Bolsonaro novamente acusado de quebra de decoro SVG: calendario Publicada em 05/04/12 15h26m
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Deputado tentou intimidar participantes de reunião

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Jair Bolsonaro: ex-militar diz que chegou a agarrar pelo pescoço um dos depoentes

O presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), encaminhou à Corregedoria Parlamentar, nesta quarta (4), solicitação da Comissão de Direitos Humanos (CDH) para que seja aberto processo disciplinar contra o deputado Jair Bolsonaro (PP-RJ), por quebra de decoro parlamentar. Segundo os membros da CDH, Bolsonaro tentou obstruir, na terça (3), a primeira reunião oficial da Subcomissão da Verdade, Memória e Justiça, convocada para ouvir camponeses e ex-militares que testemunharam a ação opressiva do Estado à Guerrilha do Araguaia, durante a ditadura militar.

Bolsonaro é militar reformado e, no parlamento, dá voz às bandeiras da extrema direita brasileira. Exerce seu sexto mandato como deputado federal, número que coincide com o de partidos pelos quais já passou: Partido Democrata Cristão (PDC), Partido Progressista Renovador (PPR), Partido Progressista Brasileiro (PPB), Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), Partido da Frente Liberal (PFL) e, hoje, o Partido Progressista (PP). Seus discursos são considerados, por muitos, como homofóbicos, racistas e sexistas. Ele defende a pena de morte, a tortura e a ditadura militar. É, no parlamento, um dos mais ferozes oponentes da Comissão da Verdade.

“Bolsonaro é um reincidente, que se posiciona de forma agressiva em relação a todas as causas ligadas aos direitos humanos. Representa os herdeiros da ditadura militar e, por isso, tenta prejudicar os trabalhos da Subcomissão, criada para acompanhar, fiscalizar e ajudar a Comissão Nacional da Verdade, que será instituída pela presidenta Dilma Rousseff. Na reunião, ele ameaçou depoentes, xingou um funcionário da casa, destratou outros parlamentares e deixou a coordenadora da Subcomissão, a deputada Luiza Erundina (PDT-SP), completamente constrangida”, afirmou à Carta Maior o presidente da CDH, deputado Domingos Dutra (PT-MA).

De acordo com Dutra, a reunião foi realizada em caráter reservado porque dois dos depoentes teriam sofrido tentativa de homicídio quando estavam a caminho do parlamento. “Para não expor ainda mais essas testemunhas, que foram ligadas ao Exército, nós decidimos fazer uma reunião fechada”, justificou.

O presidente alegou que, já no início dos trabalhos, a medida se mostrou acertada. “Os depoimentos foram muito fortes. Os militares relataram que pelo menos 200 camponeses foram assassinados durante a guerrilha, informaram a localização dos restos mortais de desaparecidos políticos e explicaram o modus operandi do Exército. Um deles perdeu os testículos durante o treinamento para atuar na guerrilha. Tudo isso irritou o Bolsonaro, que queria saber a identidade deles de qualquer forma”, contou.

O próprio Bolsonaro confirmou, em entrevista à Carta Maior, que acompanhou os depoimentos por mais de uma hora, apesar de não ser membro da CDH e nem da Subcomissão. “Eu gostei muito quando um dos militares disse que o Exército não estava preparado para atuar na guerrilha. Isso mostra que quem era treinado para matar, torturar e espalhar o terror entre a população eram os guerrilheiros, treinados em Cuba, na Coreia e na China. E dei boas gargalhadas quando um outro se recusou a acompanhar os deputados da comissão em visita à área, alegando que os parlamentares só querem saber de ganhar dinheiro”, contou ele, dando indícios de como as provocações começaram.

Palhaçada

O deputado, entretanto, nega que tenha tentado obstruir a reunião, embora não esconda que achou uma “palhaçada” o fato dela ter sido realizada em caráter reservado. “Eu pedi o espelho da reunião, com os nomes dos depoentes, e um funcionário da casa tomou da minha mão. Aí eu saquei uma câmera e tirei uma foto dele. O cara veio pra cima de mim, eu o segurei pelo pescoço e disse pra ele calar a boca que a conversa ainda não tinha chegado na pocilga. Os outros deputados, então, me cercaram e começaram a me acusar”, disse.

Jair Bolsonaro também colocou em suspeição os reais propósitos do grupo. “Essa subcomissão é um balão de ensaio para a Comissão da Verdade da Dilma. O que esses deputados esquerdistas querem é garimpar os depoimentos que lhes interessam para indicar para a outra. Assim, não correm o risco de que seja revelado o que escondem. Mas já avisei que não adianta fazer reuniões reservadas. Vou participar de todas. De todas. A não ser que eles façam lá em Cuba, que é um lugar que esse povo da esquerda gosta muito”, afirmou.

Fazendo jus à verborragia que já lhe tornou protagonista de polêmicas históricas, ele contestou a afirmação de que os depoentes teriam sido ameaçados de morte. “Essa historinha contada pela Erundina de que as testemunhas sofreram atentados não ficou comprovada. Aliás, nunca ocorreu. Não me apresentaram nem um boletim de ocorrência. Não entendo como esses esquerdistas, que vivem dizendo que foram bravos e guerreiros para lutar contra uma ditadura tão feroz, vão ficar com medo de prestar depoimento no parlamento. Estão com medo do quê? ”, ironizou.

Dutra disse que, com a representação, a Comissão tomou a providência que julgou mais acertada para evitar que Bolsonaro volte a atrapalhar as investigações sobre o que, de fato, ocorreu durante a ditadura. “Se o Bolsonaro voltar a tentar obstruir nosso trabalho, a responsabilidade será da Câmara”, afirmou. A conduta do deputado, agora, será investiga pela Corregedoria. Se for comprovada a quebra de decoro, Bolsonaro pode ser punido com a perda do mandato.

Comissão da verdade

Para o presidente da CDH da Câmara, o entrevero com Bolsonaro revela a exata dimensão de como a investigação dos crimes da ditadura ainda gera polêmica. “Os depoimentos desta terça foram um bom começo para o parlamento, mas o que nós queremos mesmo é que a presidenta Dilma nomeie logo os membros da Comissão da Verdade, criada em outubro passado. Nós sabemos que não é tarefa fácil escolher sete membros entre os 200 milhões de brasileiros. Imaginamos o tamanho da pressão que a presidenta deve estar sofrendo, mas é necessário encarar essa tarefa”, acrescentou.

Domingos Dutra alega que, quanto maior a demora na instalação da Comissão, mais se acirram os ânimos entre os defensores da ditadura e dos direitos humanos. Segundo ele, o Ministério Público já constituiu grupo de trabalho para investigar o assunto. A Câmara, a Subcomissão. As assembleias estaduais estão criando comissões locais. “Os militares vêm aumentando as provocações e a sociedade tem reagido com protestos e manifestações que, em diversos casos, como nos vistos nos últimos dias, acabam em confronto”, ilustrou.

Texto: Najla Passos (Carta Maior)
Foto:cartacapital.com.br
Edição: Fritz R. Nunes

 

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