Adoecimento docente: UFSM totaliza 42 pedidos de afastamento durante a pandemia SVG: calendario Publicada em
SVG: atualizacao Atualizada em 25/09/20 18h35m
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Doenças mentais e comportamentais lideram as causas de sofrimento

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Durante a pandemia, 42 professores da UFSM solicitaram afastamento de suas atividades. Destes, 36 são docentes do magistério superior, 5 são docentes do ensino básico, técnico e tecnológico, e 1 é docente substituto. Os dados foram fornecidos à Assessoria de Imprensa da Sedufsm pela Coordenação do Serviço de Perícia Oficial em Saúde da universidade.

Liderando as causas de pedidos de afastamento estão as doenças mentais e comportamentais, que justificaram 9 das solicitações. Em seguida, com 6 ocorrências, estão as doenças cardiovasculares e, com 5 pedidos, as doenças neoplásicas. Na sequência vêm as seguintes causas: doenças traumatológicas – 4; doenças respiratórias - 4; doenças infecto-contagiosas – 4 (diagnosticados com Covid-19); doenças osteomusculares – 3; doenças gastrointestinais – 2; doenças obstétricas - 2; doença renal - 1; doença neurológica - 1; doença oftalmológica - 1.

Para o professor do departamento de Ciências da Saúde da UFSM em Palmeira das Missões, Gianfábio Pimentel Franco, há certamente uma subnotificação nos números, pois muitos professores, embora adoecidos, não solicitam afastamento formal de suas atividades. Ainda assim, os números existentes chamaram bastante a atenção do professor, que destaca o fato de as doenças psíquicas representarem 21% dos afastamentos durante a pandemia.

Ele ressalta que o professor já é suscetível ao sofrimento psíquico em função da sobrecarga de trabalho quase que inerente à função que exerce. “Isso foi agravado nos dias de hoje inclusive pela demonização do professor, que tem sua função social colocada em cheque durante a pandemia. Hoje todos os cenários se tornaram um cenário. Ou seja, todas as funções que exercemos na condição de cidadãos, pais, mães, professores, convergem num único espaço, que é o do lar. Acabamos tendo de trabalhar em casa em função do isolamento social, e isso nos tornou seres mais reclusos, e o ser humano é um ser gregário”, comenta Franco.

Pandemia de transtornos mentais

Em maio deste ano, o professor do departamento de Neuropsiquiatria da UFSM, Vitor Calegaro, alertou para as implicações da pandemia na saúde mental da população e sugeriu que, mesmo quando a situação tiver sido controlada, os efeitos psíquicos dela perdurarão por algum tempo, conformando uma nova pandemia: a de transtornos mentais.

Franco lembra que o adoecimento docente já era uma realidade antes da reconfiguração do mundo demandada pelo novo coronavírus. Isso fez com que a categoria docente, ao encontrar a pandemia, já estivesse previamente fragilizada.

“A pandemia afetou todos. Acentuou a exclusão, a diferença, o sofrimento, porque nos pegou num momento em que estávamos despreparados e vulneráveis já com situações que estavam sendo postas antes, na questão do nosso trabalho. Nem todo mundo reage e agirá da mesma forma, com resiliência e aceitação”. Frente a determinadas situações, as pessoas reagem de formas muito diversas, de modo que um mesmo problema pode ser enfrentado de maneiras bastante particulares. Dentre as principais estratégias de enfrentamento desenvolvidas pelos seres humanos, o docente cita as seguintes:

- Confronto: ligado ao desafio, às lembranças passadas e às possibilidades de ação e consequência;

- Resolução de problemas: novas habilidades são desenvolvidas para que a pessoa se ajuste ao problema a fim de resolvê-lo;

- Afastamento: negação do sentimento e da realidade externa;

- Autocontrole: contenção das emoções, eliminação dos impulsos, consciência acerca de seus sentimentos;

- Suporte social: buscativa por amigos, médicos, companheiros ou demais figuras que possam construir uma rede de apoio na resolução do problema;

- Aceitação de responsabilidade: entendimento de que existe corresponsabilidade pelo problema e que este não é passível de ser resolvido em determinado momento, sendo necessário dar tempo ao tempo;

- Fuga e esquiva: minimização da gravidade do problema, percepções fantasiosas sobre a situação;

- Reavaliação positiva: compreensão da realidade, buscando seus aspectos positivos, sua ressignificação e, também, sua superação.

Pós-pandemia

Para Franco, os números concedidos pela UFSM acerca de afastamentos e doenças laborais tendem a se intensificar no período posterior à pandemia. “Esse ainda não é o número exato. Acredito que após a pandemia esses dados vão aumentar porque ainda passaremos pelo período de colher o que estamos plantando agora. Hoje estamos plantando um desgaste de 6 meses de pandemia, que veio se acentuando e vem atingindo o ápice. Estamos cansados. E uma perspectiva de retorno também vai gerar desgaste, porque o retorno não vai ser linear. Por exemplo, as escolas de ensino infantil voltarão primeiro, depois as escolas de ensino médio e por último as universidades. Tudo voltará em momentos diferentes, e a gente ficará no meio disso, na condição de pais, mães e professores. O resultado do que estamos passando agora ainda veremos lá na frente”, opina o docente.

Cabe lembrar que em abril a Sedufsm promoveu live intitulada “Educação em REDE em tempos de pandemia e o adoecimento dos educadores”. Quem não viu pode acessar abaixo:

Texto: Bruna Homrich

Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Assessoria de Imprensa da Sedufsm

 

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