O dia em que os Kaingangs foram ao cinema SVG: calendario Publicada em
SVG: atualizacao Atualizada em 19/04/12 21h16m
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No Dia do Índio, SEDUFSM leva indígenas para ver “Xingu”

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Saga dos irmãos Villas Bôas é eixo central de "Xingu"

Em referência ao Dia do Índio, a SEDUFSM promoveu na tarde dessa quinta-feira, 19, uma atividade especial. Onze membros da comunidade indígena Kaingang, de Santa Maria, foram ao cinema assistir o filme “Xingu”, de Cao Hamburger. A obra apresenta a história dos irmãos Cláudio (Felipe Camargo), Orlando (João Miguel) e Leonardo (Caio Blat) Villas Bôas. Os irmãos foram protagonistas de uma das mais fascinantes sagas da história brasileira, na não tão distante década de 1940.

Na ocasião, os Villas Bôas partem na Expedição Roncador Xingu e levam o objetivo de desbravar as terras do Brasil Central. O que era, então, para ser apenas uma aventura, acaba por mudar radicalmente a vida de todos. Foram aproximadamente 1.500 km de picadas abertas, 1.000 km de rios percorridos, 19 pistas de pouso abertas, 43 vilas e cidades encontradas, 200 crises de malária e 14 tribos contatadas para, em 1961, fundar o Parque Nacional do Xingu, que já foi a maior reserva ecológica e indígena do mundo e possui dimensões semelhantes às da Bélgica.

Durante essa viagem, os Villas Bôas tomam conhecimento do extermínio dos povos indígenas pelo homem branco, interessado em terras para a agricultura e a pecuária, e começam uma longa batalha pela criação de uma grande área de terra que pudesse abrigar as tribos da região e fosse protegida legalmente da ganância do homem.

Sentados nas poltronas da sala de cinema, a absoluta maioria, pela primeira vez, olhares atentos acompanhavam a história. Segundo Natanael Claudino, cacique do acampamento, um dos pontos mais positivos do filme foi apresentar a interação pacífica e de colaboração mútua entre os índios e os homens brancos. Além disso, Claudino ressaltou o debate levantado sobre a origem das terras. “O filme mostra que não existia terra desocupada, porque os índios já estavam lá”, afirma.

A arte como ferramenta

Para Rondon de Castro, presidente da SEDUFSM, o filme é uma excelente ferramenta de divulgação do descaso com os povos indígenas, principalmente no que se refere a atualidade da obra. “O filme se passa há mais de 50 anos e nós conseguimos perceber os erros cruéis dos governos daquela época, como na construção da Transamazônica, por exemplo, e o impacto disso até hoje. Esperamos, sinceramente, que esse filme nos inspire a pensar nos povos indígenas e no meio ambiente em questões que estão em pauta hoje, como Belo Monte e o novo Código Florestal”, aponta Rondon.

Presente na sessão, que foi aberta ao público, o professor do departamento de Física da UFSM, Luiz Alexandre Schuch, avalia as questões de disputa de terras no mesmo sentido de Claudino. “Eles são os donos”, aponta. Além disso, Schuch ressalta a situação de precariedade vivida pelos indígenas em Santa Maria. “É preciso dar uma atenção maior ao problema. Temos que avaliar bem e ver uma forma de resolver”, conclui.

Assim, com impressões diferentes em cada um, os Kaingangs de Santa Maria deixaram a sala de cinema no final da tarde. É fato que não se tem muito a comemorar pela data, visto que pouco se avançou em políticas públicas para os indígenas desde 1943, quando Getúlio Vargas definiu o 19 de abril como Dia do Índio. A data, contudo, não é suficiente para que fiquem evidentes os direitos desses povos. A data é apenas um dia em uma jornada inteira de luta.

Texto: Rafael Balbueno/Edição: Fritz Nunes
Fotos: Renato Seerig
Assessoria de Imprensa da SEDUFSM

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