assessoria de imprensa da Sedufsm