Luiz Carlos Nascimento da Rosa Professor aposentado do departamento de Metodologia do Ensino do CE
Estamos vivendo um momento histórico importantíssimo no contexto da Universidade Federal de Santa Maria. Processos de escolha de gestores públicos e agentes políticos estão se espraiando em vários Centros de Ensino, de forma particular e, na UFSM de maneira geral. Estamos escolhendo vários Coordenadores de Curso, o Centro de Educação, o Centro de Ciências Sociais e Humanas vão escolher seus dirigentes e estaremos, também, elegendo o Magnífico Reitor e Vice-Reitor.
Na condição de Educadores, que trabalhamos no contexto da Formação de professores, ficamos perplexos e muito preocupados quando ouvimos da boca de alguns colegas que estávamos querendo politizar o processo de escolha da Coordenação do Curso de Pedagogia diurno e que, alem disso, teríamos como pretensão a politização do processo de formação dos acadêmicos do curso de Pedagogia. Duas questões nos surgem: é possível existir profissionais de nível superior que acreditem em processos de escolhas de Gestores Públicos que não sejam balizados por escolhas ideológicas e opções políticas? É possível pensar que existam professores que acreditam na neutralidade axiológica da Ciência?
Como usamos a Teoria Política para a análise dos fenômenos sociais, diríamos que quem defende a neutralidade dos processos de escolhas de Gestores públicos e a neutralidade axiológica da Ciência está, de fato, fazendo uma escolha ideológica conservadora e uma opção política reacionária. A formação profissional tendo por base uma opção filosófica e política são fundamentais para que o futuro trabalhador entenda seu mundo de trabalho e sua inserção no contexto geral das práticas sociais. A formação política é uma necessidade histórica para que o ser humano consiga decodificar o modus operandis da sociedade onde vive. A ideologia da neutralidade serve muito bem para todos os processos de exploração e exclusão do sistema do Capital e a reprodução de sua sociedade formada por seres humanos, hegemonicamente, egoístas.
O pensador italiano, Antonio Gramsci, afirmava que a neutralidade da política e a neutralidade axiológica da Ciência são fundamentais para a reprodução da vida egoísta do sistema do capital, pois forma seres humanos para serem governados e outros para governar; forma homo sapiens e homo faber. Para Aristóteles, a política é maior de todas as Ciências, pois é ela que determina o que todas as outras vão fazer.
(Publicado no Diário de Santa Maria de 27.05.2013)