Kaingang reclama de campanha difamatória
Publicada em
30/03/12 14h36m
Atualizada em
30/03/12 14h42m
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Emissora de rádio fala em crime e prostituição no acampamento
A disputa para ver quem fica com a área próxima à rodoviária de Santa Maria, em que estão acampadas 7 famílias de índios kaigang virou também uma guerra de propaganda. Conforme a liderança do acampamento, Natanael Claudino, que visitou a SEDUFSM em companhia de Matias Rempel, do Grupo de Apoio aos Indígenas (Gapin), crescem as acusações sem comprovação contra os índios, o que, segundo eles, ajuda na campanha difamatória levada a cabo por aqueles que têm interesse econômico sobre a região.
Natanael cita que uma emissora de rádio de Santa Maria veiculou notícia de que haveria prostituição infantil nas proximidades do acampamento. O líder indígena foi até a Polícia Civil e também à Polícia Federal e diz não que há qualquer denúncia nesse sentido. Segundo ele, o que há, eventualmente, é que por necessidade, crianças índias pedem para cuidar os carros junto à rodoviária e, com isso ganharem uns trocados. Ele ressalta que já houve até casos de assédios de adultos às crianças, mas que de forma alguma se trata de prostituição.
Perguntado se havia alguma orientação no sentido de que as crianças peçam esmola, Nataniel respondeu que não há recomendação de que isso seja feito, mas que, no caso de famílias terem necessidade, para poderem se alimentar, não haveria como impedir que fizessem. Somente a partir do mês de março é que começaram a chegar as cestas enviadas pelo governo federal.
Uma outra acusação feita ao acampamento kaigang é de que lá se abrigariam criminosos. Natanael diz que esse tipo de comentário feito no rádio foi em função da prisão recente de um índio que tinha contra ele um mandado de prisão, há vários anos, por ter cometido um homicídio. A prática do crime aconteceu quando o acusado tinha somente 16 anos, e foi durante uma briga em Tenente Portela.
Entretanto, explicou o líder kaigang, a prisão não foi efetuada no acampamento próximo da rodoviária e sim numa parada de ônibus no centro de Santa Maria. E a prisão de um kaigang por crime cometido há nove anos não significa que se poderá generalizar afirmando que no acampamento existem “marginais”, frisa Natanael Claudino.
Para Matias Rempel, esse tipo de veiculação distorcida ocorre em função de que há setores da sociedade que pretendem desgastar os indígenas, levantando acusações de que entre eles existem criminosos, prostitutas, e de que os índios sujam e destroem o meio ambiente. “O preconceito é sempre presente junto a certos segmentos da sociedade”, destaca Rempel, informando também que estão preparando para breve um trabalho de plantio de mudas de árvores na região em que se encontra o acampamento, que é uma área de preservação ambiental.
Texto: Fritz R. Nunes
Foto: Rafael Balbueno
Assessoria de Imprensa da SEDUFSM