Ebserh: sindicato apela à sensibilidade do Consun
Publicada em
26/04/12 19h16m
Atualizada em
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Conselheiros voltam a se reunir nesta sexta, pela manhã
A diretoria da Seção Sindical dos Docentes da UFSM (SEDUFSM) está fazendo um acompanhamento junto aos membros do Conselho Universitário da UFSM em contrariedade à adesão do Hospital Universitário (HUSM) à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). O início desse processo de vinculação se deu na última sessão do Consun, em 26 de março. Em nova reunião, nesta sexta, 27, os conselheiros devem voltar ao tema a partir de posicionamento do reitor, professor Felipe Müller.
Nesta semana, a SEDUFSM enviou correspondência eletrônica aos membros do Conselho em que argumenta a importância de tomarem conhecimento dos argumentos contrários a essa adesão. O sindicato cita como principais preocupações, o rompimento da autonomia universitária, a ameaça aos projetos de ensino, pesquisa e extensão a partir do fato de que a gestão dos hospitais terá interferência externa, e o prejuízo no atendimento à população, em função da possibilidade de que empresas privadas compartilhem a gestão, exigindo o cumprimento de metas, inclusive de rentabilidade.
Além da correspondência por e-mail, a entidade docente vai fazer uma inserção direta junto aos membros do Consun. Nesta sexta, antes da reunião, será entregue uma documentação e um jornal do ANDES-SN com as argumentações contrárias à submissão dos HUs à Ebserh.
Debate dos segmentos
A criação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) foi o eixo da mesa que ocorreu nesta quarta, 25, no auditório da SEDUFSM. O debate foi promovido pelas chapas "Vamos à Luta" que concorre às eleições para o sindicato dos servidores (ASSUFSM), "Trabalho Docente e Compromisso Social na UFSM", chapa concorrente às eleições da SEDUFSM e "Caminhando Contra o Vento", chapa de oposição para o DCE da UFSM.
Representando a 'Vamos à luta" estava o técnico-administrativo Rogério Joaquim da Silva, que saudou a frente unificada dos três setores e, após, trouxe a questão da autonomia universitária, que estaria comprometida pelos governos de Lula e Dilma. O servidor argumenta que a EBSERH vem para demarcar a falência do projeto de universidade que os trabalhadores e estudantes defendem, além de abrir caminho para outras privatizações dentro da UFSM.
O processo crescente de privatização e loteamento das universidades públicas foi destacado pelo professor e presidente da SEDUFSM, Rondon de Castro. Ele lembrou que o impacto que a EBSERH terá não será somente sobre a comunidade universitária, mas sobre toda população dependente dos serviços do HUSM. "Esse modelo que preza pela privatização tende a levar a sociedade à tragédia". Rondon levantou, ainda, o papel que o ensino superior público vem fazendo, que é o de criar um exército de desempregados ou de mão-de-obra para sustentar o Capitalismo.
Reforma Universitária
O estudante de medicina, integrante do Diretório Acadêmico (DAZEF), membro da chapa 2 para o DCE, Rafael Cabral Macedo, trouxe um pouco do processo de surgimento da EBSERH, originária do pacote de reforma universitária proposto e que, não sendo aprovado inteiramente, foi retalhado em pequenas propostas e medidas provisórias. A MP 520, após caducar, transformou-se em projeto de lei e o governo, apesar de não obrigar as universidades a aprovar o PL, pressiona as instituições com a ameaça de que seus hospitais vão à falência, em caso da não adesão.
Rafael falou sobre a intensificação da exploração ao trabalhador que virá com a Empresa, através do aumento da carga horária de serviços e diminuição do salário. Quanto maior a exploração do trabalhador, menos qualidade os usuários da saúde terão. "O trabalhador precarizado do HUSM não vai conseguir dar o máximo de seu trabalho", pontua o estudante. O aclamado Hospital de Clínicas de Porto Alegre foi questionado, sendo trazidos alguns elementos que trazem dúvidas quanto aos serviços prestados pelo local: onde teríamos capacidade para três pacientes, temos um, devido à diferenciação feita entre pacientes públicos e privados, esses últimos demandando muito mais gastos. Com a EBSERH, então, ainda menos leitos serão destinados ao setor público nos hospitais federais.
Outras consequências negativas da implantação da EBSERH levantadas por ele foram a alienação do trabalho, já que cada profissional atuará apenas em sua área, não conhecendo os limites do trabalho de seus demais colegas e integrando uma verdadeira linha de montagem nos hospitais.
Texto: Fritz R. Nunes e Bruna Homrich (estagiária)
Fotos: Bruna Homrich
Assessoria de Imprensa da SEDUFSM