Falta fiscalização à mineração no país, afirmou técnico na UFSM
Publicada em
03/07/19 18h19m
Atualizada em
03/07/19 18h24m
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Milton Carriconde diz que uso de “boa técnica” evita destruição ambiental
Grande parte dos problemas que envolvem a mineração no país, especialmente no que se refere às barragens, tem relação com a insuficiente fiscalização do Estado. E sem uma fiscalização devida, as empresas vão, fatalmente, optar por formas menos onerosas para desenvolver seus projetos. Quem explica é Milton Carriconde, engenheiro de minas formado pela UFRGS e com mestrado na mesma instituição. Ele esteve em Santa Maria no último dia 25 de junho, a convite do programa de extensão em Educação Socioambiental da UFSM. Carriconde, que atualmente é consultor de empresas, falou para dezenas de estudantes, técnicos e professores no Auditório Flávio Schneider, junto ao Centro de Ciências Rurais. O evento foi em parceria com o Grupo de Trabalho de Polícia Agrária, Urbana e Ambiental (GTPAUA) da Sedufsm. O tema abordado por ele foi “Mineração, barragens e impactos socioambientais”.
Carriconde foi questionado, pela assessoria de imprensa da Sedufsm, se já teríamos aprendido lições sobre as tragédias de Mariana (três anos atrás) e de Brumadinho (janeiro deste ano). Para o especialista, o tema das barragens em perigo não está vencido. Isso porque, segundo ele, existem outras construções semelhantes Brasil afora. Mas como evitar novos acidentes? No entendimento de Milton Carriconde, a questão é complexa, pois a tecnologia de barragens de rejeitos foi implementada entre as décadas de 1960 e 1970, e depois houve um distanciamento, inclusive técnico, desse modelo. Tanto que a Vale do Rio Doce, poderosa mineradora responsável pelas barragens de Mariana e Brumadinho, foi buscar uma consultoria da Alemanha para avaliar essas construções, destacou.
O engenheiro formado pela UFRGS não vê como absurda a existência de barragem de rejeitos. Segundo ele, esse tipo de construção é “perfeitamente estável” desde que construída de forma correta, pois ela é adequada para determinado tipo de minério, bem como para certo tipo de rocha e solo, levando-se em conta, também, o tipo de influência externa.
Mineração em terras indígenas
Questionado sobre as falas do presidente Jair Bolsonaro, de que seu governo reduzirá amarras e burocracia para a mineração no país, o que possibilitaria, inclusive, mineração em terras indígenas, Carriconde não vê isso como algo absurdo. Para o especialista, em diversos países acontece a mineração em subsolo de áreas em que habitam povos originários, e estes recebem os benefícios dessa atividade. Carriconde entende que, se usada o que ele qualifica como “boa técnica”, é possível a exploração sem que se destrua o ambiente. Mas, ressalta ele, é preciso que haja fiscalização para que essa “boa técnica” seja empregada. “Ninguém deixa de viajar de avião porque corre-se risco de sofrer algum acidente”, argumentou Milton Carriconde.
Acompanhe a entrevista em vídeo a seguir:
Texto: Fritz R. Nunes
Vídeo e fotos: Ivan Lautert
Assessoria de imprensa da Sedufsm