Pacote beneficia só empresários e banqueiros, diz Conlutas
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Atualizada em
05/04/12 17h28m
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Dirigente sindical avalia medidas econômicas do governo
O pacote de medidas econômicas anunciado na última terça, 3, pela presidente Dilma e sua equipe, representa a continuidade da desastrosa política econômica do governo federal. O conteúdo dessas medidas beneficia exclusivamente o setor empresarial e os banqueiros. A avaliação foi feita por Atenágoras Lopes, membro da Secretaria Executiva Nacional da CSP Conlutas, em entrevista à SEDUFSM.
Acompanhe a seguir a entrevista:
Sedufsm- O governo anunciou um pacote que inclui diminuição de impostos, aumento e barateamento do crédito para investimentos, redução da burocracia para empresas que solicitam financiamento a bancos públicos e injeção de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES). O que representa o anúncio desse pacote?
Atenágoras- Esse pacote é a continuidade da política desastrosa econômica federal. É um pacote que beneficia exclusivamente o setor empresarial e os banqueiros. É importante lembrar que esse corte de R$ 7 bilhões vem três meses depois que esse mesmo governo cortou R$ 55 bilhões do orçamento. Para se ter uma ideia, desses R$ 55 bilhões, só na habitação o corte foi equivalente ao que o governo isenta agora dos empresários.
Sedufsm- Além de todas essas medidas, o governo TAMBÉM anunciou a substituição da contribuição patronal previdenciária de 20% sobre a folha salarial, por um encargo de 1% a 2% do faturamento das empresas. Segundo o governo, essa é uma medida de estímulo à contratação de mais trabalhadores. Contudo, essa medida vem pouco tempo depois da aprovação da previdência complementar para os servidores federais e que foi aprovada sob o argumento de cobrir o déficit na previdência. Como o senhor vê isso?
Atenágoras- Essa chamada desoneração da folha de pagamento é um ataque ao povo brasileiro em geral, porque é a retirada de recurso exatamente com a intenção de impulsionar a previdência privada. É parte da lógica que dá cada vez menos ao estado brasileiro a responsabilidade sobre o povo. É um dos maiores ataques à previdência pública brasileira.
Sedufsm- Por vezes o governo pede calma e avisa que o Brasil está forte para resistir ao momento de crise. Em outras situações anuncia medidas econômicas pautadas justamente na contenção necessária em momentos de crise. Afinal, o Brasil está ou não está refém do despencar da economia mundial?
Atenágoras- Está refém e continua ainda mais, agora. Vamos comparar as medidas. No continente europeu são ataques mais diretos de destruição dos direitos dos trabalhadores. Essa é a expressão mais aprofundada da crise econômica mundial. No Brasil a crise se reflete nessas medidas, medidas preventivas ao interesse do capital e muito ofensivas aos direitos dos trabalhadores. Então é parte da mesma dinâmica e da mesma submissão ao capital.
Texto: Rafael Balbueno e Fritz Nunes
Foto: Arquivo da SEDUFSM
Assessoria de Imprensa da SEDUFSM