Paulo Freire nomeado patrono da educação brasileira
Publicada em
17/04/12 18h30m
Atualizada em
17/04/12 22h01m
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Homenagem gera questionamentos
O Diário Oficial da União publicou nesta segunda (16) a lei que declara o educador Paulo Freire, patrono da educação brasileira. O projeto de lei foi aprovado no início de março pela Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, em decisão terminativa, por unanimidade.
Qual a importância desse título no contexto da obra de Freire? Para o professor do departamento de Metodologia do Ensino da UFSM, Francisco Freitas, o título coloca em relevo o trabalho de alguém que a obra fala por si mesma. No entanto, ressalta ele, transformar o trabalho de Paulo Freire em “protetor” ou “defensor” da educação brasileira parece mais uma homenagem àquelas pessoas já falecidas, que se transformam em pessoas sem defeitos, mas cujo efeito prático é quase nulo. O professor cita que existem patronos no país para diversas outras áreas e, contudo, vivem arquivados nos anais da História.
Freitas também destaca aspectos contraditórios na homenagem. Segundo ele, existe um número significativo de professores ou educadores e supostos educadores pelo Brasil afora que afirmam que as propostas de Paulo Freire para a educação não são aplicáveis ao ensino formal. O professor da UFSM finaliza questionando: “o que irá alterar na educação do Brasil tendo Paulo Freire como patrono? Será que ele se interessaria por essa honraria?”.
A professora Cristina Rosa, da Faculdade de Educação da Universidade Federal de Pelotas, estudiosa da obra de Paulo Freire, diz estranhar “elogiar alguém pelo que ele não foi. Um professor se faz de sala de aula, de relações de ensino e aprendizagem nela. Isso Freire não foi. Ou não pode ser, pelas circunstâncias políticas, pelas escolhas pessoais, por não ser capaz, por não ter formação. Mas pode ser considerado um educador pelos professores que, inspirados nele, transformaram as suas salas de aula. E, por isso, é merecedor de distinções”, conclui ela.
Educador e filosófo
Paulo Reglus Neves Freire (1921-1997) foi educador e filósofo. Considerado um dos principais pensadores da história da pedagogia mundial, influenciou o movimento chamado pedagogia crítica. Sua prática didática fundamentava-se na crença de que o estudante assimilaria o objeto de análise fazendo ele próprio o caminho, e não seguindo um já previamente construído.
Freire ganhou 41 títulos de doutor honoris causa de universidades como Harvard, Cambridge e Oxford. Foi preso em 1964, exilou-se depois no Chile e percorreu diversos países, sempre levando seu modelo de alfabetização, antes de retornar ao Brasil em 1979, após a publicação da Lei da Anistia.
Texto: Fritz R. Nunes com informações do ANDES-SN
Foto:culturadigital.com.br
Assessoria de Imprensa da SEDUFSM